O Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6 bebida dura para melhor, posto na capital paulista, apresentou queda no mercado doméstico em abril, pressionado pelo recuo dos valores externos do grão. A média ficou em R$ 384,21/saca de 60 kg no mês, com recuo de 2,8% em relação a março e de expressivos 16% frente a abril/18, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de mar/2019). Considerada a menor média desde setembro/2013.
No cenário externo, a desvalorização do arábica segue influenciada pela expectativa de ampla oferta global, especialmente com a aproximação da safra 2019/2020 do Brasil, além de fatores técnicos e da valorização do dólar frente ao Real.
A média dos contratos negociados na Bolsa de Nova York (ICE Futures) em abril foi de 94,07 centavos de dólar por libra-peso, queda de 3,4% em relação a março. O dólar registrou uma média de R$ 3,895, alta de 1,3% no mesmo comparativo.
Segundo levantamento do Cepea, a comercialização da safra 2018/2019 somou de 70 a 90% do volume total produzido em abril. Em março, esse volume era de 70 a 85%, ou seja, pouca evolução. Considerando-se cada região separadamente, o noroeste do Paraná segue com o maior percentual comercializado da safra 2018/2019, cerca de 90% do total produzido. Na Mogiana (SP) e no Cerrado Mineiro, o volume negociado varia de 75 a 85%. Já na Zona da Mata (MG), Garça (SP) e Sul de Minas, a quantidade comercializada está entre 75 e 80% do total colhido na temporada 2018/2019.
Sobre a colheita
Catações pontuais foram iniciadas em todas as regiões produtoras em abril, em especial na Zona da Mata (MG), em Garça (SP) e no noroeste do Paraná. Apenas na última região, houve a colheita de um volume significativo até o final do mês, com 5 a 10% do total esperado para a safra. No restante das regiões acompanhadas pelo Cepea, as atividades devem ganhar ritmo em maio.
Segundo agentes, as chuvas limitaram as atividades de colheita da safra 2019/2020 e prejudicaram um pouco os grãos de alguns cafezais paulistas e mineiros. As chuvas atingiram os cafés já nos terreiros e levaram à queda de grãos mais maduros, porém, apenas uma parcela foi atingida e os especialistas acreditam que o impacto será pequeno.
Os preços domésticos do café robusta também foram pressionados pelos preços externos da variedade em abril. O Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6 peneira 13 acima registrou média de R$ 288,40/saca de 60 kg em abril, queda de 4,8% frente à de março. Para o tipo 7/8 bica corrida, a média foi de R$ 278,56/sc, baixa de 5,2% no mesmo comparativo. Essas médias são, respectivamente, 16% e 16,7% inferiores às de abril do ano passado e também as mais baixas desde novembro/2013.
No cenário externo, o recuo foi atrelado à ampla oferta global, em especial por uma expectativa de boa produção de robusta em 2019/2020 no Brasil, além de fatores técnicos e da valorização do dólar frente ao Real. O contrato Julho/2019 do robusta negociado na Bolsa de Londres (ICE Futures Europe) fechou a US$ 1.407,00/tonelada no dia 30 de abril, queda de 4,4% na comparação com o último dia útil de março.
No Espírito Santo, produtores venderam de 80 a 85% da safra e em Rondônia praticamente todo o café de 2018/2019 foi comercializado. Vale apontar que os menores preços do robusta neste ano também têm dificultado a venda da commodity no Vietnã e na Indonésia, primeiro e terceiro maiores produtores mundiais da variedade, respectivamente. Segundo agências internacionais, os menores valores também podem desencorajar os investimentos neste ano, afetando a produção, especialmente no Vietnã, onde as lavouras foram impactadas por um período de seca entre março e abril.
As informações são do Cepea.