Apesar de não trazer um número para a produção mineira como um todo, o levantamento realizado pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater) e pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais apontou uma redução de mais de 10 milhões de sacas na safra 2021/2022 de café arábica, quando comparada ao ano passado.
A projeção, obtida em pesquisa que considerou cerca de 90% dos municípios produtores do estado, indica um recuo nesta safra na área de abrangência do levantamento, para 17,9 milhões de sacas, de acordo com um dos responsáveis pelo estudo, o coordenador técnico de Cafeicultura da Emater-MG, Julian Carvalho.
“No ano passado, de agosto a outubro, praticamente não choveu nada. A planta busca água no solo para se manter e desenvolver, por isso a seca foi o que mais afetou os cafezais mineiros”, afirmou o coordenador à Reuters.
Com base nos preços do café e na estimativa de quebra de safra, a perda financeira em 2021 seria de cerca de 8 bilhões de reais em valor bruto da produção. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimou, em janeiro, que a safra de arábica em todo o estado de Minas Gerais ficaria em intervalo de 19,5 milhões a 21,8 milhões de sacas, apresentando uma queda de até 43,2% ante a produção de 2020, quando o estado respondeu por cerca de 70% da produção brasileira da espécie.
Segundo o levantamento divulgado pela Emater, 218 municípios relataram a ocorrência de alguma intempérie climática no período de julho a novembro de 2020, mas em alguns municípios ocorreu mais de um fenômeno climático.
55,9% dos municípios foram atingidos por déficit hídrico e 42,5% sofreram impactos das altas temperaturas médias. Também foi observada a ocorrência de granizo (9,3%) em 30 municípios. A safra de 2021 já seria menor devido aos efeitos da bienalidade negativa do arábica, mas a seca aprofundou as perdas. O levantamento apontou que em 20,8% dos municípios consultados, mais de 150 produtores em cada local tiveram suas lavouras afetadas pelo clima.
Por conta disso, verificou-se também que em 62,8% dos municípios consultados, a intensidade da queda das folhas variou de média a alta. “Nessas lavouras estima-se que poderá ocorrer perdas significativas de produtividade na safra a ser colhida em 2021 e até mesmo em safras futuras”, disse Julian.
O estudo também apontou que, em 73,1% dos municípios que relataram perdas, a frutificação foi comprometida com intensidade de média a alta, e que uma parcela de 34,8% dos cafeicultores não tiveram suas lavouras afetadas pelas intempéries climáticas.
As informações são da Reuters.