Na semana passada, a Região Cerrado Mineiro apresentou o resultado no 9º Prêmio Região do Cerrado Mineiro, em evento realizado em Uberlândia, no Palácio de Cristal.
“A nossa bandeira da Região do Cerrado Mineiro, que é a primeira Denominação de Origem para cafés do Brasil, está sendo hasteada cada dia mais alta, porque a visibilidade do nosso café atinge níveis mais altos por meio de uma procura maior pela sua qualidade e sua responsabilidade em produzir café social e ambientalmente correto”, avaliou Francisco Sérgio de Assis, presidente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado durante a noite de premiação.
O evento contou com atores da cadeia do café, bem como de representantes políticos que prestigiaram o momento, como a Secretária de Agricultura de Minas Gerais, Ana Valentini, e o Deputado Federal, Zé Vitor.
O resultado está relacionado ao novo posicionamento do Prêmio Região do Cerrado Mineiro, que apresentou, como uma de suas inovações, a intercooperação. Assim, as sete cooperativas do sistema: Carmocer, Carpec, Coocacer, Coopadap, Coagril, Expocaccer, monteCCer; com o apoio das seis associações ligadas à Federação dos Cafeicultores do Cerrado: ACARPA, ACA, Assogotardo, Assocafé, Amoca e Appcer, mobilizaram seus cooperados para envio das amostras nas categorias cereja descascado, natural e na categoria estreante, a fermentação induzida.
Na categoria fermentação induzida, o vencedor foi o cafeicultor Agilmar Ferreira Pinto, da cidade de Patrocínio (MG), filiado à Expocaccer. Agilmar produziu um café com 89,25 pontos em qualidade e teve seu produto batizado como “Infância no Cerrado” devido ao sabor e aroma de frutas como mamão, cajá-manga, milho e pamonha, melaço, açúcar mascavo e licor. “Foi uma surpresa receber este prêmio, eu não esperava e estou muito feliz, pois é a recompensa de um ano inteiro de trabalho”, declarou o vencedor.
A cafeicultora Sheyla Velloso Heitor ficou com o segundo lugar, apresentando um café de 87,32 pontos, produzido em fazenda em Patos de Minas. A produtora, também filiada à Expocaccer, teve seu café batizado por “Fruta de Alambique” pelas suas notas florais, de frutas, açúcar mascavo e alcoólico.
O terceiro lugar ficou para Marcelo Assis Nogueira. O café de 86,93 pontos, produzido em Campos Altos, foi nomeado como “Dose de Mé” pelas notas florais, de frutas, mel e vinho tinto e foi bastante celebrado pela sua cooperativa, a Carmocer.
Na categoria cereja descascado, o vencedor foi Ricardo dos Santos Bartholo, com 89,18 pontos, produzido em fazenda de Patrocínio. O cafeicultor, que é cooperado da Expocaccer, conquistou o prêmio com um lote de café orgânico, sendo a primeira vez que um café deste sistema de produção se classifica na iniciativa. Pelas notas florais, frutadas coco queimado, mel e baunilha, o café vencedor recebeu o nome de “Pina Colada”.
“Consegui o selo de café orgânico neste ano. Eu era um produtor de café convencional que foi migrando aos poucos para este lado. O produtor é um cuidador de planta e, por isso, busquei compostos orgânicos, tentando trazer a microbiota da floresta que dá resistência à planta, de volta, algo que deu resultado. Nesta safra saiu o meu selo de café orgânico e, para minha felicidade, este lote de café orgânico foi o escolhido como melhor café na categoria Cereja Descascado da Região do Cerrado Mineiro”, comemora Bartholo.
O segundo lugar foi conquistado por Jorge Fernando Naimeg, também cooperado da Expocaccer, com um café de 88,61 pontos produzido em Coromandel. Os grãos foram denominados “Chá das Cinco”, pelas notas florais de erva doce, cidreira, mel e cana de açúcar.
Ele foi seguido na premiação do terceiro lugar por Bioma Café, empesa filiada à Carpec, com café produzido em Campos Altos, cuja bebida atingiu 87,71 pontos e foi batizado como “Cuía de Tererê” pelas notas florais, de especiarias e ervas aromáticas.
Categoria natural
A última categoria apresentada foi a natural e o prêmio foi para Danilo Barbosa. Produtor com fazenda em Coromandel, filiado à Expocaccer, seu café atingiu 89,86 pontos em qualidade e recebeu o troféu cercado por seus familiares, os quais celebraram também a conquista do terceiro lugar na mesma categoria com o café de seu filho, Vitor Marcelo Queiroz Barbosa. Vitor alcançou 88,79 pontos em qualidade, com o café produzido em Carmo do Paranaíba, e contou com o apoio da Carpec na inscrição de sua amostra.
O café vencedor foi batizado como “Tacho de Engenho”, pelas notas florais, frutadas, de rapadura, doce de leite, cana-de-açúcar e garapa. “Compartilho a minha enorme satisfação pelo resultado do prêmio e pela conquista do primeiro lugar. Todos os competidores são verdadeiros campeões e isto valorizou muito o resultado. Agora, a responsabilidade de todos nós é produzir cafés cada vez melhores para um consumidor cada vez mais exigente”, declarou o campeão. O café de Vitor Marcelo recebeu o nome de “Doce de Corte” com notas de papaya e pêssego, flor de laranjeira, melaço, garapa e doce de leite.
O segundo lugar na categoria ficou para Eduardo José da Silva, que produziu um café de 88,89 pontos em Arapuã. Eduardo também cooperado da Carpec. Seu café recebeu o nome de “Mel Silvestre”, com notas de rapadura, melaço, mel, caramelo e chocolate ao leite.
Leilão ao vivo
Ocorreu um leilão com a participação dos finalistas do 1º ao 10º lugar na categoria Natural, 1º ao 5º na categoria Cereja Descascado e 1º ao 3º na categoria Fermentação Induzida.
A a organização do Prêmio reuniu 25 compradores nacionais e internacionais para arrematar, na presença dos produtores, os melhores lotes produzidos pela Região em 2021, tendo como arrematantes as seguintes empesas: Carmo Coffees, EISA, Café Excelsio, 3Corações, Grano, LDC – Louis Dreyfus, Voiter, Velloso Green Coffee, MCC Coffee, Volcafé, Stockler, Sucafina, Olan, Capricorn, Nutrade, Café Cajubá, Carpec, Aequitas, Expocaccer e Cafebras.
Ao todo, o leilão ao vivo movimentou R$ 1.091.200,00 milhões de reais, com média de preço de R$ 14.549,33 reais por saca, alcançando um recorde histórico que marca a nona edição. O maior lance da noite foi de R$ 55 mil reais, arrematado pela cooperativa Expocaccer, seguido do lance de R$ 52 mil reais para o lote de duas sacas ofertado pela Cafebras, ambos os lotes pertencem ao campeão da categoria Cereja Descascado, Ricardo dos Santos Bartholo.
Em relação à oitava edição em 2020, o leilão apresentou aumento de 300% do faturamento. O lote, antes recordista na edição de 2020, produzido por Jorge Naimeg, foi arrematado por R$ 20.717,00 mil reais, havendo um aumento de 250% do valor para a edição de 2021. Dados que fazem desta edição histórica, uma vez que o preço da saca de café mais cara arrematada no leilão, representa 40 vezes valor maior do que o preço de mercado atual e, em termos de preço médio de venda, 10 vezes superior.
O Prêmio Região do Cerrado Mineiro reserva um momento para destacar ações de envolvimento com o meio ambiente e com a comunidade, promovendo o desenvolvimento da Região, por meio de dois reconhecimentos: o Troféu Ético e Rastreável e o Troféu Escola de Atitude.
Nesta edição, o Troféu Ético e Rastreável, que reconhece as boas práticas agrícolas entre as propriedades finalistas foi conquistado pelo projeto que teve como iniciativa preservar, melhorar e recuperar os recursos hídricos naturais em uma estrutura de longo prazo visando os três pilares da sustentabilidade, o qual é executado na Fazenda Santa Bárbara, em Monte Carmelo, pelos produtores Juliana e Rafael Ramos Tomás, cooperados da monteCCer.
Já o troféu Escola de Atitude foi conquistado pela Escola Estadual Sizenando Amaral de Educação Especial, cujo projeto foi inscrito pela cooperativa Carpec, em Carmo do Paranaíba, e tem como objetivo promover a importância da estimulação sensorial em alunos com deficiência intelectual e múltipla.
As informações são da Federação dos Cafeicultores do Cerrado.