Por Gabriela Kaneto
O café é uma das bebidas mais consumidas em todo o globo. Mesmo com a pandemia de Covid-19 que afetou os países principalmente entre 2020 e 2021, o grão continuou sendo apreciado por diversas faixas etárias. A mudança significativa foi vista em como as pessoas passaram a degustá-lo.
Este foi um dos assuntos debatidos no primeiro dia de Semana Internacional do Café, principal evento brasileiro do setor que começou na última quarta-feira (10) e acontece até a sexta (12). O painel “O que impactou a pandemia no consumo de café - Mudanças de comportamento” contou a presença de Rodrigo Mattos, analista de bebidas quentes da Euromonitor International, e James McLaughlin, CEO e presidente da Intelligentsia Coffee, dos Estados Unidos.
Mediado por Vanusia Nogueira, diretora-executiva da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), o bate-papo começou com James compartilhando suas experiências sobre a mudança de consumo dos norte-americanos. De acordo com ele, com o fechamento dos estabelecimentos durante a pandemia, o público passou a apreciar a bebida em casa, dando preferência aos métodos mais práticos. “Descobrimos que uma boa alternativa de praticidade era o café pronto para beber”, contou.
O empresário também relatou que, antes da pandemia, o forte consumo se dava em bairros empresariais. Hoje, mesmo com as pessoas voltando a frequentar cafeterias e restaurantes, o movimento maior continua sendo nos bairros residenciais. “Cada vez mais consumidores nos Estados Unidos pagam por serviços semanais de entrega de café”, apontou.
Em sua cafeteria, a Intelligentsia Coffee, James apostou em canais de comunicação para educar os consumidores a como preparar e consumir bons cafés em casa durante o período de isolamento. Ele acredita que mesmo com as vendas voltando a crescer semana após semana, o ato de tomar café no lar veio para ficar.
Aqui no Brasil, o cenário não é muito diferente. Rodrigo Mattos destacou que apesar da retomada, ainda estamos longe de recuperar o que perdemos em 2020. Porém, a boa notícia é que o mercado brasileiro é um dos que possuem maior perspectiva de crescimento nos próximos anos.
O analista de bebidas quentes da Euromonitor International mostrou que a preferência atual do público nacional é por produtos que respondem à necessidade de comodidade. Em sua apresentação, Rodrigo explicou que os cafés solúveis, torrado & moído e, principalmente, o café em grãos apresentam uma tendência de alta para 2022.
Além da praticidade, outro ponto destacado foi a sustentabilidade. Segundo Rodrigo, o consumidor brasileiro está cada vez mais consciente, optando por produtos que tenham impacto socioambiental, desde a produção até as embalagens. Algumas tendências são as cápsulas biodegradáveis e compostáveis, e as latas de alumínio fáceis de reciclar. “A sustentabilidade tem que ser feita em todos os elos da cadeia”, disse.