Uma safra abundante de café ajudará a Índia a recuperar o terreno perdido nas exportações em meio a temores de uma escassez global e preços mais altos provocados por uma quebra de safra no Brasil, o maior produtor de café do mundo.
A Índia exporta mais de 70% de sua produção de café. O preço dos futuros do café arábica, uma referência global, atingiu a maior alta em sete anos, US$ 2,07 por libra no final de julho, com geadas severas atingindo as plantações de café no Brasil, que já esperava uma safra mais baixa devido à bienalidade. Embora os preços tenham caído para cerca de US$ 1,76 por libra, eles ainda estão 40% mais altos do que no início do ano.
A produção de café da Índia foi 12% maior, para 334 mil toneladas em 2020/2021, de acordo com dados do Coffee Board. Quase 70% da produção indiana é de canéfora (robusta), que aumentou 11% em relação ao ano anterior, atingindo 235 mil toneladas. A produção da safra de arábica estagnou na faixa de 90 mil a 100 mil toneladas.
Os preços do canéfora (robusta) subiram em conjunto com os preços do arábica em julho, ultrapassando a marca de US$ 2.000 por tonelada. Ele oscila em cerca de US$ 1.770 por tonelada no momento.
“Se os preços continuarem altos, será um bom ano para as exportações de café indiano. Já enviamos mais café do que no ano passado, que foi ruim para o setor com o surto de Covid-19”, disse Ramesh Rajah, presidente da Associação de Exportadores de Café.
As exportações de café da Índia aumentaram 10%, para 226.177 toneladas, no período de 1º de janeiro a 5 de agosto em relação ao ano anterior. Na Europa, principal destino das exportações do café indiano, o consumo fora de casa foi duramente atingido pela pandemia em 2020. Itália, Alemanha e Bélgica são os três maiores compradores.
“Mais cafés estão abrindo e a situação está melhorando gradativamente nos países europeus. O governo tem como meta US$ 1 bilhão em exportação de café, o que é difícil. Alcançamos cerca de US$ 750 milhões em 2020”, disse Rajah.
As exportações de café da Índia caíram 12% em 2020, para 306.387 toneladas, uma das mais baixas dos últimos tempos. No entanto, o aumento do frete e a falta de contêineres vazios continuam preocupando os exportadores, embora a situação não seja tão ruim quanto no ano passado. De acordo com alguns exportadores, os fretes do Vietnã e da Indonésia para a Europa, dois grandes produtores de café robusta, são mais altos do que na Índia.
Os cafeicultores estão mantendo seus estoques, esperando que os preços subam ainda mais. “Tornou-se difícil obter grãos de café para processamento e exportação nos mercados mundial e doméstico. Embora haja uma escassez de grãos de arábica, os produtores de canéfora não estão vendendo muito na expectativa de preços mais altos”, disse N. Sathappan, diretor da SLN Coffee, com sede em Coorg.
Com disponibilidade insuficiente de arábica, os blenders podem usar mais canéfora, o que pode ser bom para os países asiáticos. O estoque de arábica da Índia praticamente acabou, enquanto os produtores ainda seguram o canéfora, que podem lançar conforme os preços subirem.
“Esperamos uma safra maior de robusta no próximo ano também, já que as plantações têm recebido boas chuvas de verão”, disse T.T. John, membro do Coffee Board. “Se não houver chuvas fortes durante esta monção, a produção de robusta pode aumentar 15%”, comentou.
Os produtores esperam que os preços do café permaneçam altos no curto a médio prazo, uma vez que a produção ficará atrás do consumo. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) prevê que a produção mundial de café para 2021/2022 cairá 11 milhões de sacas (cada saca de 60 kg), para 164,8 milhões, devido ao efeito combinado do período de entressafra do ciclo de produção bienal e clima adverso no Brasil.
O USDA previu que o consumo global de café aumentará 1,8 milhão de sacas, para 165 milhões de sacas, com os maiores ganhos da União Europeia, dos Estados Unidos e do Brasil.
As informações são do Money Control. Tradução Juliana Santin.