Há mais de 15 anos com o objetivo de implementar o programa Nespresso AAA Qualidade Sustentável na cultura do café no Brasil, a parceria entre o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) e a Nespresso, que há dois anos começou a focar ações na difusão e implementação de práticas de agricultura regenerativa, acaba de ganhar um novo capítulo.
O projeto, em conjunto com a Rainforest Alliance e a GIZ, busca apoiar a escalada da transição para uma cafeicultura regenerativa e inteligente para o clima no país, além de reconhecer os produtores por suas contribuições positivas para a biodiversidade, conservação e mitigação e adaptação climática, por meio de assistência técnica, capacitação e relações comerciais estáveis.
No Brasil, a meta da iniciativa é visitar mil propriedades nos estados de Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo ao longo dos próximos três anos. O Imaflora vai conduzir, em campo, as atividades em mais de 300 propriedades. O planejamento começou a ser realizado em abril deste ano. Em agosto, o Instituto deu início aos trabalhos, com término previsto para março de 2024. O projeto é financiado pela GIZ e pela Nespresso, tendo como implementadores o Imaflora, a Rainforest Alliance e a Federação dos Cafeicultores da Colômbia (FNC).
“É gratificante participar de projetos e parcerias como essa, que buscam fomentar o acesso a Agricultura Regenerativa e tornar sua introdução um caminho mais viável para os produtores em diferentes escalas. Acreditamos que, desde a colaboração com a Nespresso na elaboração de seu programa AAA, e, agora, na evolução para implementação desse novo ciclo, conseguimos gerar ações com mais assertividade para a criação de impactos positivos e resultados nas etapas das práticas regenerativas”, explica Yuri Feres, Diretor da Rainforest Alliance.
Entre as ações, destaca-se a avaliação das propriedades com base na ferramenta Regenerative Coffee Scorecard, da Rainforest Alliance, que classifica as propriedades de acordo com as práticas regenerativas adotadas, utilizando os níveis ouro, prata e bronze, sendo que a meta é que as propriedades atinjam o nível bronze. Outros focos são o treinamento de agricultura regenerativa e direitos humanos com base na legislação brasileira para contratação, e a capacitação de 750 produtores e 50 técnicos por meio de um programa de desenvolvimento.
O Imaflora irá contribuir diretamente com ferramentas para a execução da agricultura regenerativa, garantindo padrões de critérios mínimos em consonância com a Regenerative Coffee Scorecard e os treinamentos com os técnicos. “Nós acreditamos nesta parceria de longo prazo, principalmente porque ela promove alternativas aos produtores para melhorar a rentabilidade de forma responsável, ao mesmo tempo em que incentivamos a conservação da biodiversidade e a melhoria das condições de trabalho. Apostar na agricultura regenerativa e apoiar parceiros com iniciativas como essa faz parte de nossa atuação”, diz Oséias Mendes da Costa, Coordenador de Projetos do Imaflora.
Práticas regenerativas
O Imaflora atua em parceria com a Nespresso há mais de 15 anos, trazendo suporte especializado ao Programa Nespresso AAA de Qualidade Sustentável, que visa a sustentabilidade da cadeia produtiva de café. São avaliadas questões ambientais e sociais, de acordo com critérios específicos para essa cadeia. “Para Nespresso, a agricultura regenerativa se define como uma agricultura lucrativa com soluções baseadas na natureza, possuindo como princípios a cobertura do solo o tempo todo e a redução de dependência de insumos internos. Dentro dessa definição, não podemos deixar de citar os pilares, que são (I) solo saudável, (II) biodiversidade, (III) carbono e (IV) água” conclui Cecilia Seravalli, Gerente de Sustentabilidade da Nespresso Brasil.
O trabalho do Imaflora com a Nespresso reforça, junto aos produtores, práticas regenerativas como arborização do cafezal, uso de plantas de cobertura e de produtos biológicos e compostagem, além do incentivo ao cultivo de variedades resistentes. “Ao capacitar os fornecedores para a adoção de práticas como essas, atuamos pela contribuição para a manutenção da saúde dos solos, com impacto ainda na quantidade e qualidade da água da propriedade e todo o seu entorno, na biodiversidade da região. Além disso, dar escala à agricultura regenerativa é fundamental para a recuperação de áreas degradadas e aumentar o sequestro de carbono da nossa agricultura”, complementa Oséias.