Honduras também enfrenta dificuldades na produção de arábica desse ano, o que deve diminuir ainda mais a oferta global de café a longo prazo. Lembrando que, as previsões para a produção brasileira também são baixas, já que o arábica sofre com a bienalidade negativa e as mudanças climáticas podem prejudicar os grãos.
Em entrevista ao Notícias Agrícolas, Omar Funez, Secretário-Geral do Consejo Nacional del Café (Conacafe), relembra os dois furacões que atingiram a região no ano passado, comprometendo não apenas a distribuição do café hondurenho, mas todo setor de logística.
Três meses depois da passagem do fenômeno, Omar destaca que os danos para a produção chegam a um milhão de sacas, levando em consideração que o produtor observou uma incidência maior de doenças, consequência do excesso de água nas lavouras. O Conacafe observa ainda que os níveis de ferrugem no país estão, neste momento, com alerta de incidência denominados como amarelo, laranja e vermelho, levando em consideração o nível de cada produtor.
"Afetou a produção exportável. Houve uma redução direta de 160 sacas de 46 kg, mas indiretamente, devido ao aumento da incidência de ferrugem, falta de mão de obra e grãos danificados, o impacto é de 1 milhão de sacas de 46 kg. A previsão inicial era de 8,2 milhões de sacas e em janeiro fizemos um ajuste para 7,2 milhões de sacas para exportação", explica Omar.
Em relação aos problemas logísticos, o secretário afirma que o governo trabalha em um projeto de recuperação da área rural de Honduras. "Os danos causados são significativos. Estamos trabalhando em um plano de reconstrução das estradas rurais, obras de drenagens e pontes, mas isso deve demorar cerca de seis anos", comenta.
Omar explica que 55% da área já foi colhida e os trabalhos estão cerca de 35 dias atrasados no campo. É importante ressaltar que Honduras, além dos problemas climáticos, enfrenta, desde o ano passado, um problema econômico social, com parte da população indo para outros países, limitando a mão de obra na colheita do café.
De acordo com dados levantados pela Pharos Consultoria, liderada por Haroldo Bonfá, cerca de 8 mil hondurenhos entraram na Guatemala em 15 de janeiro, fugindo da pobreza e violência causadas pela pandemia e pelos dois furacões que atingiram o país em novembro.
Exportação
Tradicionalmente Honduras sempre representou a maior parcela dos estoques certificados na ICE. O mercado observa, no entanto, essa participação diminuir a cada mês. Segundo dados da Pharos, em comparação com o mês passado, Honduras registrou uma baixa de pouco mais de 2% nos estoques, representando, assim, 47,99% do volume total. Quando comparado com o período de um ano, a diferença é ainda mais expressiva. No dia 20 de janeiro de 2020, Honduras representava pouco mais de 70,03% dos estoques certificados.
Comparando os dados com a participação do Brasil, os números são positivos para o maior produtor de café do mundo. Há pouco mais de um ano, a participação do Brasil era apenas de 0,05%, mas atualmente os gráficos da Pharos mostram o Brasil como segundo produtor que mais abastece a ICE, com 39,92% (669 mil sacas), contra 804 mil sacas de café hondurenho.
O resultado é reflexo da produção em alta escala, mas principalmente do produtor capitalizado que consegue fazer os investimentos necessários para conseguir atender as exigências da ICE. Os números levantados pela consultoria mostram ainda o reflexo da baixa nas exportações Honduras.
Em janeiro de 2021 foram exportados 17,8% a menos do que no mesmo período em 2020. Questionado sobre as baixas nos estoques, Omar afirma que é um reflexo natural do mercado, levando em consideração uma produção em menor escala e o excesso de chuvas que acabam comprometendo também a qualidade do café.
Segundo Haroldo, dentro das condições atuais do principal produtor do mundo (Brasil) e em outros países produtores, o mercado teria fundamentos para registrar alta, mas os volumes de exportação que o Brasil vem registrando nos últimos meses acaba limitando a valorização do café na Bolsa.
Levantamento feito pela Pharos Consultoria, liderado pelo analista de mercado Haroldo Bonfá, destaca que o mercado já se preparada para o segundo semestre de 2021. Com uma oferta limitada e preços mais altos, a tendência é que o mercado consuma esse estoque já sendo preparado pela ICE. Vale lembrar que em 2020, o que motivou a mudança no consumo foi a pandemia do Coronavírus. Com as incertezas sobre os embarques, importantes polos consumidores como Europa e Estados Unidos passaram a fazer uso dos cafés que já estavam disponíveis, indicando assim um cenário confortável para o consumo de café mesmo com lockdown acontecendo mundo afora.
As informações são do Notícias Agrícolas.