Por hEDGEpoint Global Markets
Em seu último relatório de café, a hEDGEpoint, empresa especializada em inteligência de mercado, consultoria, gestão de risco e soluções de hedge para a cadeia de valor global de commodities, trouxe para discussão a avaliação da safra brasileira de café pela Conab e estoques da GCA.
Primeiro, em relação à Conab: a agência divulgou o primeiro relatório de safra 2023/2024, com arábica em 37,4 milhões de sacas, um aumento de +14% em relação ao ano anterior, e canéfora em 17,5 milhões de sacas (-4% em relação ao ano anterior). Para o canéfora, a queda está em linha com o esperado (-6%), embora o número em si fique aquém do potencial da safra no Brasil (20,8-22,3 milhões de sacas).
Quanto ao arábica, o relatório da Conab saiu na faixa inferior das estimativas do mercado, embora os números sejam sustentados por maior área produtiva (+4%) e menor participação de áreas em formação (-15%), embora a medida ainda seja superior anterior aos níveis pré-stress hídrico. Com isso, o percentual de áreas produtivas no total aumentou, de 80% para 83%, o que corrobora a visão de maior produção.
A Conab adverte que as temperaturas baixas consistentemente durante o inverno de 2022, embora não suficientes para provocar geadas, causam estresse nas árvores. Em conjunto às tempestades de granizo e pouca luz solar em algumas áreas, a agência acredita que o potencial de recuperação é limitado. Porém, o mercado não respondeu a esta expectativa, visto que a maioria dos agentes espera uma safra de arábica acima de 40 milhões de sacas.
Do lado da demanda, os estoques da GCA para dezembro foram divulgados em 17 de janeiro. Os estoques ficaram em 6,38M scs, variação de -0,2% em relação a novembro, bem dentro da média esperada para o período, marcando o resultado como neutro.
Considerar padrões ao falar sobre estoques é vital para construir uma lógica sobre os marcadores de consumo, e os dados das importações são igualmente essenciais. As importações de café dos Estados Unidos aumentaram 0,2% a/a no ciclo 2022/2023, iniciado em outubro de 2022. O cenário macroeconômico desafiador tem sido um ponto baixista para o café -- gerando pressão de venda por parte dos fundos -- e isso se mostrou um pouco mais desafiador para a demanda no último trimestre de 2022, mas esperamos que a tendência se recupere ao longo de 2023, terminando o ciclo 22/23 com crescimento de 2%.