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Fundação Procafé: Síntese do mercado cafeeiro no mês de Junho de 2023

POR EQUIPE CAFÉPOINT

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 10/07/2023

6 MIN DE LEITURA

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No mês de junho/2023, as cotações do arábica na ICE Futures US (Bolsa de Nova Iorque), que logo em seu primeiro dia fecharam em 180,25 cents/lb, para depois, no dia 8 de junho, esbarrar nos níveis de 190,00 cents/lb, encerraram o mês abaixo de 160,00 cents/lb, portanto, mais um mês baixista para o café arábica. Já na ICE Futures Europe (Bolsa de Londres), o mês de junho/2023 iniciou-se com fechamento em USD 2.567,00/ton logo em seu primeiro dia, para depois alcançar os níveis recordes próximos de USD 2.800,00/ton e, então, encerrar o mês em USD 2.491,00/ton. Os motivos destes movimentos nas principais Bolsas de café do mundo, a seguir…


No mês de junho/2023, as negociações de café na Bolsa de Nova Iorque encerraram o mês abaixo de 160,00 cents/lb, patamar que, desde janeiro/2023, vinha sendo sustentado, em especial, pelo aperto na oferta de curto prazo. Na medida em que os cafés da safra brasileira 2023/24 vão sendo colhidos, a curva de preços vai se inclinando cada vez mais, haja vista que, pela percepção do mercado, o aperto na oferta de curto prazo, vivenciado no primeiro semestre deste ano, começa a se distanciar. Dentre os poucos fatores que sustentaram o mercado no mês de junho, é possível observar o seguinte: 

Relacionado aos fundamentos, como posto na Síntese do mês passado, dentre as estimativas de safra publicadas recentemente pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, o USDA, para o próximo ciclo (2023/24), dos oito maiores produtores do mundo, apenas dois terão quebra em sua produção total, sendo estes decréscimos relacionados ao robusta: 

- Indonésia, 4º maior produtor de café do mundo, sendo o 3º maior para café robusta: Em relação à última estimativa para a safra 2022/23, publicada em dezembro de 2022, houve um ajuste positivo de 4,8%, deixando de ser 11,35 milhões de sacas para a atual previsão de 11,9 milhões de sacas. Para a safra 2023/24, a previsão é de 9,7 milhões de sacas, o que representa uma redução de 18% em relação ao ciclo anterior. A produção de arábica do país deve permanecer próxima da estabilidade saindo de 1,4 (2022/23) para 1,3 milhão de sacas (2023/24). Já a produção de robusta, terá uma queda de 20%, saindo de 10,5 (2022/23) para 8,4 milhões de sacas (2023/24). 

- Índia, 8º maior produtor de café do mundo, sendo o 5º maior para café robusta: Em relação à última estimativa para a safra 2022/23, publicada em dezembro de 2022, o USDA não procedeu com ajustes, permanecendo em 6,24 milhões de sacas. Para a safra 2023/24, o USDA aponta que, de acordo com o FAZ Mumbai (Serviço Estrangeiro de Agricultura de Mumbai), a previsão é de 5,81 milhões de sacas, o que representa uma redução de 6,9% em relação ao ciclo anterior. A produção de arábica do país deve permanecer próxima da estabilidade saindo de 1,32 (2022/23) para 1,23 milhão de sacas (2023/24). Já a produção de robusta, terá uma queda de 6,9%, saindo de 4,92 (2022/23) para 4,58 milhões de sacas (2023/24). 

Por se tratar de países cujo maior percentual de produção é de café robusta, a redução na safra 2023/24 destas duas origens somadas à quebra de 5% na safra brasileira 2023/24 de robusta e à revisão baixista para a safra 2022/23 do Vietnã, dá base à sustentação das cotações na Bolsa de Londres, que seguem em altos níveis, apesar de ter tido um mês de correção técnica baixista, algo natural após o intenso movimento de alta que elevou as cotações a patamares recordes. Além disso, esses dados reforçam o sentimento de aperto na oferta de café robusta, estreitando cada vez mais o diferencial de preços entre o robusta e o arábica, cujas conjunturas relacionadas aos fundamentos, atualmente, se mostram opostas: arábica (Bearish = Baixista) vs. robusta (Bullish = Altista). Agregado a essas informações, frente aos elevados preços dos últimos anos, uma alternativa para indústrias foi buscar por cafés mais baratos, tal como o robusta, o que consequentemente vem ocasionando uma redução nos níveis de estoque desta espécie de café. Para se ter melhor noção, os estoques certificados na Bolsa de Londres já começam a registrar quedas significativas, com volume próximo de 1,23 milhão de sacas. Com isso, atualmente, o diferencial entre o arábica (Nova Iorque) e o robusta (Londres), que há um ano encontrava-se em torno de -130,00 cents/lb, encontra-se abaixo de -50,00 cents/lb. Produtores de robusta devem aproveitar esta valorização para fazer margem, pois este cenário altista pode ser amenizado na medida em que a safra vietnamita 2023/24 se aproximar, em outubro. 

A valorização do café robusta é um fator que vem atenuando quedas ainda mais intensas para o arábica uma vez que a quebra na produção mundial do robusta afeta a oferta como um todo. Além disso, na medida em que os cafés robustas se tornam mais caros e os arábicas mais baratos, há uma tendência de as indústrias começarem a alterar a composição de seus blends, reduzindo a procura por robustas e elevando a procura pelos arábicas. Neste caso, um velho e conhecido modelo de determinação de preços num mercado deve entrar em ação, a Lei da Oferta e Demanda. 

Apesar de dados recentes da OIC apontar queda pela demanda de cafés lavados e finos, com redução no fluxo de exportações tanto colombianas como brasileiras nos últimos meses, motivada pela busca dos compradores por alternativas de preços mais baixos, isto é, por cafés de menor qualidade, para reduzir custos e manter suas margens de lucro, um fator que pode-se considerar interessante para os cafés lavados e finos brasileiros, é a revisão baixista do USDA para a safra colombiana 2022/23. Apesar de um incremento de 300 mil sacas na safra colombiana 2023/24, uma revisão dos números da safra colombiana 2022/23 aponta uma correção de -1,3 milhão de sacas em relação à estimativa anterior, publicada em dezembro/2022, o que tende a amenizar a queda dos preços de cafés lavados e finos e, muito provavelmente, gerar oportunidades para os cafés brasileiros de melhor qualidade. 

De um modo geral, dados do último relatório de mercado e comércio de café do USDA, publicado em junho, apontam um superávit mundial de 4,3 milhões de sacas para o ciclo 2023/24. Apesar do superávit apontado pelo USDA para o ciclo 2023/24, a relação estoque/consumo deve permanecer praticamente inalterada, com leve redução, em função do incremento na demanda. Isso pode ser visto como um fator de alta ou, melhor dizendo, um fator de amenização de baixas ainda mais intensas. 

Ainda relacionado aos fundamentos, como fator de sustentação, o Rabobank revisou sua previsão de déficit de café para o ciclo 2022/23, reduzindo a para -6,4 milhões de sacas, com uma supressão de 3,6 milhões de sacas na produção, estimando a safra total em 164 milhões de sacas. 

Até meados do mês de junho, as cotações do café na Bolsa de Nova Iorque conseguiram se manter acima do suporte de 180,00 cents/lb. Nas duas primeiras semanas do mês, as cotações do café arábica encontraram sustentação em uma perspectiva macroeconômica favorável, na valorização do robusta e, ainda, na desvalorização do Dólar dado que nas principais Bolsas de café do mundo, a moeda de negociação é o Dólar. Com sua desvalorização, os preços tendem a ficar mais atraentes para a ponta compradora nas Bolsas, sendo que interesse maior de compra gera estímulo altista (nas Bolsas). Além disso, a desvalorização cambial impacta negativamente nos preços do mercado físico, o que acaba retraindo a oferta e, consequentemente, dando suporte às cotações. Na tabela de cotações da primeira página desta Síntese, é possível notar que o Dólar, no mês de junho, se aventurou abaixo de R$ 4,70, e depois acabou se reestabelecendo dentro do intervalo de R$ 4,80 a R$ 4,90. Leia a Síntese completa aqui.

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