A cidade de Campinas (SP) foi palco do II Fórum Mundial de Produtores de Café 2019. Entre os dias 10 e 11 de julho, aproximadamente 1500 pessoas puderam participar de palestras e debater sobre temas como novas maneiras para melhorar preço, sustentabilidade, conhecimento do produtor e do consumidor.
No primeiro dia ocorreram palestras com nomes consagrados do mercado, como Nathan Herszkowicz, Carlos Brando, José Marcos, José Dauster Sette, Roberto Velez Vallejo, Jeffrey Sachs, Annette Pensel, entre outros, que abordaram, em seus painéis, temas como: O mercado como instrumento de proteção à renda dos produtores; Formulação de preço do café: Transparência da semente à xícara; Promover e aumentar o consumo; Resultados do estudo de sustentabilidade econômica do prof. Jeffrey D. Sachs.
O que se pôde perceber foi a preocupação em encontrar um denominador comum sobre soluções para os baixos preços do café, além da importância de unir toda a cadeia através de planejamento e transparência nos dados, focando no produtor e consumidor.
No segundo dia, os participantes dividiram-se em quatro salas para uma conversa sobre os temas abordados no dia anterior, visando buscar por soluções para cada assunto abordado. Cada grupo criou um diagnóstico com os principais desafios enfrentados pela cadeia e recomendações para resoluções coletivas no futuro.
Na parte da tarde foram apresentadas as propostas:
Sala 1 – Mercado como Instrumento de proteção à renda dos produtores.
Foram apresentadas 20 propostas e nove escolhidas para apresentação no local:
1 – promover a profissionalização do cafeicultor
2 – selo de origem para torrefação
3 – preço mínimo para café de qualidade
4 – plataforma digital
5 – ferramentas de conhecimento econômico para produtor
6 – impactar positivamente a sustentabilidade da cafeicultura
7 – criação de cooperativas, aumentar o poder de negociação
8 – uso e implementação de gestão de risco
9 – institucionalização do Fórum Mundial
Sala 2 - Formulação de preço do café: Transparência da semente à xícara.
Foram 250 participantes e a sala de maior tempo de discussão:
1 – plataforma tecnológica para agregar dados, informações, experiência
2 – selo de qualidade para rastreabilidade; consumidor conhecer a origem do café
3 – uma Organização Internacional para orientar os países produtores
4 – industrialização
5 – educação e qualificação do produtor
Sala 3 - Promover e aumentar o consumo
Foram 20 ideias apresentadas, sete separadas para serem reforçadas e estudadas e oito como novas ideias. São elas:
1 – padronização das informações na embalagem
2 – incentivar o consumo de mais uma xícara
3 – coffeefest mundial
4 – pontos de venda de café para baixa renda
5 – incentivar o desenvolvimento do mercado de cafés especiais
6 – mídia social; consolidar estudos científicos sobre benefícios do café e divulgar
7 – e-commerce
8 – vídeos sobre produção
Sala 4 – Análise do estudo de sustentabilidade econômica do prof. Jeffrey D. Sachs
A sala contou com 110 pessoas que buscaram alternativas para promover o desenvolvimento sustentável do setor. Foram 14 pontos positivos, 15 negativos e 25 propostas. A conclusão final foi a seguinte:
Este workshop teve objetivo exclusivo de apresentar sugestões para o relatório do professor Sachs. Estas discussões sumarizam diferentes percepções de um grupo de participantes do 2º Fórum. Porém, não houve unanimidade sobre os pontos elencados. De forma geral, foram mencionados pontos positivos e negativos, além da sugestão para melhorias. Os resultados do debate não significam aprovação do estudo apresentado.
Ao final das apresentações, a diretora executiva da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), Vanusia Nogueira, subiu ao palco ao lado de representantes que participaram do evento e realizou a declaração oficial do Fórum.
DECLARAÇÃO FINAL DOS PARTICIPANTES DO SEGUNDO FÓRUM MUNDIAL DE PAÍSES PRODUTORES DE CAFÉ:
Na cidade de Campinas, Brasil, aos dias 10 e 11 de julho de 2019, reuniu-se o segundo fórum de países produtores de café e, considerando que:
1. O primeiro Fórum despertou a consciência mundial sobre a necessidade de haver sustentabilidade econômica na oferta global. Contudo não houve engajamento efetivo dos demais segmentos da cadeia de valor do café para melhorar a remuneração dos cafeicultores.
2. O estudo do professor Jeffrey Sachs, da Universidade de Columbia, destacou a necessidade de haver interação entre todos os agentes da cadeia para o desenvolvimento de ações globais, além das já realizadas por cada país, havendo corresponsabilidade de todos os agentes públicos e privados do negócio café para garantir a implementação da sustentabilidade em suas dimensões econômica, ambiental e social.
3. A oportunidade de desenvolvimento de novas tecnologias para aprimorar as formas tradicionais de comercialização de café, aproximando produtores de consumidores e gerando agregação de valor nas origens.
4. A importância de estímulos ao aumento do consumo mundial de café, em especial nos países produtores e mercados emergentes, para garantir equilíbrio entre oferta e demanda e, consequentemente, preços remunerativos aos cafeicultores.
Resolve:
1. Promover a criação de uma plataforma tecnológica para agregar e disponibilizar informações e números de todos os segmentos da cadeia de valor do café, de forma a gerar transparência comercial e na formação de preços.
2. Desenvolvimento de mecanismos que facilitem a disponibilização das informações das origens produtoras, por meio da rastreabilidade dos produtos oferecidos e suas especificidades aos consumidores finais.
3. Promover a capacitação dos produtores, por meio de assistência técnica e extensão rural para a profissionalização em gestão da propriedade e aquisição de conhecimento sobre os riscos de mercado.
4. Estímulo ao desenvolvimento de estratégias inovadoras e campanhas para a promoção do consumo de café, principalmente nos países produtores e mercados emergentes.
5. Desenvolver mecanismos, estratégias de marketing e inovações tecnológicas que permitam se alcançar um preço remunerativo aos produtores, tais como selos de “sustentabilidade econômica” e “torrados pela origem”.
6. Incentivar que cada origem produtora, em seus níveis público e privado, desenvolva um plano nacional de sustentabilidade para o setor café.
7. O Comitê do Fórum mundial de Produtores de Café tomará providências para a formalização de uma entidade jurídica que planejará a execução dessas estratégias.
8. O próximo Fórum de países produtores será realizado em 2021. O comitê coordenará com os países qual a cidade que sediará o evento, previsto para ocorrer em Ruanda.