No dia 15 de julho aconteceu a terceira edição do Fórum Mundial de Produtores de Café (WCPF). Realizado de forma on-line, o evento contou com painéis de discussão na busca de ações para ajudar os cafeicultores a alcançar a prosperidade.
“O objetivo não deve ser estático, mas muito mais ambicioso: criar, ao longo de toda a cadeia, condições estruturais nos países produtores e o mercado para a prosperidade real dos cafeicultores, para seu progresso constante, garantindo que as próximas gerações poderão continuar produzindo café e prosperando também”, explicou Juan Esteban Orduz, Diretor da Federação Colombiana de Cafeicultores (FNC) nos Estados Unidos e presidente do WCPF.
As primeiras discussões no WCPF se concentraram nas estruturas que poderiam ajudar no crescimento dos cafeicultores. Claude Bizimana, CEO do Conselho Nacional de Desenvolvimento de Exportações Agrícolas de Ruanda, moderou as discussões com Gerardine Mukeshimana, ministro da Agricultura de Ruanda, e Hailemariam Desalegne, ex-primeiro-ministro etíope.
A importância de usar pesquisa e tecnologia para desenvolver soluções contra a pobreza e as mudanças climáticas foi discutida por José María Figueres, ex-presidente da Costa Rica. O desenvolvimento de cafeeiros resistentes e produtivos às mudanças climáticas foi um dos exemplos listados.
Outra lição importante do evento foi a necessidade de construir um índice multidimensional, conforme proposto pelo professor Jeffrey Sachs, que também elencou a elaboração de um mapa de índice multidimensional das várias regiões cafeeiras para usar como ponto de partida ou linha de base. A partir daqui, ações podem ser priorizadas para melhorar as condições de vida dos produtores de café em cada região.
O índice incluiria informações como renda, saúde, acesso à internet, educação, segurança alimentar, água potável, saneamento básico, eletricidade e vulnerabilidade à variabilidade climática.
Por meio do trabalho com outras organizações internacionais, Jeffrey Sachs sugeriu que poderia ser dada maior atenção às questões cafeeiras de órgãos como a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação.
A necessidade de compartilhar essa responsabilidade por toda a cadeia de abastecimento foi um destaque importante levantado durante a última discussão, que incluiu a importância de pagar preços justos em todos os aspectos da cadeia de abastecimento.
Ines Burrus, CEO da Burrus Development, explicou que os benefícios devem ser compartilhados por toda a cadeia de abastecimento, com ações como destacar a conectividade e rastreabilidade da cadeia de abastecimento com a capacidade de melhorar a prosperidade para mulheres cafeicultoras.
“Contribuições de doadores e agências internacionais podem atuar como uma importante fonte de financiamento, permitindo que mais projetos de desenvolvimento sejam executados”, pontua Ines Burrus.
Carlos Felipe Jaramillo, vice-presidente para a região da América Latina e Caribe do Banco Mundial, afirma que essas questões precisam ser tratadas de forma sustentável e multidimensional. Segundo ele, ao incorporar soluções ambientais, como sistemas agroflorestais e serviços ambientais, para lidar com a pobreza dos produtores de café, existe um potencial para agregar renda adicional para esses produtores.
Jaramillo acrescenta que abordando organizações ou incentivando parcerias com empresas que financiam iniciativas de sustentabilidade, recursos adicionais podem ser obtidos. Tendo o apoio do governo nas políticas públicas um aspecto crucial, acredita que o Banco Mundial está aumentando seu foco no apoio e financiamento aos pequenos produtores.
Luis Felipe López-Calva, Diretor Regional do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas para a América Latina e o Caribe, concluiu que os sistemas naturais de proteção social atuam como um “amortecedor de bem-estar ou piso mínimo” para os cafeicultores. “Mais uma vez, vamos pensar nos cafeicultores, porque eles são a espinha dorsal de nossa indústria”, disse.
Robert Vélez, CEO da FNC e Líder em Criação e Desenvolvimento do WCPF, diz em nome dos cafeicultores colombianos que está satisfeito com o compromisso do fórum de não apenas ver os cafeicultores mundiais superarem a pobreza, mas se tornarem prósperos. “O que está claro há muito tempo é que os produtores devem ter uma renda decente de geração em geração. É por isso que estamos aqui hoje, trabalhando para atingir esse objetivo”, afirmou.
Os planos nacionais de prosperidade para os cafeicultores serão traçados e deverão ser apresentados na segunda seção do WCPF em 2022, em Kigali, na Ruanda. O WCPF espera que esta seja uma reunião presencial.
Mais informações: www.worldcoffeeproducersforum.com
As informações são do Global Coffee Report / Tradução Juliana Santin