Neste ano de 2019, a Federação Nacional dos Cafeicultores da Colômbia (FNC) redobra esforços para elevar a rentabilidade dos produtores, o que inclui insistir na importância da co-responsabilidade da indústria global por uma cadeia sustentável, como destacou o gerente geral, Roberto Vélez Vallejo, durante uma coletiva de imprensa realizada em Bogotá.
No nível interno, a FNC trabalhará em três objetivos específicos: aumentar a produtividade dos cafezais, o consumo interno do café e reduzir os custos de produção. Para os dois primeiros objetivos, o programa "Mais Agronomia, Mais Produtividade" continuará sendo o grande apoio. Graças a essa estratégia agronômica, 81% da área cafeeira já possui variedades resistentes, a produtividade é de 18,83 sacas de café verde por hectare e a idade média é de 6,8 anos. No entanto, para manter esses bons resultados a cada ano, pelo menos 10% da área plantada deve ser renovada.
Além de ser a primeira linha de defesa contra a ferrugem, a renovação dos cafezais permite não apenas manter, mas também aumentar sua produtividade, o que, por sua vez, melhora diretamente a renda dos produtores.
No ano passado, 9,4% da área total foi renovada, um bom indicador, mas que confirma que a renovação continua sendo um desafio que só pode ser alcançado se a vontade do produtor for combinada com campanhas de divulgação e acesso a fontes de financiamento, que a instituição continua empenhada.
Com o bom desempenho de todas essas variáveis, somadas a um clima mais favorável que em 2018, a produção de café no primeiro semestre do ano é estimada entre 5,89 e 6,37 milhões de sacas, para uma safra anual que beira 14 milhões.
Na redução de custos, o lançamento da colheita seletiva com o auxílio de malhas e a máquina Brudden DSC-18, desenvolvida pelo Centro Nacional de Pesquisa Cafeeira (Cenicafé), foi um grande passo nessa direção, e é por isso que a FNC continuará trabalhando para promover a adoção dessas tecnologias entre um número maior de produtores.
Governo e legisladores ajudarão a elevar o consumo
Em relação ao terceiro objetivo, a alocação de grande parte da oferta exportável ao consumo interno de café ajuda a melhorar o preço internacional do grão, que desde 2018 vem sofrendo quedas acentuadas. A FNC espera que boa parte do café excepcional produzido na Colômbia comece a ser consumido pelos próprios cafeicultores, uma forma de se apoiarem mutuamente como grêmio unido.
Como referência, o consumo interno no Brasil é de 5,5 kg per capita ao ano, enquanto a Colômbia não chega a 2 kg no país. Para isso, há cada vez mais aliados, incluindo o Governo Nacional e os legisladores, que atualmente estão trabalhando em um projeto de lei que estimula o consumo interno do grão através da compra por instituições públicas e a inclusão da bebida no café da manhã que o Instituto Colombiano de Bem-Estar Familiar (ICBF) oferece às crianças.
Estudo da possível saída do café colombiano da NYSE
Por outro lado, o gerente geral da FNC, anunciou a possibilidade de que o café colombiano deixe de ser cotado na Bolsa de Valores de Nova York, pois os preços a esses níveis não refletem a realidade e a qualidade do café colombiano. "Nesses níveis de preços, nosso café não é sustentável", disse ele.
Vélez Vallejo explicou que o preço internacional do grão agora depende muito do que acontece no Brasil e que nos próximos quatro anos o preço não deve melhorar substancialmente, o que leva a pedir constantemente ao governo medidas emergenciais como o apoio direto ao preço.
"Quem quiser café colombiano pagará o justo, isto é, os custos e mais uma pequena rentabilidade", observou o gerente, esclarecendo que a medida ainda deve ser consultada com os próprios produtores e a indústria. "Não é que já tenhamos tomado uma decisão. Os cafeicultores da Colômbia não podem continuar sendo mendigos, não é nossa indústria de café", ressaltou.
Nesse sentido, a Colômbia já está trabalhando com outros aliados, como os produtores centro-americanos. Para isso, está prevista a realização de uma cúpula de países produtores em setembro, no âmbito da Assembleia Geral das Nações Unidas, liderada pelo presidente Iván Duque e pela FNC.
O gerente explicou que a atual queda de preço se deve a vários fatores, incluindo um superávit global no mercado, com produção no Brasil entre 60 e 65 milhões de sacas. "A indústria se sente bem suprida", disse o gerente.
Co-responsabilidade dos atores da cadeia é prioridade
Assim, a busca pela co-responsabilidade de todos os atores da cadeia de valor do café continua sendo uma prioridade para a FNC, assunto que será abordado em reuniões com importantes representantes do setor na próxima semana em Atlanta, no âmbito da convenção de a Associação Nacional do Café nos EUA (NCA), o Conselho da OIC no final de março no Quênia e o Fórum Mundial de Produtores de Café em julho no Brasil.
Deve-se lembrar de que o preço de referência internacional para os cafés suaves (Contrato C) completa 27 meses de queda sistemática, de 160 centavos de dólar por libra em novembro de 2016 para menos de um dólar nos últimos dias. Desde agosto de 2006, o contrato C não caiu abaixo do dólar por libra.
Houve três fatores, principalmente aqueles que nos trouxeram de volta a este ponto: a desvalorização da moeda brasileira (o maior produtor do mundo), o que nos permitiu obter mais reais por carga de café; uma colheita de volume maior do que a esperada naquele país, e a venda de contratos futuros por fundos de investimento, nos quais um alto grau de especulação persiste em detrimento dos produtores.
As informações são da Federação dos Cafeicultores da Colômbia / Tradução Juliana Santin