ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Fala Café #9 aborda desafios do varejo em tempos de pandemia

POR EQUIPE CAFÉPOINT

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 10/06/2020

13 MIN DE LEITURA

0
0

A última terça-feira (9) contou com mais um episódio do programa Fala Café. O tema Tendências de mercado e novas estratégias para o varejo de café foi debatido por cinco profissionais do setor, entre eles Marcos Djinishian, executivo da Nespresso desde 2017 e head de marketing da companhia; Tina Cação, diretora de marketing da JDE Brasil, empresa multinacional de origem holandesa especializada em cafés e presente em todas as categorias no País; Bruna Caselato, sócia-diretora do Suplicy Cafés Especiais, empresa pioneira na venda de cafés especiais no Brasil; Caio Alonso Fontes, sócio-fundador do e-commerce Café Store, com atuação na venda de produtos desde 2010, e da Café Editora, presente no setor cafeeiro desde 2003; e Eliana Relvas, engenheira de alimentos com especialização em administração industrial, Q-grader e consultora de varejo desde 2004.

O primeiro bloco contou com uma introdução de cada convidado abordando o cenário atual do varejo em meio à pandemia.

Mariana Proença: Eliana, quero dar início com você que está há 24 anos nesse mercado de varejo já tendo passado por diversos grandes grupos. Como você enxerga o crescimento do mercado de café de qualidade antes da pandemia? Quais eram nossos principais desafios e também pontos positivos no mercado brasileiro?

Eliana Relvas: Tínhamos uma previsão para 2020 super positiva para o crescimento dos especiais, que seria em torno de 19%. As cápsulas já puxavam os números mais alto e as mono doses (drips), trouxe um diferencial para o consumidor que buscava novos sabores e de maneira prática. Também tivemos a entrada dos solúveis de excelência e microlotes no varejo, além de um público jovem, mais moderno, atraído pela bebida. O principal desafio da cadeia do café especial sempre foi a educação do consumidor, hoje há uma humanização dentro do café. As pessoas começaram a comprar os grãos por conta da origem, a conhecer cada vez mais sobre produção. A expectativa, portanto, para 2020 era esse reforço de todas as entradas e novidades no mercado.

Mariana Proença: Marcos, obrigada pela presença. Nós da Revista Espresso acompanhamos de muito perto a chegada da Nespresso ao Brasil. Em 2006 quando a marca suíça começou a realizar seus primeiros trabalhos aqui, o café de qualidade não era uma realidade de consumo. Como a Nespresso avalia esse percurso até aqui e qual é a importância do Brasil para a marca?

Marcos Djinishian: A Nespresso tem papel de protagonista na cena de cafés global. Os ensaios da empresa começaram na década de 70, em 86 foi lançado pela primeira vez em cápsula na Europa e chegou no brasil apenas em 2006, inaugurando a categoria, e trazendo um café de qualidade e sustentável para o consumidor. A Nespresso contribui para a formação do consumidor ao falar de um café especial. O Brasil é um produtor importante para nós a nível global. Aqui estamos em 1200 fazendas, sendo que 30% são de pequeno porte onde a gente entende que contribuímos na produção, modificamos vida e agregamos valores na região. Todos os produtores fazem parte do Programa AAA de Qualidade Sustentável, que presa pela qualidade e meio sustentáveis de trabalho e cultivo do grão. Nós rastreamos todo o café desde a fazenda até o contato com o consumidor, ele tem uma grande experiência sensorial e de sabor. O Brasil está entre os dez maiores mercados em nível global, com uma importância não só com prover o café verde para Nespresso, mas como mercado, por isso, atingimos toda a cadeia. Lançamos um prêmio de sustentabilidade e premiamos os produtores, com o intuito de incentivar a produção e sustentabilidade, ano passado foram pagos adicionais ao preço regular do café 10 milhões de dólares para os produtores. Fico muito feliz e realizado ao ver o impacto na vida dos produtores. Só esse ano já lançamos 18 cafés, essa inovação de portfólio é o que nutre nosso negócio. Nespresso tem aqui suas raízes, colaboração e impacto positivo, conhecimento para o consumidor, e é isso que queremos seguir fomentando

Mariana Proença: Bruna, o Suplicy Cafés Especiais completa 17 anos este mês e essa trajetória teve o início no food service para depois vocês adentrarem ao varejo de café em gôndolas de supermercados e investir nesse mercado. Lembro muito do Marco Suplicy ali na Alameda Lorena com o conceito super diferente para a época de atender o cliente direto no caixa. Como você avalia esse caminho da marca de começar com cafeterias de rua para depois ampliar para outros segmentos? É mais desafiador? Quais foram os prós e contras na avaliação de vocês?

Bruna Caselato: Esse ano o Suplicy Cafés Especiais completa 17 anos, desde que o Marco resolveu vender café no Jardin, em São Paulo, incluiu um torrador rosa e faz parte do grupo de pioneiros da nossa história. O consumidor pode conhecer, com o próprio Marco atrás do balcão, sobre o café especial, entender o trabalho do barista, a torra, a origem. A nossa ida para o varejo foi inevitável, assim entregamos o café para todas as pessoas e ficamos próximo das suas casas e conseguimos passar esse universo do café especial para quem também busca o nosso produto nas gôndolas de supermercado. Um passo e um presente muito bom no nosso processo de democratizar o café especial.

Mariana Proença: Tina, a holandesa JDE tem no portfólio de marcas de grande penetração no mercado de café principalmente no torrado e moído, mas com a entrada de L’OR em 2017 vocês passaram a falar com um público consumidor mais exigente. Como você avalia até aqui o perfil desse consumidor e o que mudou para vocês nesse varejo com a entrada dessa nova linha?

Tina Cação: A gente sempre defende o quanto é incrível o que acontece ao redor de uma xícara de café, as conexões, conversas, reflexões e a democracia do café, a JDE, foca muito nesse posicionamento e em levar para o consumidor de maneira acessível, conta com cafés de e marcas diferentes posicionamentos, dos mais acessíveis aos tradicionais e de qualidade bem diferenciada. Antigamente havia um preconceito de que o Brasil só consumia o café tradicional e não tinha espaço para um Premium. Por que não conversar com o consumidor e ensinar sobre esse café de qualidade? Em 2017 começamos o movimento aqui no país, olhamos algumas categorias que começaram esse processo de como levar para o consumidor o café premium. Olhamos duas frentes, uma era portfólio: que cafés, blends e segmentos podíamos levar para o consumidor entender o que era um café premium e o outro lado era os pontos de vendas, não adianta eu colocar um super portfólio na gôndola, sem transformá-la de uma maneira que o consumidor entendesse que era um café diferenciado. No portfólio chega a histótia de L’or, marca global, francesa muito forte lá fora e trouxemos nos diferentes segmentos, torrado e moído, solúvel e cápsula para começar essa mudança. Fomos aos principais clientes do varejo, contamos a história para criar um valor de mercado e de qualidade e uma segmentação a ensinar como devia ser a venda do café premium. Hoje conseguimos uma segmentação na gôndola desses cafés, cápsulas separadas, torrado e moído para que o consumidor entenda os diferenciais. Começamos no varejo com muita crítica e hoje o portfólio de produtos premium ali cresceu muito, um segmento que só tende a crescer. Ensinamos o consumidor a entender e aprender sobre café, isso não tem mais volta no Brasil, teremos um consumidor cada vez mais especializado e procurando saber das marcas.

Mariana Proença: Caio, há dez anos a Café Store foi fundada com a proposta de ser um e-commerce de cafés especiais e um ambiente de educação para o cliente. Como você avalia a evolução do consumidor até aqui e quais são os principais desafios de trabalhar com um produto tão presente na rotina do brasileiro na compra do varejo tradicional?

Caio Alonso Fontes: Em 2010 começamos com a proposta de uma plataforma de cafés especiais, atendendo assim uma demanda, já que na época o consumidor não encontrava uma oferta de produtos, não existiam canais especializados de distribuição dos cafés especiais. Montamos uma operação robusta, com tecnologia e logística, realmente preparada para atender o setor. Muita coisa mudou ao longo dos anos, o consumidor passou por etapas de aprendizado, em busca de conhecimento do universo de cafés. As cafeterias ajudaram muito nisso, com os baristas e o contato direto com o consumidor, que se tornou cada vez mais exigente. O e-commerce também evoluiu muito, desde sempre, proporciona uma melhor experiência para o consumidor, alinhando conteúdo e informação, explicações sobre os diversos cafés, a plataforma ajuda muito nesse sentido. É muito eficiente e cômodo para o consumidor realizar uma compra online, com um canal completo de venda. Assim buscamos contribuir nessa jornada de aprendizado.

O segundo bloco foi o mais comentado e com diversas perguntas, já que trouxe em debate a questão das estratégias realizadas pelas empresas durante a pandemia de covid-19 (coronavírus).

Pergunta para todos os convidados: Quais foram as primeiras estratégias adotadas pela marca no momento que se viu esse cenário da pandemia, em março de 2020? E as principais preocupações?

Bruna Caselato: Nosso ponto inicial foi entender se iríamos realmente fechar a cafeteria, para depois pensarmos na segurança dos funcionários e sabíamos que delivery não seria uma opção. Evitamos ao máximo as demissões e seguimos assim até hoje. Sabemos que não está fácil para ninguém, então é um momento de empatia e olharmos para o próximo. Fomos entender como manter a marca presente com os nossos clientes e em apenas 10 dias reestruturamos o site e inserimos, ali, todo um conteúdo de forma simples e rápida, para que o consumidor tivesse acesso ao seu café sem sair de casa. Investir em melhorar cada vez mais a performance para essa nova forma de consumir. Claro que o retorno do e-commerce não é igual ao de todas as lojas funcionando, mas foi uma forma de entregar o nosso produto e podendo seguir contanto as histórias. Belo desafio e um processo para olharmos de forma positiva e não só ficar parado com pânico sobre o que pode acontecer. Hoje temos um plano de retomada para adaptar todas as lojas, quais funcionários poderão voltar, treinamentos e entender como será esse retorno.

Tina Cação: O foco inicial da JDE foi realmente a saúde e segurança dos nossos associados, tínhamos uma preocupação muito grande de como implementar planos rapidamente para que as pessoas seguissem trabalhando e levando os cafés. Reuniões semanais para falar de pessoas, desses temas. Olhamos para o consumidor, encomendamos uma pesquisa para entender como estava o consumo de café durante a pandemia, tínhamos uma teoria de que o consumo poderia ter aumentado, e a pesquisa comprovou isso. O consumo aumentou em média 30% e faz sentido, já que estamos em casa, precisamos de um aconchego e energia para seguir a jornada. O papel do café nesse momento foi mais emocional e importante. Focamos na disponibilidade das nossas marcas, como a gente poderia garantir o consumo. Porque as pessoas querem ter o contato com as marcas que elas confiam, a gente não podia deixar o consumidor sem o café que ele ama e consome diariamente. Focamos nisso e continuamos com toda a disponibilidade no varejo, já que os supermercados seguiram com suas vendas. Olhamos para o e-commerce com um carinho melhor, investimentos, campanhas, trouxemos uma inovação para o consumidor com cápsulas através do e-commerce. Ampliamos a linha e trouxemos dois blends novos de origem, além de um olhar voltado para nossas estratégias de comunicação, para entender o atual momento.

Caio Alonso Fontes: O primeiro ponto era garantir a segurança dos nossos colaboradores e clientes, criamos um fluxo de trabalho, algumas áreas foram trabalhar em casa, outras nem tanto, por conta da distribuição. Atuamos fortemente nessa distribuição de trabalho e reforçamos as medidas de segurança nos despachos dos pedidos, garantindo um cuidado a mais com o cliente. Em seguida, como plataforma multimarca e um canal de desenvolvimento do setor de cafés, fomos entender o que estava acontecendo com o setor e a dura realidade é que por conta dos primeiros movimentos de distanciamento social muitos lugares fecharam as portas. Criamos uma iniciativa voltada para cafeterias e marcas de café que não estavam no nosso site e aceleramos isso com o projeto “Cafeterias Vivas”. 86% delas não tinham uma presença no e-commerce, então, corremos para fazer uma parceria com as cafeterias e marcas de café para ajudarmos em uma solução nesse momento. Hoje entramos com mais de 15 marcas e o interessante é que acelerou até o nosso trabalho de incrementar nosso portfólio e oferecer novos produtos para o consumidor. Unimos duas pontas: de um lado quem estava fechado e precisava de um canal de distribuição e por outro mais produto para o nosso consumidor, que sinto preparo e aberto para consumir novas bebidas. Cada vez mais nos aproximamos dos nossos parceiros para nos colocar a disposição como um canal eficiente nesse momento!

Marcos Djinishian: Nossa primeira medida foi o cuidado, saúde e seguranças dos nossos colaboradores. Estamos no meio da colheita e reunimos os produtores, virtualmente, com especialistas, médicos e infectologistas para explicar sobre as questões de segurança e cuidados necessários para prevenção da Covid-19. Acredito genuinamente na cooperação que deve existir, fomentar e transmitir a informação correta. Se a gente fala em um mercado sustentável, então quais práticas devemos fazer e importante nos unirmos para tornar isso maior, sem interesses pessoais. É importante conhecermos o consumidor e entender o que ele precisa em casa, customizando assim, conteúdos. Vamos reforçar a operação, acredito que restaurantes e hotéis serão os últimos a reabrirem e por isso, cuidamos da cadeia com uma iniciativa chamada Apoie um Restaurante, para ajudá-los nesse momento através de um voucher. Temos que trabalhar de uma maneira clara e transparente para o consumidor!

Mariana Proença: Eliana, avaliando todas essas respostas e os cenários que estão sendo projetados, você acredita que é possível saímos com quais lições dessa pandemia?

Eliana Relvas: Acredito que a transparência é fundamental no cenário atual. Com todo mundo em casa, o momento de tomar café se tornou uma válvula de escape para determinados momentos. Durante a semana as pessoas consomem cafés mais rápidos e práticos na hora do preparo, em outros momentos, ela quer parar para preparar o seu café e relaxar, então, a bebida entra em diversos momentos na vida das pessoas. Não sabemos como será a retomada, já que o cenário econômico está complicado, alguns acreditam que o consumidor com menor poder aquisitivo diminua a qualidade do café, porém, acredito que quem criou um patamar sensorial não mude isso, talvez reduza a quantidade. A gente muda, hábitos mudam, temos que analisar como será esse novo consumidor, aposto que mais exigente e buscando por coisas novas. Sigo otimista de quem em breve poderemos voltar a degustar nossas xícaras de café!

O último bloco foi de lições para o futuro e mensagens finais. Caio afirmou ser otimista e tem a certeza de que estamos nos preparando para sair da crise: “o ser humano tem uma capacidade enorme de se adaptar e se reinventar. Acredito que teremos adaptações normais, mas num longo prazo vamos voltar a antigamente. Tomar café é um hábito que cada vez mais será prazeroso, com a riqueza do produto e a história por trás dele”, conclui.

Para Eliana o ser humano se tornará melhor, “iremos sair melhor do que entramos, acredito que o conhecimento e processo muda as pessoas e o café vai junto”. Já Bruna enfatiza que a palavra empatia tem sido muito utilizada no momento, “seja pelo consumidor, vizinho, familiar, temos que nos ajudar e nos adaptar”, aponta. Para ela o café é uma forma de carinho e até mesmo pausa da correria do dia a dia, “vamos repensar o estilo de vida, abrir mão de algumas coisas, mas acredito que o café estará sempre ligado”, conclui.

Para Tina o momento ajudou a valorizar os sentimentos e valores e pensar no bem estar de todos. “Ao lado de tudo isso não podemos deixar de lado o que o consumidor deseja e precisa nesse momento, e valorizá-lo. Vamos seguir ensinando sobre o café e proporcionar cada vez mais experiências sensoriais para todos”.

Por fim, Marcos, aponta como foi desafiador esse momento no quesito pessoal, já que de repente a casa virou escola e escritório. “Reforço a importância da empatia e de escutarmos o próximo e ajudá-lo de alguma forma. E seguir proporcionando as experiências com o nosso café para o consumidor, aliado a sustentabilidade e transparência, em uma nova era de consumo.

O 9º episódio completo do Fala Café está disponível no YouTube. Clique aqui. Caso tenha perdido algum ou queira rever, você também encontra uma playlist com todos os episódios!

0

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe CaféPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do CaféPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

CaféPoint Logo MilkPoint Ventures