Embora o café etíope continue sendo muito procurado no mercado internacional, as barreiras ao comércio, as mudanças climáticas e outras forças externas podem resultar em volumes de produção e exportação praticamente estáveis, de acordo com o relatório mais recente do Serviço de Agricultura Estrangeira (FAS), do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), sobre o setor cafeeiro etíope.
“O cultivo de café na Etiópia é influenciado negativamente pelas mudanças climáticas e pelo desmatamento. O feedback das comunidades cafeeiras, as observações sobre a produção de café e o estresse do cafeeiro indicam que a mudança climática já teve um impacto negativo devido à perda dramática de florestas. A realocação de fazendas/áreas de café será um componente-chave na construção de resiliência para a economia cafeeira etíope”, afirma o relatório.
Evidências citadas no material sugerem que muitos cafeicultores estão abandonando o café em favor de safras mais resilientes, com maior valor no curto prazo. “A mudança climática afeta negativamente os cafeicultores, pois eles experimentam colheitas tardias devido à falta de chuvas e falta de conhecimento e tecnologia para implementar práticas agrícolas inteligentes para o clima”, afirma o relatório. “Alguns produtores de café nas partes leste e sudoeste do país passaram a cultivar khat, uma planta tolerante à seca, usada como uma droga estimulante. Khat tem vantagens econômicas de curto prazo e um preço melhor, mas consequências ambientais e de saúde negativas de longo prazo”.
O relatório estima que a produção total de café da Etiópia em 2023/2024 alcançará 8,35 milhões de sacas de 60 kg, um leve aumento em relação à estimativa revisada de 2022/2023, de 8,27 milhões de sacas. As exportações estão previstas para chegar a 4,83 milhões de sacas, o que representa, mais uma vez, um leve aumento em relação à estimativa de 4,82 milhões de sacas para 2022/2023.
A expectativa é de que a Alemanha continue sendo o principal importador de café arábica verde da Etiópia. No ano 2021/2022, a Alemanha importou 20% da parcela exportada em volume, seguida pela Arábia Saudita (13,7%), Japão (10%), Estados Unidos (9,3%) e Bélgica (8%). O café é a fonte número um de receitas de exportação da Etiópia, gerando cerca de 30-35% das receitas totais de exportação do país, de acordo com o relatório.
A Etiópia continua sendo valorizada no mercado internacional de cafés especiais por sua alta qualidade e características únicas. “A demanda por café especial etíope aumentou e continua crescendo”, afirma o escritório da FAS. “Seu status de maior qualidade é alcançado pela implementação das melhores práticas agrícolas nos métodos de cultivo, colheita e processamento, combinadas com níveis elevados de controle de qualidade. Em um modelo ideal, a renda extra gerada pelo café especial é distribuída por toda a cadeia produtiva, incluindo os cafeicultores.”
As informações são do Daily Coffee News / Tradução Juliana Santin