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Etiópia: devido às altas temperaturas, cafeicultura pode sofrer danos

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 21/06/2017

5 MIN DE LEITURA

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De acordo com um novo estudo, o aquecimento global provavelmente eliminará metade da área de produção de café na Etiópia, país que é considerado o ‘berço do café’. As temperaturas elevadas já danificaram algumas áreas especiais de origem. O assunto é tão drástico que, em modelo de comparação, seria como se a França perdesse uma de suas grandes regiões vinícolas.

Foto: Sayyid Azim/AP
                                    Foto: Foto: Sayyid Azim/AP

As terras altas da Etiópia também possuem um tesouro único de variedades de café selvagem, o que significa que novos perfis de sabor e características poderiam ser perdidos antes de serem descobertos. Entretanto, a pesquisa revela que se um programa massivo de plantações em encostas com altitudes de temperaturas mais baixas fosse viável, a produção de café poderia realmente aumentar.

O café compete com o chá como a bebida favorita no mundo e emprega 100 milhões de pessoas em todo o planeta, somente no cultivo de grãos. Mas a mudança climática é a maior ameaça do café a longo prazo, matando plantações ou reduzindo a qualidade do grão e permitindo o crescimento de fungos. Sem importantes ações, tanto na indústria do café quanto na redução das emissões de gases de efeito estufa, o café deverá se tornar mais caro e ter uma redução na qualidade de seu sabor.

O trabalho combinou um modelo de mudanças climáticas com medidas detalhadas das condições atuais do solo, compiladas em um trabalho de campo que abrangeu uma distância total de 30.000 km dentro da Etiópia. Esse estudo descobriu que 40 a 60% das áreas de produção de café de hoje, no país, não serão adequadas até o final do século sob uma série de cenários de aquecimento prováveis.

Publicada na revista Nature Plants, a investigação também mostra que os principais programas de relocação podem preservar ou mesmo expandir as áreas cafeeiras na região. "Há um caminho para a resiliência, mesmo com a mudança climática. Mas é uma tarefa extremamente difícil de fazer. Milhões de produtores teriam que mudar", disse Aaron Davis, do Royal Botanic Gardens Kew, no Reino Unido, que conduziu o trabalho com cientistas etíopes.

Entretanto, até 2040, esses movimentos ascendentes terão atingido o topo das montanhas da Etiópia. "Isso literalmente alcançará o teto, porque você não tem nenhum lugar mais alto para ir", disse Davis.

Os impactos do aquecimento global já estão sendo vistos à medida que as temperaturas têm aumentado constantemente no país há décadas. Os produtores reportam uma estação seca mais longa e extrema e chuvas mais intensas na estação de águas, com boas colheitas muito menos frequentes do que na época de seus pais e avós.

Um local famoso de produção de café que provavelmente será perdido é Harar. "Em uma área, existem centenas, senão milhares de hectares de árvores mortas. É um nome mundialmente reconhecido e tem crescido nessa área há muitos séculos. Mas sob todos os cenários [mudanças climáticas], isso vai piorar”, afirmou Davis.

"Algumas das origens, que você chamaria de terroir na indústria do vinho, desaparecerão, a menos que seja realizada uma intervenção séria. Seria como perder a região vinícola de Borgonha. Essas áreas não são encontradas em nenhum outro lugar, senão na Etiópia, e devido à diversidade genética, a diversidade de perfis de sabor é globalmente única”, disse.

Tanto o café arábica quanto o robusta originaram-se na Etiópia, e plantas de arábica selvagem são praticamente desconhecidas fora do país. As variedades de arábica selvagem podem muito bem ter características de resistência à doenças e à seca que poderão ser vitais para a futura saúde das culturas cafeeiras.

O professor Sebsebe Demissew, da Universidade de Addis Abeba, que é um dos pesquisadores da equipe, disse: "O café é originário das florestas de montanhas da Etiópia e é nosso presente para o mundo. Como a Etiópia é o principal depósito natural da diversidade genética do café arábica, o que acontece no país pode ter impactos de longo prazo para o cultivo de café globalmente”.

De acordo com Tim Schilling, diretor executivo do programa World Coffee Research, a nova pesquisa é um ‘trabalho brilhante’: "Este é o único estudo abrangente, específico do país, que eu vi que usa alguns dos melhores métodos em modelagem climática acoplado a análises de solos muito rigorosas - extremamente útil para os governos e a indústria e um modelo a ser repetido.”

Schilling liderou uma expedição para o Sudão do Sul em 2013 para confirmar que o café arábica selvagem também estava presente na floresta de Boma. "O que encontramos foi uma grande degradação causada pela mudança climática na floresta e no café selvagem sob sua cobertura. Isso é praticamente o que penso que podemos esperar se nada for feito para preservar o cofre do tesouro genético do arábica na Etiópia”, disse o diretor.

Segundo Schilling, novas variedades e métodos de cultivo precisam ser desenvolvidos e a migração da plantação terá que fazer parte de um plano B. "O Plano C pode ser subir na latitude e produzir café no sul da França e no Texas!", sugeriu, mas disse que financiar tudo isso é difícil quando os produtores de café não estão ganhando muito dinheiro no momento.

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) concluiu em 2014: "As previsões gerais são para uma redução na área adequada para a produção de café em todos os países estudados, em 2050. Em muitos casos, a área adequada para a produção diminuirá consideravelmente com os aumentos de temperatura, de apenas 2º ou 2,5°C”.

No Brasil, maior produtor de café do mundo, um aumento de temperatura de 3ºC reduziria a área adequada para café em dois terços nos principais estados produtores. Em 2016, outros pesquisadores previram que as mudanças climáticas reduzirão pela metade da área de cultivo de café no mundo.

"As pessoas também devem estar pensando nos milhões de pequenos produtores que colocam seu café na mesa", disse Davis. "Os cafeicultores da Etiópia estão realmente na linha de frente [da mudança climática] e são as pessoas que pagarão o preço primeiro. Em longo prazo, a única solução verdadeiramente sustentável é combater as causas profundas das mudanças climáticas”, concluiu.

As informações são do The Guardian / Tradução Juliana Santin
 

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