Um novo estudo da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) Green Invest Asia, em colaboração com a International Women’s Coffee Alliance (IWCA), ilustra como as empreendedoras estão avançando no setor cafeeiro do Sudeste Asiático.
O estudo abrange quatro países: Camboja, Indonésia, Vietnã e Filipinas. A IWCA disse que as contribuições das mulheres para essas indústrias são frequentemente ignoradas. "A falta histórica de visibilidade das mulheres no café pode levar alguém a subestimar significativamente o seu papel em toda a indústria", afirmou a presidente da IWCA, Kellem Emanuele. “Mas as mulheres estão lá, liderando da fazenda à mesa e ao pódio. E, mais rapidamente, aumentamos seu reconhecimento e engajamento como parceiros críticos de soluções para qualquer um dos desafios enfrentados pelo setor - quanto mais cedo, teremos um impacto significativo e positivo nas comunidades cafeeiras”, completou.
No Vietnã, o maior produtor mundial de café robusta, as mulheres lideram pelo menos metade de todas as empresas de comércio interno. “Embora, em muitos casos, as empresas sejam de propriedade de homens, as mulheres são o ponto de contato para negociar com agricultores e compradores. Acredita-se que elas sejam melhores negociadoras”, disse Thi Quynh, gerente de compras da Volcafe Vietnam.
A IWCA afirma que, contrariamente à crença de que as mulheres que trabalham no setor cafeeiro são, em sua maioria, produtoras, o estudo concluiu que na Indonésia, o quarto maior produtor de café do mundo, as mulheres lideram cerca de 22% das cooperativas e detêm ou lideram 25% dos torradores especiais.
Em 2017, a Indonésia exportou US$ 1,7 bilhão em café. As empresas lideradas por mulheres representam 4% dos exportadores de café da Indonésia. Quase todas as empresas entrevistadas relataram crescimento de receita, com um terço relatando um aumento de pelo menos 20%.
O Sudeste Asiático produz aproximadamente um quarto dos grãos de café do mundo. Segundo a Câmara Filipina do Café as agricultoras geralmente têm mais atenção aos detalhes. “As mulheres são mais meticulosas na hora de escolher e selecionar, tarefas que são determinantes da qualidade”, disse Robert Francisco, consultor da Philippine Coffee Board.
A USAID Green Invest Asia é uma plataforma com foco em lentes de gênero no Sudeste Asiático, conectando investidores a empresas agrícolas e florestais sustentáveis. "O café ainda é amplamente visto como uma 'cultura masculina'", afirmou a autora do estudo Caterina Meloni, assessora de inclusão social e de gênero da USAID Green Invest Asia. “As agricultoras são referidas como 'a esposa do agricultor'. Este estudo mostra outro lado da indústria, em que os homens são o ‘marido do comerciante de café’ e o ‘parceiro da dona do café da terceira onda’. Aumentar a participação das mulheres em todas as partes da cadeia de fornecimento só pode revigorar e promover o setor cafeeiro”, concluiu.
Acesse o estudo AQUI: https://greeninvestasia.com/research/
As informações são do Global Coffee Report / Tradução Juliana Santin