De acordo com levantamento feito por Haroldo Bonfá, da Pharos Consultoria, desde o dia 10 de setembro, o estoque de grãos de café aumentou apenas 17 mil sacas de café certificados na ICE Future US, volume considerado baixo perto da baixa expressiva registrada em 2020.
Os relatórios oficiais chegaram a divulgar 1.099 milhões de sacas em Nova York no último mês. Na última atualização, os números mostraram 1.116 milhões de sacas. Os estoques mais baixos mostram uma mudança no padrão de consumo, consequência da pandemia de Covid-19.
Segundo Haroldo, com os preços do café em alta na Bolsa durante o mês de julho e as incertezas com a logística a nível mundial, resultaram em um consumo imediato dos cafés, sobretudo os estoques do arábica na Europa, "onde a quarentena foi mais rigorosa do que nos Estados Unidos, por exemplo", afirma o analista.
Vale ressaltar que os cafés em estoque certificados precisam seguir uma série de exigências impostas pela ICE, o que aumenta a qualidade da bebida. Ao que tudo indica, com padarias e cafeterias fechadas durante o lockdown, os estoques monitorados foram suficientes para suprir a necessidade da demanda do grão especial. "Com o preço mais alto, os problemas de logísticas e a falta de contêineres, ficou muito claro que o mercado escolheu consumir esse café que já estava à disposição, do que fazer novas compras", afirma Bonfá.
O relatório da Pharos mostra ainda um comportamento diferenciado nos estoques certificados, quando comparados com os últimos dois anos. Segundo os gráficos, em 2018 foi registrado um aumento no café tipo arábica, em 2019 foi observada uma leve baixa e, em 2020, a queda aconteceu justamente no início da Covid-19, a partir do mês de março.
"No começo, o mercado ficou muito assustado com esses números. Ficamos com receio da exportação ter uma queda, mas os números comprovam que a condição de exportação no Brasil continua excelente", afirma o especialista.
Os números divulgados na semana passada pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) confirmam que as exportações brasileiras seguem firmes. Em setembro deste ano, o País exportou 3,8 milhões de sacas de café - considerando a soma de café verde, solúvel e torrado & moído. O volume representa a maior quantidade de café brasileiro exportado para o mês e um aumento de 8,6% em relação a setembro de 2019.
A receita cambial gerada pelas exportações chegou a US$ 458 milhões, representando também um aumento de 3,6% em relação ao mesmo período do ano passado. Na conversão em reais, a receita foi equivalente a R$ 2,5 bilhões, crescimento de 35,7% em relação a setembro de 2019. Já o preço médio da saca de café foi de US$ 120,7/saca.
Segundo Haroldo, daqui para frente, a tendência é de um aumento gradual dos estoques certificados, mantendo a liderança de Honduras, que corresponde atualmente por 77,03% do café certificado. O número representa uma leve queda quando comparado com setembro, quando Honduras representava cerca de 78,56% dos cafés disponíveis.
Segundo informações também levantadas pela Pharos Consultoria, além de enfrentar problema econômico e social, o produtor hondurenho enfrenta grandes problemas com ferrugem no café. "A participação de Honduras é muito grande e, por conta desses problemas, podemos ver uma queda na produção, além da remuneração para o produtor de lá ser muito baixa", afirma o analista.
Outro número que chamou atenção do analista foi o aumento da participação do Brasil nos estoques certificados. Em setembro, o café brasileiro representava apenas 0,05% dos cafés na Bolsa. Os números de outubro mostram uma participação de 2,08% até o último dia 15. Segundo Haroldo, além das exigências da ICE, fazer uma negociação para os estoques certificados custa muito mais caro ao produtor. "Esse produtor em especial viu nisso uma oportunidade para entregar e esse café e fez essa diferente operação de negociação", afirma o especialista.
As informações são do Notícias Agrícolas.