Os Estados Unidos, maior consumidor de grãos brasileiros, relata o aumento significativo nos custos de operação, principalmente relacionado ao transporte, e diz ainda que em breve os preços devem aumentar.
Torrefadoras de médio e pequeno porte, principalmente de cafés especiais, foram os mais atingidos, segundo executivos, mas até mesmo empresas maiores, como a Peet's e a JM Smucker Co, dizem que estão enfrentando custos mais altos.
Outros setores de negócios dos EUA também enfrentam inflação de embarques. O provedor de inteligência de mercado S&P Global Platts relatou que o frete pode ter adicionado quase US$ 10 bilhões aos custos corporativos nas rotas de entrada dos EUA no quarto trimestre de 2020, uma conta que pode crescer.
Na semana passada, os atrasos no transporte ajudaram a empurrar os preços do café para o seu nível mais alto em mais de um ano. "No momento, estamos assinando contratos para entrega no verão e no outono, e esses preços subiram um pouco, cerca de 15% de aumento em tudo", disse Oliver Stormshak, presidente-executivo da Olympia Coffee Roasting, com sede em Olympia, Washington. "Estou tentando decidir agora se vamos reduzir os custos ou reestruturar nossos preços e aumentá-los", acrescentou.
Os executivos que trabalham com café disseram que a maior demanda por serviços de transporte marítimo – à medida que mais consumidores fazem compras on-line – e os procedimentos extras de segurança durante a pandemia estão aumentando os custos nos Estados Unidos.
"Existem restrições de fornecimento, não por causa da produção, mas simplesmente obstáculos trazidos a nós pela Covid-19 e pelas diretrizes de segurança. É uma questão sistêmica", disse Jorge Cuevas, executivo da Sustainable Harvest Coffee Importers em Portland, Oregon. “Agora é mais caro do que nos últimos cinco a 10 anos levar o café ao consumidor”, aponta.
As empresas de café também disseram que os custos com transporte transoceânico estão subindo devido aos desequilíbrios no fluxo de contêineres causados ??pela pandemia. Em algumas rotas, a demanda por contêineres está aumentando, enquanto outras são menos movimentadas, causando um fluxo irregular e aumento de custos.
"O custo do contêiner é um grande problema no mercado de café", disse o analista do Rabobank, Carlos Mera, acrescentando que as rotas do Sudeste Asiático para a Europa e os Estados Unidos estão registrando preços mais altos devido à escassez de contêineres. "Mesmo se você estiver disposto a pagar, pode não encontrar disponibilidade", explica.
Commodities incluindo café, cacau, algodão e açúcar refinado são geralmente transportados em contêineres, enquanto outros, como soja, milho e açúcar bruto, usam graneleiros. Os torrefadores relataram atrasos no recebimento de cafés da África e de alguns países sul-americanos.
Lee Harrison, diretor sênior da Joe Coffee Company, com sede em Nova York, disse que um carregamento de café de Burundi programado para chegar no início do ano foi adiado para março. Ele disse que provavelmente substituiria essa origem.
JM Smucker, proprietário de marcas como Folgers e Dunkin, disse em um comunicado: "como outros na indústria, enfrentamos alguns desafios recentes da cadeia de suprimentos do café. Embora avaliemos regularmente os custos para determinar as ações apropriadas, não temos nenhum planejamento iminente para compartilhar neste momento". Grandes empresas de café aumentaram seus estoques no ano passado como precaução durante a pandemia.
"Não estamos preocupados com os suprimentos, pois temos boas posições de estoque", disse Eric Lauterbach, presidente e diretor de operações da Peet's, que explicou que a empresa encontrou problemas de transporte nos Estados Unidos e na Ásia.
As informações são da Reuters.