O Relatório do Centro do Comércio de Café de Vitória (CCCV) aponta que o final de 2020 foi de sucesso para o canéfora (conilon), com um recorde histórico nas exportações chegando em 733 mil sacas, devido à valorização do dólar, aumento do consumo de café em casa em virtude na pandemia e maior competitividade em relação ao robusta do Vietnã.
O solúvel também apresentou bons resultados, alcançando o total de 382 mil sacas exportadas. Neste caso, além de todos esses aspectos, também contribuiu a tradição da indústria capixaba e a sua credibilidade junto aos clientes no exterior.
O desempenho do canéfora (conilon) é muito significativo para a cafeicultura capixaba, uma vez que, atualmente, essa variedade está percentualmente mais lucrativa do que o arábica, devido ao seu menor custo de produção. O resultado do solúvel também é bastante representativo, já que este produto industrializado possui maior valor agregado, sendo também mais lucrativo do que a exportação de café em grão.
As exportações totais do ano de 2020 foram de 6,4 milhões de sacas e representam o terceiro melhor volume da história das exportações de café pelo Espírito Santo, atrás apenas das marcas dos anos de 2002 (8,3 milhões) e 2015 (6,5 milhões). Em comparação com 2019, o crescimento foi de 11% em relação.
A exportação do canéfora (conilon), especificamente, teve um crescimento de 22% em relação a 2019, com um total de 4,8 milhões sacas exportadas. Já a exportação de solúvel, por sua vez, cresceu 12% em relação ao ano passado, somando 382 mil sacas exportadas. Em contrapartida, as exportações de arábica totalizaram 1,2 milhões de sacas, caindo 19% comparativamente a 2019, mesmo em um ano de bienalidade positiva, também em virtude da falta de chuvas.
Mesmo com os números positivos, o preço médio em dólar de uma saca exportada de conilon em 2020 foi o menor dos últimos 15 anos e, o preço do solúvel, o menor dos últimos 13 anos, uma vez que o dólar está muito valorizado frente ao real. Com isso, o preço equivalente em Reais tornou-se mais alto, o que valorizou ainda mais o resultado das exportações capixabas.
A receita cambial exportada de canéfora (conilon) cresceu 14% em relação a 2019 (saltando de 327 para 372 milhões de dólares) enquanto que a do solúvel subiu 5% em comparação com o ano passado (aumentando de 43 para 45 milhões de dólares). O arábica, por sua vez, registrou uma queda de 21% em relação a 2019 (caindo de 165 para 130 milhões de dólares). No total, a receita cambial acumulada em 2020 teve leve alta em relação ao ano passado, alcançando 547 milhões de dólares.
No geral, o ano de 2020 foi positivo para o produtor brasileiro, mesmo em meio à volatilidade e turbulência. O café arábica sustentou uma performance média positiva, começando um movimento de recuperação. No início do ano, a escassez da oferta de arábicas suaves provenientes da Colômbia e América Central, o atraso das floradas e o potencial de quebra da safra brasileira para 2021 criaram bolhas de alta nos preços dessa variedade, gerando um ambiente de volatilidade positiva.
Vale destacar também que a flutuação cambial do dólar foi fundamental para a performance dos preços de café ao longo do ano, uma vez que, além de garantir remuneração para o produtor, a alta da moeda americana melhorou a competitividade das exportações de café.
Por fim, ressalta-se o desempenho do arábica cereja fino (que em 2020 chegou a ser negociado acima de R$ 700 devido à carência de suaves no mundo) e o forte fluxo externo do canéfora (conilon), que atraiu compradores externos em virtude da valorização do dólar frente ao real.
As informações são do Centro do Comércio de Vitória.