Apesar das chuvas terem retornado em algumas regiões cafeeiras, os volumes ainda são baixos, irregulares e chegaram tarde para a safra 2021/2022. O cenário será mais preocupante se os chumbinhos (grãos em formação) forem abortados pelas plantas. Caso os grãozinhos comecem a cair, as perdas serão elevadas para a nova safra.
“Melhorou a condição, mas as chuvas ainda não se regularizaram", diz Éder Ribeiro, agrônomo da Cooxupé e responsável pela agrometeorologia da Cooperativa. Ele lembra que, em novembro, apesar do maior volume, as chuvas ficaram abaixo da média e se concentraram no segundo decênio do mês, ou seja, choveu, mas de forma muito irregular.
Éder aponta que, até o momento, dezembro segue o mesmo caminho, com temperaturas elevadas. "A cada semana sem chuva já é um pedacinho da safra de 2021/2022 que está indo embora", aponta.
O professor e pesquisador da Universidade Federal de Lavras (Ufla), José Donizeti Alves, reconhece que o processo de desenvolvimento da nova safra já está com três meses de atraso nas principais regiões produtoras do País.
Os impactos da severa estiagem também podem atingir a safra de 2022. "Essa perda que nós já tivemos vai refletir na safra de 2021/2022, porque nesses três meses que já passaram, a planta não cresceu, então nós vamos ter menos rosetas. A janela de crescimento do ramo encurtou em três meses, e esse encurtamento vai refletir em menos roseta para produzir grãos em 2022", afirma.
Floradas desuniformes
O professor explica que, apesar das condições climáticas terem sido positivas para a colheita da safra 2020/2021, desde março o corredor cafeeiro enfrenta baixo volumes de chuvas, deixando um déficit hídrico crítico para a produção do ano que vem. Além da falta de água, as temperaturas elevadas também castigaram o cafezal.
No mês de setembro foi registrada a primeira florada generalizada com condições fora do ideal para o desenvolvimento da planta. "Quando se tem um déficit hídrico muito intenso e altas temperaturas, acabamos tendo uma queima do botão floral, que é quando não tem fruto e há abortamento. A maior parte dessa florada não vingou, é isso que nós chamamos de abortamento", aponta.
Segundo Donizeti, as chuvas de agora em diante não recuperam mais os danos para a safra de 2021. "Hoje não tem jeito, para a safra de 2021, de aumentar o número de frutos. Mas tem jeito de você aumentar o peso daqueles frutos que estão lá. O produtor precisa aumentar o tamanho do fruto, não tem outra saída para 2021", afirma o especialista.
As chuvas são importantes neste momento, mas o produtor precisa estar atento aos tratos culturais. "Nós já estamos atrasados, tudo que temos que fazer daqui para frente, já tínhamos feito desde setembro. Agora nós não podemos cruzar os braços e só esperar. Se voltar a chover como a previsão está falando, nós vamos ter aumento de folha e com o cafeicultor cuidando bem, ele vai aumentar a renda e ajudar a aumentar a produção", explica.
Orientações para o produtor
O especialista destaca que a partir de agora o produtor deve avaliar as condições e tomar a melhor decisão, visando tanto a safra de 2021/2022, como a 2022/2023. As atenções do produtor precisam estar voltadas para a nutrição de planta, sobretudo na aplicação de macronutrientes como nitrogênio, potássio e cálcio. "Nós temos que ter um controle muito efetivo de pragas e doenças. Devido à seca, nós tivemos um aumento muito grande de bicho mineiro, que desfolhou muito", comenta.
Destaca ainda que é interessante que o produtor faça uso reposição hormonal, os bioestimulantes e antiesstressantes. "Porque quando o cafeeiro entra em estresse, ele deixa de produzir hormônios de crescimento e tem produtos que você consegue fazer esse controle. Todas essas ações têm um único objetivo que é aumentar a fotossíntese da folha do café, que é o que vai fazer o fruto crescer. O segredo é aumentar a fotossíntese", complementa.
As informações são do Notícias Agrícolas.