Por Marcelo Fraga Moreira*
A semana de 6 a 10 de julho começou surpreendendo com o contrato setembro/2020 já com queda de 5% logo na segunda-feira (não suportou a média móvel dos 50 e tampouco a média móvel dos 9 dias).
Terminamos a semana abaixo dos 97 c/lb. Agora, temos a primeira resistência importante nos 100,30 c/lb** e depois nos 102,50 c/lb, e um suporte bem importante nos 92,20 c/lb. O câmbio fechou a semana @ 5,3218 R$/usd, praticamente no “zero a zero” desvalorizando na semana 0,22% e oscilando entre a máximo @ 5,4007 e a mínima @ 5,2472.
Os fundos terminaram a semana vendidos em -23.843 lotes (esse número deve ser maior pois tivemos novas quedas nos pregões da quinta e sexta-feira).
As condições climáticas ao redor do mundo continuaram no radar, principalmente no Brasil, porém as previsões meteorológicas frustraram os altistas. Geadas no Brasil seguem descartadas pelos próximos 15 dias. As chuvas e o bom tempo seguem favoráveis nos principais países produtores com safras previstas para começar já para novembro/dezembro.
A safra brasileira segue avançando, com aproximadamente 50% já colhida, com bons rendimentos e maior disponibilidade de produto no mercado. Mesmo com o avanço da pandemia nos Estados Unidos e com o receio de novas medidas de isolamento social e restrições em viagens, as economias globais seguem firmes e fortes no rumo da recuperação. Bolsas ao redor do mundo voltaram a subir e a Ibovespa fechou a semana acima dos 100.000 pontos pela primeira vez desde 6 de março de 2020 (após atingir a mínima em 61.690 pontos dia 19 de março de 2020).
Com o clima favorável não só no Brasil, mas também nos demais países produtores, e com o avanço da colheita no Brasil (estimativas acima dos 65 milhões de sacas), temos e teremos café a vontade para saciar a demanda mundial para os próximos 2 anos. Conforme falamos em relatórios anteriores, o USDA prevê um superávit de 8 milhões de sacas para safra 2021/2022.
Com os fundos vendidos em “apenas” 23-25.000 lotes, e com o mercado trabalhando com pouca liquidez, se os fundos decidirem vender mais 5-10 mil lotes o mercado tem tudo para cair mais 500-1000 pontos, e vir a negociar abaixo dos 90 c/lb no setembro/2020. E nos demais vencimentos abaixo dos 100 c/lb!
Nossa recomendação continua a mesma: produtores fiquem atentos e aproveitem as oportunidades para garantir preços mínimos para safra 2021/2022 e 2022/2023. Cuidado com as operações alavancadas, com os acumuladores, tanto para café quanto para câmbio.
Boa semana a todos!
*Marcelo Fraga Moreira atua há mais de 30 anos no mercado de commodities agrícolas e escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting.
** c/lb = centavos de dólar por libra-peso