O 50º episódio do podcast Procafé, realizado pela Fundação Procafé, teve como tema central as expectativas para a próxima safra cafeeira no Brasil. O bate-papo foi realizado pelos engenheiros agrônomos Alexandre Pedrosa e Alysson Fagundes.
Alysson começou comentando sobre a florada, que teve uma aparição pequena nas lavouras não irrigadas e um ótimo desempenho nas que são irrigadas, o que não é motivo para alívio, pois ele relembra que as lavouras irrigadas de arábica representam menos de 5% da cafeicultura do Sul de Minas e são inferiores a 10% se considerarmos o Brasil como um todo. “Quando se fala que a cafeicultura nacional tem 10, 12% de irrigação, é porque também está considerando o canéfora (conilon), que tem muito mais irrigação do que o arábica”, destacou.
Um dos fatores que impactam negativamente no resultado da florada nas lavouras é o clima, que não tem sido bom para a cafeicultura nos últimos tempos. “Nós tivemos déficits hídricos severos em junho, julho e agosto, então não tinha como ser diferente as floradas nas lavouras não irrigadas”, disse o engenheiro agrônomo. “Além de ser uma florada pequena, está com tudo para um baixo pegamento devido a baixa hidratação da planta e as baixas temperaturas ocorridas. Vamos torcer para termos uma segunda e talvez uma terceira florada melhor. Mas essa primeira florada, para a maioria das lavouras, foi muito ruim”, comentou.
Em relação às chuvas até a primeira quinzena de setembro, Alysson destacou que são mais do que necessárias, uma vez que a grande maioria das lavouras de arábica não irrigadas do Sul de Minas, Mogiana e Cerrado Mineiro, hoje em dia, estão em uma situação bastante difícil. “O que vai resolver a safra de 2023 é essa primeira quinzena de setembro. Se tivermos chuvas, teremos uma safra, em 2023, média/boa. Já não tem a menor possibilidade de supersafra. Se não tivermos chuvas na primeira quinzena de setembro e se a previsão meteorológica se confirmar, que é de setembro sem chuvas ou com pouquíssima chuva, aí sim nós teremos um problema muito grave. Com certeza um 2023 tão ruim quanto 2021”, afirmou.
O engenheiro agrônomo elencou os fatores que indicam que em 2023 o Brasil não terá uma supersafra de café: “Primeiro, o crescimento não ajudou. Nós não temos lavoura em tamanho normal para dar uma boa florada. Segundo, a geada ainda prejudica a safra de 2023, porque as lavouras recepadas só darão carga boa em 2024. As lavouras muito afetadas pela geada, que foram esqueletadas e ainda não voltaram ao normal, também vão afetar a safra de 2023. O clima não está ajudando, já estamos com déficit hídrico. Então eu não consigo enxergar um 2023 com safra boa”.
Ao final, Alysson e Alexandre destacaram a importância da irrigação nas lavouras. “Se o produtor pode irrigar um hectare, irriga um. Se ele pode irrigar dez, irriga dez. Se pode irrigar 100, irriga 100”, indicou. “É a garantia de que em um ano ruim, você continue vivo na cafeicultura e mantendo um padrão”, comentou Alexandre.
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