Da redação

Durante audiência pública na Câmara dos Deputados na última quinta-feira (24), produtores de café reclamaram do baixo preço da commodity, alegando que o governo brasileiro não está cumprindo o Estatuto da Terra (Lei 4.504/64), que estabelece que o preço mínimo dos produtos agrícolas deve levar em consideração o custo efetivo da produção, acrescido das despesas de transporte para o mercado mais próximo e da margem de lucro do produtor, que não pode ser inferior a 30%.


                                   Foto: Felipe Gombossy/ Café Editora

Neste ano, o preço mínimo do café arábica foi revisado em 0,84% (R$2,79) ficando em R$333,03 a saca de 60 kg. Para o diretor-presidente da Associação dos Cafeicultores do Brasil, Armando Mattiello, o valor está muito abaixo do que deveria, sendo 25% menor do que o valor do café na bolsa de Nova York. 

"Hoje, o preço mínimo do café deveria estar em R$ 693,00. Em 42 milhões de sacas, estamos falando de um prejuízo de R$ 29 bilhões", disse. 

De acordo com o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, o governo não pode aumentar o preço e criar falsas expectativas no setor, uma vez que não há orçamento para oferecer auxílio. "Não adianta dizer que temos R$2 bilhões ou R$3 bilhões para fazer subvenção porque, neste momento, nós não temos", explicou. 

O autor do requerimento para realização da audiência pública, o deputado Carlos Melles (DEM/MG), sugeriu a aplicação de recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) na contratação de uma auditoria internacional para que o país possa ter transparência nos números do café. "Se o Brasil, através do Funcafé, não contratar uma auditoria internacional, ficaremos sempre reféns e fazendo bobagens", comentou. 

A audiência sobre o setor cafeeiro foi promovida pelas comissões de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural; de Finanças e Tributação; e de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços da Câmara do Deputados. Com informações da Agência Câmara.