Representantes de 15 empresas produtoras de café organizaram uma viagem à China para receber treinamento técnico em processamento, antes do início das vendas para o país. Anteriormente, as empresas enviavam amostras de café para o país asiático. As primeiras abordagens ocorreram durante a primeira rodada de negócios que foi organizada no país após a abertura de relações diplomáticas com a China, no final de novembro do ano passado.
Essa rodada terminou com a assinatura de cartas de intenção entre as empresas. A embaixada chinesa informou na época que tinha a expectativa de faturar US $ 10,9 milhões. Uma das organizações que enviaram uma amostra para a China foi a Sociedad Cooperativa Marías 93, da Chinameca, de San Miguel.
"É uma oportunidade que foi dada ao pequeno setor produtivo, eles nos visitaram (os chineses), fizeram testes, provaram nosso café e nos disseram que estavam muito interessados no café Marías 93. Eles vão abrir o comércio conosco, seja grande ou pequeno", comentou José Alejandro Romero, sócio da cooperativa.
O café produzido por essa cooperativa é orgânico, assim como seu método de processamento e fertilizante. Como a produção foi afetada pela ferrugem, o plano é produzir entre 3.000 e 3.800 sacas de 60 quilos por safra. Atualmente estão reformando a plantação.
Antes do impacto da ferrugem, a cooperativa vendia para os Estados Unidos e Europa. "Nós já tínhamos um mercado, éramos exportadores, também vendíamos para o Canadá, nosso café não tem nenhum problema para deixar o país", disse Romero.
Uma das empresas chinesas interessadas em café salvadorenho é a APX (Asia Pacific Xuanhao Project Investment). O nome veio a público após a Comissão Executiva Portuária Autônoma (CEPA) autorizar o aluguel de terreno na área portuária de La Union para instalação de usinas, bem como o interesse em adquirir uma parcela da Ilha Perico, no Golfo de Fonseca. A controvérsia aumentou quando a mídia salvadorenha publicou que a empresa tinha uma divisão de tecnologia militar. Durante a última Feira da República Popular da China, realizada em novembro de 2018, a empresa chinesa reiterou seu interesse em investir em El Salvador e na compra de café salvadorenho.
O café é uma tradição nova na China, alguns jovens estão migrando para o consumo de café, APX quer ser um fornecedor de café para toda a população chinesa, estamos interessados em café, cacau, noni e também produtos como camarão, peixe. Para Mario Perez a APX é um grupo diversificado e está se aventurando em várias áreas de El Salvador, não apenas uma.
A compra de café é uma aposta de curto prazo, acrescentou Pérez. Segundo ele, o mercado chinês é grande, está comprometido com cafés especiais e tradicionais. A empresa visitou quatro cooperativas em El Salvador em novembro passado. Durante a exposição na China, a empresa deu uma palestra aos produtores de café sobre as preferências dos consumidores chineses em relação ao café e às embalagens.
Planos em El Salvador
A APX tem um projeto para a construção de uma área de serviços comerciais em El Salvador. De acordo com seu representante, até hoje a empresa está procurando terrenos para localizar o empreendimento, fora das áreas extra-portuárias. "Estamos trabalhando para desenvolver projetos em El Salvador e continuaremos avançando e apoiando o desenvolvimento econômico do país", disse Pérez.
Como ele explicou, empresas chinesas e de outros países poderão se instalar neste parque industrial. As atividades incluem catering, comércio, habitação, hotelaria e entretenimento, segundo a empresa durante a exposição. A empresa também tem interesse em se aventurar em Honduras e na Nicarágua.
As informações são do El Economista / Tradição Juliana Santin