Os modelos aéreos não tripulados não são lá novidade para os pesquisadores da Embrapa. “A Empresa tem trabalhado com drones desde 1998”, esclarece o pesquisador da instituição, Lúcio André de Castro Jorge. “Porém, agora, estamos atuando mais ainda com os softwares para agricultura de precisão”, completa.
É esse detalhe que agora é objeto de estudo e pode alavancar o uso da tecnologia por pequenos produtores. Em outubro do ano passado a Embrapa se uniu à empresa norte americana Qualcomm Wireless Research, que trabalha com processadores, e com o Instituto de Socioeconomia Solidária (ISES) – que analisa impactos sociais. “Existe um programa da Qualcomm para ver o impacto da mobilidade de novas tecnologias em comunidades carentes. A parceria visa, agora, trazer as inovações a todos os agricultores”, explica Jorge, que atua diretamente no projeto.
Lançamento do Programa de Desenvolvimento de Tecnologias para o Uso em Drones para Agricultura Precisão // Embrapa/ Divulgação
Potencial no café
A proposta é desenvolver um software que esteja acoplado ao drone, que sobrevoaria as áreas de lavoura e gere mapas com detalhes da propriedade – deficiência/ relevo/ produtividade. “Já selecionamos áreas de produtores familiares e pequenos para testar a tecnologia. Temos, inclusive, uma área de café entre as que possivelmente receberão testes da tecnologia”.
Drone para Agricultura Precisão // Embrapa/ Divulgação
De acordo com o programa, a prioridade é ter o protótipo de um drone de baixo custo para agricultura de precisão, até maio de 2017. A ideia é que parte do processamento das imagens possa ser feita em tempo real, pelo próprio veículo não tripulado, aproveitando um processador embarcado da Qualcomm e enviado via 4G para um smartphone ou tablet do agricultor.
O sistema permitirá detectar com precisão focos de pragas, estresse hídrico, déficit de nutrientes, danos ambientais, entre outros problemas. A identificação dos gargalos na produção será decisiva para impulsionar a produção dos pequenos, justifica a Embrapa. “Ao final, queremos que se transfira em massa para o produtor replicar essa tecnologia”.
Para chegar a esse resultado, os testes devem seguir já no 2º semestre deste ano no laboratório da Embrapa, em áreas de cooperativas e assentamentos. Dentre as áreas identificadas como possíveis parceiras, já estão propriedades cafeeiras. “O café é uma cultura que tem muito potencial, mas ainda não utiliza”, analisa o pesquisador.
Nas áreas cafeeiras onde há terreno montanhoso, como no Sul de Minas, por exemplo, as técnicas de geoprocessamento tem potencial para trazer avanços na programação dos produtores.
A economia na hora de adquirir os equipamentos é um dos maiores objetivos do projeto. “Se espera que chega 1/10 do valor que está hoje em mercado”, explica Lúcio André de Castro Jorge. A expectativa da Embrapa é lançar, comercialmente, uma solução que englobe tanto o drone quanto os softwares, a um preço próximo de R$ 5 mil. “Para que seja acessível aos pequenos agricultores, provavelmente, será necessária a oferta de um modelo de negócios de drones como serviço”, pondera Jorge.