A polêmica sobre a definição da tabela para o frete continua. Segundo representantes da Reuters, o setor cafeeiro já notou um aumento de até 100%. O tabelamento foi anunciado pelo governo como uma das medidas para estancar os protestos de caminhoneiros, que assolaram diversos setores da economia. Para os exportadores de café, as manifestações representaram 900 mil sacas que deixaram de ser embarcadas em maio.
Segundo Nelson Carvalhaes, presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), é praticamente impossível fazer tabelamento de fretes em um país continental como o Brasil. Isso gera um efeito cascata para custos com frete, não condiz com a realidade. “Todas as intervenções que ocorreram no passado geraram distorções e grandes prejuízos. Porém ainda não tenho cálculo fechado sobre o impacto dos fretes, mas alguns associados relataram o aumento”, afirma.
Para Carvalhaes, dependendo da região produtora, o frete para levar café até os terminais exportadores, como o Porto de Santos, chega a 2% do valor da saca. Atualmente, a saca do arábica está perto de R$ 460, enquanto a do robusta, em R$ 338, segundo acompanhamento do Cepea, da Esalq/USP.
A maior oferta neste ciclo, dada a bienalidade positiva do arábica, é vista como uma tábua de salvação para que as exportações do Brasil voltem a reagir, elevando a participação do país no mercado internacional.
A cooperativa Cooxupé, com sede em Guaxupé (MG), afirma que "quanto às exportações, os contratos já haviam sido fechados com as transportadoras, portanto, os valores dos fretes seguem o contratado até o momento." A cooperativa destacou que não possui caminhões próprios para o transporte de café.
Ontem (06/07) representantes do setor de grãos alertaram que a tabela de frete limita o escoamento e deve afetar o desempenho das exportações em junho.
Já o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, revelou que a Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT) se comprometeu a reavaliar o assunto.
O Jornal Valor Econômico, publicou hoje, uma nota dizendo que por conta do cenário confuso sobre o tema, a tabela que seria publicada hoje (07/06) foi adiada para amanhã (08/06).
Na quarta-feira o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirmou que a tabela não seria alterada. Horas depois, o ministro dos Transportes, Valter Casimiro, confirmou que uma nova tabela estava sendo preparada. Segundo ele existe uma chance dos novos valores serem menores do que os divulgados inicialmente, já que entrarão na conta modelos de caminhões que não haviam sido contemplados.
Segundo o Valor Econômico, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) anunciou que publicará um mandado de segurança contra o tabelamento. O presidente da entidade, José Ricardo Roriz Coelho, defendeu que os preços do frete sejam definidos naturalmente pelo mercado. Segundo ele, a tabela de preços mínimos proposta pelo governo eleva de 30% a 150% o preço final dos produtores, variação que sairá do bolso do consumidor final.
Deputados ruralistas pretendem protocolar emendas à Medida Provisória 832/2018, propondo uma tabela própria, com preços que contemplem os interesses dos produtores, frigoríficos e agroindústrias, com as grandes multinacionais que atuam na importação e exportação dos produtos.
Provavelmente, até amanhã, será enviado os novos valores desta tabela.
As informações são do Valor Econômico e Agência Reuters