Mais um capítulo da disputa entre indústria nacional de café torrado e moído e a de solúvel versus setor produtivo de café conilon ocorreu nesta terça-feira (7/1). A indústria pede a abertura à importação do grão de outras origens e argumenta que não há café disponível no país. Do outro lado, o setor produtivo sustenta que há conilon suficiente para abastecer as empresas, mas que é preciso pagar o valor mais alto, em decorrência da forte seca que atingiu os principais estados produtores nos últimos anos.
O ministro Blairo Maggi se reúne com setor e bancada ruralista e adia decisão sobre a importação de café conilon
Na mais recente reunião com produtores e bancada ruralista do Espírito Santo, principal estado produtor da variedade, o ministro Blairo Maggi (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) optou por adiar por mais alguns dias a decisão sobre a importação de café robusta. Participaram também da reunião com Maggi, o diretor-presidente do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Marcelo Suzart; OCB-ES; Centro de Desenvolvimento Tecnológico do Café (Cetcaf); Cooabriel; Centro do Comércio do Café de Vitória (CCCV); Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Estado (Fetaes); Confederação Nacional da Agricultura (CNA); dentre outros.
Apesar da boa notícia para os produtores, Maggi impôs uma condição. O ministro deu um prazo para que o setor apresente, até o fim desta semana, um relatório apontando quais os municípios e os armazéns onde estão os quatro milhões de sacas de café conilon, levantadas em estudo independente dos capixabas. Após a apresentação, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) vai conferir os dados para, posteriormente, o ministro encaminhar pela recomendação da liberação da importação ou não. Segundo a Sega/ES, se comprovado o estoque será descartada a importação.
O diretor-presidente do Incaper apontou, ainda, que a próxima safra já começa a ser colhida dentro dos próximos 60 dias e que, com isso, mais grãos vão chegar ao mercado. “Representantes da indústria presente disseram que eles não estão comprando e que tem estoque até maio, junho. E nós temos estoque nas cooperativas, produtores. Já houve comercialização nos últimos meses. O mercado está ofertando e a indústria não está comprando”, destacou Suzart.
Ele firmou que ao contrário do levantamento feito pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que apontou que existem, aproximadamente, 2,2 milhões de sacas disponíveis nos estoque. Esse número deve chegar a 4 milhões de sacas no levantamento do Estado, juntamente com Bahia e Rondônia. “O levantamento da Conab não levou em consideração os dados de todos os municípios”, apontou.
“O Espírito Santo tem café para oferecer. Nos próximos meses, o produtor começa a colher a nova safra e precisa liberar o estoque. Contando as sacas vendidas em janeiro, temos junto com os demais estados produtores aproximadamente 4 milhões”, acrescentou o presidente do Incaper. Na tarde de segunda-feira (6/2), uma reunião foi realizada com o governador em exercício do Espírito Santo, César Colnago; o secretário de Estado da Agricultura em exercício, Marcus Magalhães; membros da bancada federal e representantes do setor produtivo para debater o assunto.
A proposta do Governo
De acordo com números da Conab, existe um déficit de 1,274 milhão de sacas para atender à indústria brasileira. A proposta do governo é liberar a importação de um milhão de sacas, com distribuição mensal de 250 mil sacas de fevereiro a maio. Para isso, o café seria incluído na lista de exceção da TEC (Tarifa Externa Comum), até o limite de um milhão de sacas, com alíquota de 2%. Acima desse limite, a alíquota de exportação, que hoje é de 10%, sobe para 35%.
O Mapa destaque que seus dados demonstram queda na safra de café no Espirito Santo, em 2016, de 45% em relação ao ano de 2014. E a previsão para este ano é de que a safra seja muito próxima a do ano passado. Em contrapartida, as exportações aumentaram 116% sobre a média do período de 2010 a 2013 e, em 2015, foi registrado crescimento 163% acima da média de 2010 a 2013.
Veja, abaixo, os gráficos divulgados pelo Mapa sobre evolução da produção e da exportação: