Durante a 18ª Conferência da Associação Africana de Cafés Finos (AFCA), os participantes reclamaram dos baixos preços do café, que criaram desilusão para a maioria dos cafeicultores em todo o mundo, fazendo com que enfrentassem perdas enquanto procuram cobrir seus custos operacionais.
De acordo com a Nairobi Coffee Exchange (NCE), o café gerou 1,3 bilhão de xelins no Quênia (13 milhões de dólares) em dezembro de 2019, abaixo dos 2,2 bilhões de xelins no mesmo período de 2018, representando um declínio de 41%.
"Apesar da recuperação nos preços globais, o preço médio no final de dezembro de 2019 permaneceu inferior ao mesmo período em 2018, em 25,73 pontos percentuais, passando de 176 dólares em dezembro de 2018 para 150 dólares em 2019 por 50 kg", afirmou o chefe da NCE O executivo Daniel Mbithi ao fórum.
Denis Seudieu, economista principal da Organização Internacional do Café (OIC), observou que a safra pode ser escassa no mercado no futuro, pois muitos países provavelmente deixarão de produzir devido a uma queda nos preços que atualmente estão 30% abaixo da média. Afirmou, ainda, que o cenário atual, aliado aos caprichos das mudanças climáticas, deve provocar forte concorrência de outras bebidas, principalmente chá, cacau e refrigerantes.
"Como comunidade cafeeira mundial, tememos que a tendência de queda dos preços provavelmente desmoralize os agricultores e, assim, contribua para a produção reduzida, mesmo que a demanda por grãos cresça a uma taxa saudável de 2% ao ano. Desde 2016, o mercado de café experimentou uma tendência de queda contínua e hoje os preços estão 30% abaixo da média de 10 anos", afirmou.
O diretor executivo da AFCA, Samuel Kamau, argumentou que os participantes da cadeia precisam acelerar as discussões e sugestões para instituir um novo mecanismo de descoberta de preços. Segundo ele, isso ajudará a controlar a volatilidade dos preços no mercado global.
Após a saída dos Estados Unidos da OIC em 2018, existem discussões emergentes sobre favorecer outros mecanismos de descoberta de preços, já que a Bolsa de Café de Nova York (NYCE) não é mais justificável.
Desconsiderando o NYCE, argumentou Kamau, os produtores podem recorrer às plataformas de preços estabelecidas pelos países, por exemplo, Nairobi Coffee Exchange e Jakarta Coffee Exchange, no Quênia e na Indonésia, respectivamente.
O diretor-geral da Autoridade Agrícola e Alimentar (AFA) do Quênia, Anthony Muriithi, afirma que os agricultores sofrem com preços baixos, além do alto custo de produção e dos efeitos crescentes do clima.
"Nós alinhamos uma série de estratégias voltadas para proteger os agricultores contra a atual volatilidade dos preços. Estamos implementando novos regulamentos da indústria, revisando padrões, melhorando o fornecimento de sementes de qualidade e revendo o quadro jurídico atual", afirmou Muriithi.
As informações são da Xinhua / Tradução Juliana Santin