A Pesquisa Cafeeira Safra 2018/2019, realizada pelo CaféPoint e Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), foi lançada no dia 4 de outubro. Até o dia 23 de novembro, produtores de todo o Brasil puderam participar através de um formulário online. De 7 a 9 de novembro, durante a Semana Internacional do Café, feira que aconteceu em Belo Horizonte (MG), o CaféPoint contou com um estande, onde também era possível responder a pesquisa.
Nesse período foram coletadas 282 respostas e 280 analisadas. A conclusão foi que dessas, 93% foram de produtores de café arábica (Coffea arabica), e 7% de produtores de café conilon (Coffea canephora).
“A pesquisa tornou-se mais uma ferramenta para analisarmos as dificuldades e oportunidades para a cafeicultura brasileira. Esse ano os resultados obtidos foram muito condizentes com os levantamentos de safra da CONAB no que se refere ao aumento na produção. Os relatos sobre a qualidade confirmam o sucesso dos cafés do Brasil e o nosso potencial para agregação de valor. A pesquisa explicitou também nossa dificuldade em utilizar a ferramentas de gestão de risco. Todos esses fatores serão considerados no plano de trabalho da Comissão Nacional do Café da CNA em 2019”, Maciel Aleomir, assessor técnico da CNA.
Sobre as regiões: do Sul de Minas Gerais vieram 37% das respostas; das Matas de Minas 23%; do Espírito Santo 12%; do Paraná 9% e do Cerrado Mineiro 8%. As demais regiões produtoras contribuíram com 11% das respostas.
Com a já falada safra recorde e boas condições meteorológicas, 68% das pessoas que responderam a pesquisa verificaram um aumento da produção em relação ao ano passado, 16% obtiveram produção similar a da safra de 2017 e 16% apontaram uma redução na produção. Com isso, conclui-se que 84% das pessoas tiveram uma produção igual ou superior ao da safra colhida em 2017.
A colheita
As respostas apontam que o método manual foi o mais utilizado, isso por conta das condições topográficas dos participantes. Segundo o CNA, a colheita mecanizada ainda não é uma realidade na maioria das regiões produtoras de café do Brasil. Propriedades pequenas acabam não tendo condições financeiras para adquirir uma máquina para realização do processo.
Em relação à secagem, a predominância foi para os terreiros de asfalto e cimento, chegando a 44,2%. Os secadores mecânicos correspondem a 30,4% e o terreiro suspenso, 12%. O restante (13,4%) foi dividido entre estufas e terreiro de chão batido.
Em relação às pragas no cafezal, a ferrugem (Hemileia vastatrix) foi predominante nesta safra, com 36,2%. Os bons níveis pluviométricos e a alta carga de frutos são fatores que favorecem o desenvolvimento da doença.
Quanto às pragas de ramos, o bicho mineiro (Leucoptera coffeella) foi o que mais se destacou, com 22,8% das respostas. A ausência de chuva durante os meses da colheita, possivelmente, favoreceu o desenvolvimento dessa praga. A broca-do-café (Hypothenemus hampei) foi recorrente nessa safra, com 22,6%. A evolução dos ataques por broca ocorre por conta da sobrevivência na entre safra e a ausência de produtos químicos de supressão massiva dessa praga, já era esperado ocorrências significativas de ataque para essa safra.
Valores
Com relação às vendas desta safra, 64% dos participantes afirmaram não realizar a venda futura da produção. Dos 36% que afirmam realizar a venda futura, 23% a realizam com as cooperativas, e os 13% restantes fazem uso de outras formas de venda futura como nos mercados de valores por meio das corretoras.
Aqueles que não realizaram a venda futura podem ter comercializado no momento da colheita, ou fazem a armazenagem na propriedade para posterior comercialização no mercado físico. Para os especialistas do CNA, esse cenário é preocupante quando avaliado a gestão de risco. Ao considerar as oscilações cíclicas, sazonais e voláteis do preço no mercado internacional, a comercialização futura é um mecanismo importante para garantia da renda.
O relatório completo está disponível aqui.