A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou seu primeiro levantamento da safra cafeeira para este ano. Segundo os dados, os produtores deverão colher a terceira maior safra do grão, com uma produção esperada de 55,7 milhões de sacas de 60 kg. A estimativa representa um acréscimo de 16,8% em comparação a 2021, aumento já era esperado devido à temporada anterior ser de bienalidade negativa, enquanto que este ano é positiva.
O resultado só não é melhor que os desempenhos registrados nos anos de 2020 e 2018, por conta das condições climáticas adversas registradas principalmente entre os meses de julho e agosto em 2021. A estiagem e as geadas ocorridas com maior intensidade nos estados de Minas Gerais, São Paulo e Paraná impactaram nas condições fisiológicas dos cafezais. Com isso, as produtividades, em especial do arábica, não deverão manifestar seu pleno potencial produtivo. Ainda assim, a produção para esta espécie de café deverá ser acrescida em 23,4% em relação à safra anterior, sendo estimada em 38,7 milhões sacas.
Já para o canéfora (conilon), a expectativa é de um novo recorde com a colheita podendo chegar próxima a 17 milhões sacas. O aumento de 4,1% em relação à safra anterior combina a elevação da área plantada, estimada em 3% (passando de 375,2 mil hectares para 389,1 mil há), e uma ligeira melhora na produtividade de 0,4%, saindo de 43,4 sacas colhidas por hectare cultivado para 43,6 sc/ha.
Área
A área destinada à cafeicultura, quando consideradas as duas espécies, totaliza 2,23 milhões de hectares, representando acréscimo de 1,7% sobre o ciclo anterior. Considerando apenas as lavouras em produção, o índice fica próximo da estabilidade e soma 1,824 milhão de hectares em relação ao período anterior.
Já a área de formação deverá ter acréscimo de 6,4%, alcançando 416,7 mil hectares. Se compararmos com 2020, último ano de bienalidade positiva, o crescimento para as áreas que não registram produção chega a ser de 50%. “Esse elevado aumento da área em formação mostra os efeitos das condições climáticas adversas registradas no ano passado. A estiagem e as baixas temperaturas exigiram um manejo de poda mais intenso, conduzindo uma área significativa de café para produção somente na safra 2023 ou 2024”, destaca o diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, Sergio De Zen.
Em relação ao mercado, o levantamento destaca que o cenário neste início de ano é de restrição da oferta de café no mercado interno, influenciado pela redução na produção em 2021, demanda exportadora aquecida e pelo período de entressafra. Mesmo com a maior produção estimada no país em 2022, a tendência é que os preços do produto se mantenham pressionados, uma vez que é esperada uma redução nos estoques mundiais de café para o ciclo 2021/2022. Este panorama de preços elevados estimula as vendas externas.
Apenas em 2021, o Brasil exportou cerca de 42,4 milhões de sacas de 60 kg de café verde, o que representa um recuo de 3,3% em relação ao volume exportado no ano anterior, mas um aumento na receita de 15,3%, chegando a US$ 6,4 bilhões. Vale lembrar que, em 2020, o país registrou o recorde de vendas ao mercado externo, favorecida naquele ano pela maior produção já registrada no Brasil. Além disso, mesmo com a redução registrada nos embarques entre 2020 e 2021, a quantidade exportada no ano passado é 14,3% maior que a exportação média dos cinco anos anteriores.
Para acessar o relatório completo, clique aqui.