Destinar matéria orgânica residual para a compostagem é uma prática sustentável e inteligente, pois permite a transformação do lixo orgânico em um poderoso fertilizante para o solo e as plantas. Adotar posturas que impactam menos o meio ambiente é o que tem motivado uma equipe de professores e funcionários do Instituto de Laticínios Cândido Tostes (ILCT), vinculado à Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), a conduzir importante trabalho de reciclagem de resíduos orgânicos, oriundos da área verde do instituto, a fim de devolvê-los para a natureza em forma de nutrientes para o solo.
“A compostagem melhora as características físicas, químicas e biológicas do solo. As vantagens são infinitas, pois, ao invés de mandarmos esse material para um aterro sanitário, como era feito anteriormente, reciclamos e o devolvemos para o solo”, explica Claudety Saraiva, professora-pesquisadora do ILCT e coordenadora do projeto.
Foto: Marcelo Ribeiro/Epamig-ILCT
Segundo ela, todos os profissionais do Instituto têm se engajado em separar o lixo e auxiliar no processo de organização dos resíduos. “E isso inclui até borras de café, que são separadas e destinadas às leiras de compostagem, contribuindo para o processo e qualidade do composto final”, comemora a professora. A equipe da EPAMIG-ILCT recebeu suporte técnico da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) para a elaboração do projeto, bem como para a implementação inicial da unidade de compostagem.
O passo-a-passo se dá da seguinte forma: após o serviço de jardinagem, capina e poda das árvores, o funcionário responsável leva o material para a unidade de compostagem e o local onde as leiras serão formadas é forrado com folhas de palmeiras e outros materiais consideradas mais “grosseiros”, para melhorar a aeração do sistema. Em seguida, ele alterna camadas de material vegetal dos resíduos com camadas de esterco bovino seco, para aumentar a concentração de nitrogênio. “O material vegetal oriundo da jardinagem é muito rico em carbono, mas pobre em nitrogênio, por isso é preciso suplementar, pois sem esse equilíbrio não há a produção do composto desejado”, detalha Claudety Saraiva.
Foto: Marcelo Ribeiro/Epamig-ILCT
Plantas mais felizes e possibilidades de comercialização
É necessário um manejo constante das leiras, que chegam a ter altura de um metro, mas perdem aproximadamente cerca de 60% do seu volume inicial quando a compostagem está finalizada. Como é um processo natural e biológico, é importante controlar os fatores que interferem no processo como temperatura, umidade, aeração e relação carbono e nitrogênio da biomassa. Segundo a professora do ILCT, o processo pode durar de 9 a 16 semanas, até que o fertilizante orgânico esteja apto para uso. “Sabemos que o composto ficou pronto quando ele apresenta cheiro e aspecto de uma terra escura, com a presença de alguns insetos e predominância de minhocas”.
O responsável por esses cuidados diários é o jardineiro da EPAMIG-ILCT, Edson Luis da Silva Veiga. Além de fazer as podas das plantas do Instituto, ele realiza as medições, controla a entrada de matéria orgânica e, de 15 em 15 dias, revira todas as leiras para, assim, incorporar mais oxigênio e balancear a temperatura da terra. “Conheci de perto o trabalho de compostagem aqui no ILCT. O composto final nem se parece com aquela grama que cortei há meses atrás. É uma prática que me traz muita satisfação, pois ao invés de poluirmos o meio ambiente, devolvemos essa matéria orgânica para o solo. Escolhi essa carreira justamente para estar mais próximo da natureza e consigo sentir a energia viva das plantas. Elas sentem nossos cuidados e devolvem essa alegria para a gente”, relata Edson Luis.
Desde dezembro passado, a equipe tem utilizado o composto orgânico gerado pela unidade de compostagem na adubação das áreas verdes do ILCT. Claudety Saraiva lembra que, futuramente, há planos para comercializar o fertilizante natural em pequenos sacos de 2kg e disponibilizá-los para produtores e interessados em geral. Por fim, ela lembra sobre a importância pedagógica de todo o trabalho. “Essa unidade será usada como ferramenta de ensino no Curso Superior de Tecnologia em Laticínios, ofertado pelo ILCT, para que os alunos possam vivenciar, na prática, todo o processo de compostagem, desde a implantação das leiras até o ensacamento do composto final”, conclui a professora, que leciona as disciplinas de “Gestão ambiental” e “Tratamento de resíduos” no Instituto.
Confira abaixo o vídeo produzido pela equipe da EPAMIG-ILCT sobre os trabalhos na unidade de compostagem:
As informações são da Epamig.