O governo colombiano assinou o Acordo Café, Floresta e Clima, representando os exportadores, produtores e sociedade civil do país, e sendo um marco nos esforços contra a mudança climática no setor cafeeiro.
De acordo com o The Coffee, Forest & Climate Agreement, mais de meio milhão de produtores e quase 10% de toda a produção global serão afetados por este acordo que reúne colaboração pública e privada.
O acordo reconhece a importância desta aliança público-privada como um veículo para o crescimento econômico sustentável e inclusivo, e está alinhado com a Declaração de Nova York sobre Florestas, o Acordo Climático de Paris e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. Também é enquadrado por acordos de cadeia de fornecimento livre de desmatamento, como o compromisso internacional da Colômbia, o Tropical Forest Alliance (TFA).
“Com a assinatura desse acordo, o Governo Nacional cumpre um de seus principais objetivos no combate ao desmatamento associado à produção agrícola”, afirma Carlos Eduardo Correa Escaf, ministro do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Colômbia.
Com a produção anual de café da Colômbia atingindo aproximadamente 14 milhões de sacas, a indústria do café cria mais de 720 mil empregos diretos, com mais de 2,5 milhões de pessoas dependendo da cultura como forma de renda.
Os especialistas em clima, entretanto, previram que a área adequada para o cultivo de café será reduzida em até 50% até 2050, o que pressionará as florestas andinas e subandinas, à medida que os produtores procuram novas áreas de cultivo.
Os produtores de café que assinaram esse acordo são representados pela Federação Nacional dos Cafeicultores, enquanto os exportadores de café são representados pela Associação Nacional dos Exportadores de Café da Colômbia (AsoExport). O acordo também foi assinado por empresas globais de café, como a Nespresso, e organizações internacionais da sociedade civil, como a TFA e a Solidaridad.
Países como Alemanha, Suíça, Noruega, Holanda e Reino Unido também endossaram o acordo como uma contribuição efetiva para as Contribuições Nacionalmente Determinadas da Colômbia. Eles rastreiam os esforços feitos por cada país para reduzir suas emissões nacionais e mitigar os impactos das mudanças climáticas.
“Estamos trabalhando por um café mais sustentável, conservação e recuperação florestal no centro de nossa estratégia de sustentabilidade”, explicou Roberto Vélez Vallejo, Gerente Geral da Federação.
O Acordo Café, Floresta e Clima tem três pilares principais. O primeiro é focar na adaptação ao clima por meio do estabelecimento de modelos de produção agroflorestais e inteligentes para o clima. Isso contribui para a produtividade e aumenta a resiliência da comunidade cafeeira, ao mesmo tempo que diminui a volatilidade da oferta.
O segundo pilar é a conservação e restauração de florestas e a proteção de áreas próximas às regiões de cafeicultura. O terceiro pilar é destacar o compromisso da Colômbia com a mitigação das mudanças climáticas. Este pilar fará com que todos os que assinaram o acordo trabalhem para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e otimizar o comércio e os serviços ecossistêmicos fornecidos por cafeicultores em mais de um milhão de hectares.
“Esta é uma grande oportunidade para as empresas reduzirem a volatilidade do fornecimento e alcançarem compromissos de carbono zero líquido por meio da compensação [e] inserção”, disse Joel Brounen, gerente nacional da Solidariedad na Colômbia.
“A prova de conceito existe para tornar as plantações de café negativas em termos de carbono e mais resilientes ao clima. As plantações de café com sistemas agroflorestais tornam-se sumidouros de carbono e podem trazer uma renda adicional muito necessária para os cafeicultores por meio da venda de créditos de carbono”.
Solidaridad é a secretaria técnica do Acordo Café, Floresta e Clima, e atua como a organização principal que apoia os signatários na implementação e reforço mútuo de atividades.
Isso inclui a geração de conhecimento sobre o manejo de árvores na produção de café, o desenvolvimento de estratégias para reduzir o desmatamento nas áreas de cafeicultura, a implementação de práticas para reduzir a pegada de carbono e muito mais.
A Solidaridad também terá um papel facilitador de conversas entre as organizações participantes que ajudarão a desenvolver e implementar efetivamente projetos que promovam o plantio de árvores e o manejo florestal sustentável, em linha com o TFA.
Por fim, a marca também estruturará “mecanismos, instrumentos e ferramentas de financiamento” para melhor gerenciar os recursos para a implementação de estratégias de mudança climática.
O acordo está aberto a novos membros e incentiva empresas, organizações e/ou entidades interessadas a entrar em contato com a Solidaridad ou encontrar mais informações em www.acuerdocafebosqueyclima.com.
As informações são do Global Coffee Report / Tradução Juliana Santin