No ano passado, durante a Semana Internacional do Café (SIC), o CaféPoint realizou uma pesquisa, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), para entender melhor as condições de trabalho dos cafeicultores brasileiros.
Sobre o processo de colheita do café, 42% dos produtores participantes indicaram que realizam a derriça manual sem equipamentos em sua propriedade, 25% contam com colheita mecanizada, 23% fazem a colheita com equipamentos acoplados ao corpo e 10% faz uso da colheita manual seletiva, na qual selecionam os frutos cerejas. De acordo com o relatório da pesquisa, os resultados foram condizentes com as condições topográficas e fundiárias das regiões dos entrevistados.
A colheita da nova safra já está próxima. Pensando nisso, separamos algumas dicas que a Emater inseriu no Manual do Café para esclarecer dúvidas existentes neste período.
Colheita manual
Ao iniciar-se a colheita do café, todos os cuidados devem ser tomados, a fim de preservar a qualidade dos frutos. Atualmente com o coronavírus, as precauções devem ser redobradas e, por isso, a FAEMG separou uma cartilha de como seguir neste período.
Uma forma de colheita largamente utilizada no Brasil é a derriça total no pano. Devem-se evitar danos excessivos aos ramos e às folhas, não só para preservar a produção seguinte, como também para evitar ferimentos que constituirão uma porta de entrada para agentes patogênicos (fungos e bactérias).
Outra forma de se colher o café manualmente é a colheita seletiva que é feita no pano somente dos frutos cereja. Os frutos verdes serão colhidos mais adiante quando estiverem maduros. Nesse caso, poderão ser necessárias duas a três colheitas por planta ou talhão devido à desuniformidade existente na maturação do café.
Esta é influenciada por diversos fatores, como clima, altitude, número de floradas, adensamento da lavoura, entre outros. Por ser uma operação que necessita de maior mão-de-obra, é mais empregada por alguns cafeicultores com o objetivo de se obter um café superior, uma vez que cereja é a matéria prima adequada.
Colheita mecânica
Juntamente com a expansão da cafeicultura e com a implantação de lavouras em regiões de topografia mais adequada à mecanização, desenvolveram-se máquinas e equipamentos, visando a derriça e recolhimento mecânico do café, com maior rendimento, menor custo e em menor tempo, contribuindo para preservar a qualidade do produto mediante a realização da colheita no momento mais adequado de maturação.
O aperfeiçoamento das colhedoras automotrizes e tracionadas viabilizou a colheita mecânica em terrenos com declividade superior a 15%. Mais recentemente, a terceirização da colheita mecanizada está possibilitando a adoção desta prática também nas pequenas propriedades. As derriçadoras motorizadas manuais permitiram a mecanização parcial da colheita em áreas montanhosas.
Colhedoras
As colhedoras de café podem ser automotrizes ou tracionadas. Essas máquinas, através de sistemas hidráulicos, com varetas vibratórias, fazem o trabalho de derriça, recolhimento, abanação e descarga do café na forma ensacada ou a granel. As automotrizes, como o nome sugere, tem propulsão própria e as tracionadas necessitam ser acopladas a um trator através da barra de tração e da tomada de força.
As colhedoras automotrizes ou tracionadas trabalham sobre as linhas de café em declividades até 15%, com segurança da operação. Algumas têm bitola mais estreita, para lavouras mais adensadas, podendo operar em declividades maiores.
Vários modelos de colhedoras automotrizes trabalham com sistemas bastante semelhantes de derriça e recolhimento dos frutos e, em sua grande maioria, a descarga do café é feita através de bica lateral em carreta graneleira, ensaque lateral ou depósito próprio.
O rendimento médio dessas colhedoras está em torno de 3.000 litros por hora, com velocidade de 600 a 1.200 metros por hora, com vibração entre 800 a 1000 ciclos por minuto.
Colheita Mecânica Seletiva
Tem por finalidade colher apenas os frutos maduros, visando obter um produto mais uniforme e proporcionar melhor qualidade final, tanto no preparo por via Retirada parcial das varetas inferiores Retirada total das varetas inferiores seca quanto por via úmida.
Pode ser feita a colheita apenas da parte superior das plantas (ponteiros), com a retirada das varetas vibratórias inferiores da máquina ou com a regulagem da intensidade de vibração e velocidade de deslocamento.
Recomendações para melhor desempenho das colhedoras
• Definir o espaçamento entre as linhas de acordo com as máquinas disponíveis no mercado;
• Fazer o plantio com as mudas alinhadas para reduzir a quebra de ramos das plantas, das varetas e aletas da máquina na colheita do café;
• Locar os carreadores para manobras com largura de 7 metros para as tracionadas e de 5 metros para as automotrizes;
• Quando houver alta umidade no solo, as colhedoras deverão trabalhar com rodagem larga ou dupla para minimizar a compactação e o enterrio de café caído no chão;
• Em colhedoras providas de depósito de grãos, cuidar para que o mesmo não tenha a sua carga completada antes do final do talhão;
• Treinamento dos operadores.