O mês de fevereiro foi preocupante para os produtores da cidade de Três Pontas (MG), que viram que seus cafés haviam desaparecido do armazém que depositavam os grãos.
A estimativa foi de aproximadamente 25 mil sacas de café desaparecidas do galpão do Armazém Café Confiança. O empresário proprietário do armazém, Luciano Vítor de Faria, disse à polícia que abriu a empresa em 2012 e que desde então começou a administrar os cafés de pelo menos 15 produtores da cidade, na forma de cooperativa. Ou seja, vendia o café no mercado futuro e repassava os lucros aos produtores. Segundo Luciano, nos dois primeiros anos tudo teria ocorrido dentro das expectativas. Mas a partir de 2014 algumas negociações erradas foram feitas, surgindo às dívidas, por isso, começou a usar as sacas de cafés dos cooperados para sanar seus compromissos.
Pensando em como os produtores devem agir ao escolher um lugar para armazenar os grãos, entramos em contato com algumas cooperativas. A Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de Três Pontas (Cocatrel), que reúne cerca de 5 mil produtores rurais em 90 municípios, sanou algumas dúvidas.
Segundo a empresa, uma cooperativa é uma sociedade de pessoas que se reúnem por um objetivo comum. Dentro dos princípios cooperativistas, suas ações devem ser iguais para todos os seus associados, sejam eles pequenos ou grandes cooperados. Em uma cooperativa, a assembleia (formada pelos cooperados) é soberana e é ela quem escolhe seus dirigentes (conselhos de administração e fiscal). As cooperativas possuem incentivos fiscais, o que as tornam mais viáveis economicamente, e não possuem fins lucrativos, apesar de sempre evitar sobras no final do exercício. Na Cocatrel, há sete anos, parte dessas sobras são divididas para os cooperados, prática que a diferencia de outras cooperativas, e a outra parte é reinvestida na própria cooperativa.
A Cocatrel está em 10 municípios, o que facilita para aproximar e diminuir os custos dos cooperados, pois podem levar seus cafés para a filial mais próxima de suas propriedades. Ao depositar e movimentar esses cafés na cooperativa, os cooperados possuem vários benefícios, como assistência técnica gratuita, laboratório de análises de solo e folhas, plano de saúde com valores diferenciados, oficina de máquinas, feiras para a realização de compras de maquinários e insumos, a preços reduzidos (por causa do volume comercializado) e pagamento através da troca por café (barter), entre outros.
A cooperativa recebe cafés certificados UTZ, Rainforest Aliance, Certifica Minas, Fair Trade, Café Practices e 4C, orientando seus cooperados a seguirem as leis ambientais, sociais e trabalhistas, de acordo com as solicitações do governo e também das certificadoras.
Em relação à segurança das sacas na cooperativa, a Cocatrel afirma que, a partir do momento em que o cooperado emite a nota fiscal para descarregar o café na cooperativa, ele está seguro. Quando ele chega aos armazéns, a partir do número de sua NF, é gerado um QR code. Esse código contém todas as informações da fazenda e do café do produtor, que poderá ser rastreado sempre que ele quiser. Os armazéns contam com o sistema RFID de rastreamento, o que garante segurança e agilidade. Sendo assim, nenhum café entra na cooperativa sem nota fiscal.