O presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Silas Brasileiro, participou do Simpósio "Alcançando os ODSs: Desafios para a cadeia de valor do café. Soluções compartilhadas para os níveis de preços, a volatilidade e a sustentabilidade no longo prazo", em Bruxelas, na Bélgica. O evento foi realizado pela Organização Internacional do Café (OIC) em parceria com a Comissão Europeia e a Federação Europeia de Café (ECF, em inglês).
A ideia foi debater sobre propostas para apoiar a sustentabilidade do setor cafeeiro mundial, as quais serão apresentadas ao recém-eleito parlamento europeu, que tomará posse no dia 2 de julho.
Durante as discussões sobre a crise de preços, o presidente do CNC afirmou que as cobranças sobre os cafeicultores e suas cooperativas são cada vez maiores em relação aos investimentos para garantir boas práticas ambientais e sociais, mas a remuneração segue a tendência contrária, diminuindo ao longo dos anos.
“Na ausência de soluções, que somente serão implantadas se houver real comprometimento dos consumidores com a sustentabilidade econômica da cafeicultura, este cenário poderá comprometer o abastecimento futuro do mercado”, alertou Silas.
O presidente do CNC participou do painel “Políticas e Estratégias para atingir os desafios de sustentabilidade para o setor cafeeiro” junto com Marcelo Burity, da Nestlé; Reena Eddiks, da Volcafe; Gerd Fleischer, da GIZ; e Josphine Ndikwe, da Associação de Produtores de Café do Quênia, para debater as análises iniciais realizadas pela equipe do professor Jeffrey Sachs, que foram apresentadas por seu colega professor James Rising, da London School of Economics. Além de ferramentas para amenizar os efeitos das mudanças climáticas e aprimorar a transparência ao longo da cadeia café, o estudo prevê a ideia de um fundo para complementar a renda dos pequenos produtores em dificuldades financeiras.
“Reforçamos o convite e percebemos um grande interesse dos representantes de diversos países produtores e consumidores em continuar essa discussão no II Fórum Mundial de Produtores de Café, que o Brasil realizará nos dias 10 e 11 de julho, em Campinas (SP)”, revelou o presidente do CNC.
Sobre a ideia do fundo, Silas Brasileiro recomendou cuidado para esses potenciais recursos não estimularem novos plantios e que o foco deve ser o ordenamento da oferta. Como exemplo, citou o Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) no Brasil, que é gerido pelo Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC), um case de sucesso de parceria público-privada na organização setorial.
O simpósio foi o quinto evento realizado como parte do "Diálogo Estruturado em Todo o Setor" da OIC para implementar a Resolução 465 sobre os Níveis de Preços do Café. O objetivo foi reunir diferentes ideias e envolver todos os segmentos da cadeia global e a sociedade civil na busca por soluções práticas para garantir um setor cafeeiro sustentável, principalmente na dimensão econômica.
Entre as recomendações elencadas, constam: (i) mais investimentos e disseminação das inovações tecnológicas existentes para ampliar a transparência ao longo da cadeia café e melhor remuneração aos produtores; (ii) o apoio ao cooperativismo como forma de empoderar os cafeicultores para gerir riscos e acessar mercados; (iii) a remoção de quaisquer barreiras financeiras ao consumo, incluindo as tarifas sobre importação de café industrializado; e (iv) a promoção permanente do consumo de café.
As propostas reunidas pela OIC serão apresentadas no Fórum de CEO´s e Líderes Globais durante a 125ª sessão do Conselho Internacional do Café, em setembro, na sede da Organização, em Londres, Inglaterra. O objetivo será criar um roteiro com ações concretas para enfrentar a crise dos preços do café e a volatilidade, impulsionar a mudança transformacional no setor e trabalhar para alcançar os “Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”.
Os resultados desse diálogo setorial serão expostos, também, no primeiro "Relatório de Estratégia Econômica da OIC", que também será lançado em setembro deste ano e incluirá uma análise empírica rigorosa sobre o impacto dos níveis de preços e as recomendações para soluções acessíveis para a geração de renda.
As informações são do Conselho Nacional do Café (CNC).