Na última semana, o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou resoluções para o agro de forma emergencial que atenderam a produtores e cooperativas mais sensíveis, de pequeno e médio porte, que enfrentam situação crítica devido à frustração de safra, impedimento de comercialização e severa perda de renda decorrente das medidas de isolamento social e/ou de condições climáticas adversas predominantes no primeiro trimestre de 2020.
O Conselho Nacional do Café (CNC) tem dialogado de forma permanente com o governo federal, transmitindo atualizações sobre os impactos da pandemia na cafeicultura e solicitando medidas, com fundamento, que garantam mais segurança para os cafeicultores e suas cooperativas atravessarem esse período de incertezas.
“Em relação ao café, temos trabalhado junto ao governo federal para a liberação antecipada do orçamento recorde de R$ 5,71 bilhões do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) para a safra 2020/2021, o que será de grande importância para o setor”, destaca Silas Brasileiro, presidente do CNC.
Segundo ele, quaisquer medidas adicionais que se façam necessárias serão solicitadas com embasamento técnico e de forma tempestiva junto ao governo. “Para isso, seguimos monitorando o cenário no campo, nessa fase inicial da colheita, para trabalharmos respostas rápidas a quaisquer dificuldades que possam surgir aos cafeicultores e suas cooperativas”, revela.
O presidente do CNC avalia que a liberação antecipada dos recursos do Funcafé funcionará como uma injeção de liquidez no setor, fundamental a partir da segunda quinzena de maio e início de junho, quando a colheita do café alcançará volumes significativos.
“Com acesso ao capital da linha de Custeio, o cafeicultor terá fôlego para realizar seu pagamento semanal aos trabalhadores da ‘panha’ e, com os de Estocagem, não precisará vender o café em momentos inoportunos do mercado, protegendo sua renda”, explica.
Dos R$ 5,71 bilhões que o Fundo tem disponíveis para a safra 2020, R$ 1,6 bilhão é destinado à linha de financiamento de Custeio; R$ 2,3 bilhões para Estocagem; R$ 1,15 bilhão para Aquisição de Café (FAC); R$ 650 milhões para Capital de Giro; e R$ 10 milhões para Recuperação de Cafezais Danificados.
Os agentes financeiros que integram o Sistema Nacional de Crédito Rural, interessados em operar os recursos do Funcafé na temporada cafeeira 2020/2021, já foram avisados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) que devem enviar suas propostas até a próxima quarta-feira, 22 de abril, através do e-mail funcafe@agricultura.gov.br.
Na última semana, o CNC comunicou à ministra Tereza Cristina que quaisquer medidas de apoio ao setor produtivo não podem afetar a longevidade do Fundo, que tem função primordial no ordenamento da oferta de café e no apoio ao custeio da atividade.
“O capital do Funcafé não pode ser tratado da mesma forma que os recursos do Tesouro. Explicamos para a ministra que o Fundo, constituído com recursos dos produtores, não é mais realimentado, por isso a relevância da taxa de remuneração para sua recomposição, viabilizando a oferta de orçamentos crescentes às gerações atual e futura de cafeicultores”, aponta o presidente do CNC.
Nesse momento de incertezas devido à pandemia de covid-19, o CNC ressalta a importância dos cafeicultores investirem mais no planejamento e na gestão de seu negócio. Para isso, é fundamental que se aproximem e se fidelizem a suas cooperativas.
"O cooperativismo é o que há de mais moderno em gestão e oferece meios para que os cooperados alcancem rentabilidade e tenham condição digna de vida. O café é um dos principais exemplos nesse sentido, pois, através das nossas cooperativas, temos assistência técnica, armazenamento, beneficiamento e agregação de valor ao produto. Dispomos também de diversas ferramentas de comercialização, como as operações de mercados futuros (hedge) e barter para aquisição de insumos e maquinários, tendo o café como moeda”, explica Silas.
Para ele, ao longo dos anos, as cooperativas cafeeiras têm elevado seu nível de excelência no sentido de auxiliar os produtores na gestão do risco de preços do mercado. Os produtores que acessam as ferramentas de hedge e barter, assessorados pelas cooperativas, conseguem ter previsibilidade de receita, planejar seus investimentos com segurança, protegendo sua capacidade de pagamento e preservando seu score junto aos agentes financeiros.
As informações são do CNC.