Vivendo um cenário completamente oposto do que estava sendo observado nas últimas safras, o produtor de arábica está vendo o abril mais chuvoso dos últimos anos. De acordo com dados coletados nas estações meteorológicas do Sismet, da Cooxupé, ainda restam três dias para o fim do mês, mas em boa parte do parque cafeeiro as chuvas já estão acima do histórico mensal.
Na região de Carmo do Rio Claro, por exemplo, o volume já ultrapassou os 140mm, quando a média esperada é de 89,4mm. Em Caconde, o cenário é parecido, com acumulados de 140,80mm, quando a média esperada é de 70,05mm. Em Alpinópolis, o volume também já está mais do que o dobro acima da média prevista, condição que se repete em outros municípios produtores, inclusive em áreas do Cerrado Mineiro.
As chuvas tão esperadas pelo produtor, a partir de agora, podem começar a atrapalhar o andamento da safra 2023 - que ainda tem ritmo lento nas principais áreas de produção do país. Segundo Alysson Fagundes, pesquisador e engenheiro agrônomo da Fundação Procafé, a instabilidade no tempo nas últimas semanas atrasou o início da colheita em algumas áreas de monitoramento da Fundação.
Os dados do Sismet mostraram ainda que abril de 2023 tem volumes acima do que foi registrado em 2022, 2021, 2020 e, em algumas áreas, acima até mesmo do que foi registrado em 2019 e 2018.
Ainda é cedo para afirmar os impactos na safra 2023, mas ele comenta que o excesso de chuva inclusive resultou em queda de alguns frutos. Além disso, caso continue chovendo, a preocupação a partir de agora passa a ser com a qualidade da safra. Vale lembrar que, nos últimos anos, os cafés diferenciados ou especiais deram suporte positivo para alguns produtores passarem com menos impactos pelos momentos de crise com a baixa produção.
Veja os dados coletados até esta quinta-feira (27) pelo Sismet:
Próximos dias
Segundo as previsões do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), os modelos ainda mostram áreas de instabilidade que podem levar a novas chuvas em áreas de café nos próximos dias, como, por exemplo, em São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo. Não há indicativos de chuvas volumosas, mas caso se confirmem, as chuvas podem atrapalhar o avanço da colheita.
As informações são do portal Notícias Agrícolas (por Virgínia Alves).