Utilizada normalmente para adubação, a casca do café robusta também pode servir para a produção de alimentos, cosméticos e bebidas. Pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL), da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios; e do Instituto Agronômico, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, desenvolveram uma tecnologia que obtém a cafeína sem o uso de solventes.
O ingrediente natural aquoso e seco extraído da casca é rico em antioxidantes e compostos de interesse nutricional, além da cafeína necessária para a produção de alimentos e bebidas de baixo valor calórico e energético natural. Também pode ser aplicado na formulação de cosméticos e fármacos naturais.
“A intenção é fazer produtos saudáveis por ser uma matéria natural sem uso de solventes no processo”, explica Gisele Camargo, pesquisadora do ITAL. De acordo com a cientista, não há no mercado fontes provenientes de resíduos da agroindústria do café, cultura que ocupa a segunda posição nas commodities de maior valor no mundo. Dessa forma, o resíduo pode ser valorizado e vendido para as indústrias.
Gisele explica que o produto pode ser congelado para manter os compostos, como os antioxidantes, e processado até se tornar uma farinha para produção de biscoitos, pães e barras de cereis, enriquecendo o produto final.
O ingrediente apresenta teores de cafeína de 500 a 2000 µg (micrograma por quilo), além de polifenois, epicatequina e ácidos clorogênicos. A pesquisa também utilizou o café arábica, porém o robusta apresenta quantidade maior de cafeína.
A valorização da cadeia deve ser pensada por pequenos e grandes produtores. O processo de extração reduz o descarte de resíduos orgânicos e pode ser desenvolvido por associações e cooperativas. As empresas interessadas em licenciar a tecnologia podem entrar em contato através do e-mail nit@apta.sp.gov.br ou por telefone (19) 2137-8930.