Carlos Brando conta com um currículo extenso: ele é presidente do Conselho da Plataforma Global do Café (GCP); membro dos conselhos da UTZ Certified, na Holanda; Coffee Quality Institute, nos EUA; Ipanema Coffees no Brasil; fundador e membro do Conselho do Museu do Café, em Santos; e fundador da Associação de Cafés de Qualidade da África (AFCA). Com toda sua experiência, ele contou para nossa equipe seu panorama sobre o mercado cafeeiro.
Segundo Carlos, as oscilações nos contratos negociados em Nova York afetam o nosso mercado, já que o produtor está recebendo menos. Este fator dificulta as condições de uma produção sustentável (defendida pela Plataforma Global do Café). “Temos que pensar e discutir sobre esse tema para buscar uma solução para os produtores”, comenta.
Brando explicou que com a safra recorde de 2018/2019 teremos muito café e que por isso os preços estão baixando. No Vietnã a safra também foi alta, na Colômbia foi considerada normal. Para ele, é esse maior volume que baixa o preço, o que impacta toda a produção. “Como produzir um café sustentável nestas condições de valores? Ano que vem teremos uma safra boa, a produção de arábica cairá um pouco e um possível aumento do conilon, o que não ajuda em termos de preço”, completa.
Sobre o conilon, Brando afirma: “ele é a base do café solúvel, cujo consumo aumenta a cada dia. Mercados dinâmicos na Ásia, China, Indonésia, Filipinas e Vietã são exemplos de consumidores fiéis do café solúvel, o que aumenta a demanda. Por isso a tendência sobre o robusta é que continue crescendo. O preconceito com esta variedade ainda existe, mas as marcas buscam divulgar cada vez mais para o consumidor, como o caso da Nespresso com um blend da América do Sul e da África Oriental, que leva um toque de robusta” finaliza.