Mercado global do café assiste à alta de preços de canéfora e à diminuição no estoque internacional de grãos, enquanto o Brasil bate recorde em exportações
Por Cristiana Couto
O mercado global de cafés tem mostrado dinâmicas significativas, especialmente pelo aumento expressivo dos valores de canéfora e a diminuição dos estoques internacionais de café. Nesse cenário, o Brasil se destaca tanto em volume quanto em valor nas exportações, com marcas históricas. Segundo o último boletim do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil), o volume exportado em março (4,3 milhões de sacas) estabeleceu novo recorde para o mês em toda a série histórica do conselho, refletindo a robustez e o crescimento contínuo do setor – no primeiro trimestre, foram embarcadas 12 milhões de sacas (+ 35,2 em comparação com o mesmo intervalo em 2023) sendo 28% desse aumento de café arábica, de acordo com o Rabobank. Destaque para o canéfora, com um aumento de 592% em relação a 2023 (1,9 milhão de sacas). Além disso, a receita das exportações aumentou 35,2%. As exportações devem continuar aceleradas, prevê o Cecafé, devido à boa colheita de 2023 e ao início da safra de 2024.
Essa performance – em especial, a do canéfora – é significativa considerando os desafios globais, como a crise logística no Mar Vermelho, as questões climáticas e o baixo nível dos estoques mundiais de café.
Nesse sentido, Londres alcançou, ontem (11), novos recordes históricos (US$3.843, US$ 66 a mais, para o contrato de 10-T), enquanto Nova York atingiu seus níveis mais altos desde outubro de 2022 (212,50 centavos de dólar por libra-peso para maio), informa a Comunicaffe Internacional. Além disso, os preços domésticos no Vietnã têm alcançado valores sem precedentes (US$4,2 a US$4,4 o kg, o equivalente a R$ 1.310 a saca) devido às condições climáticas no país. Segundo a mesma fonte, um representante da Nestlé Vietnã afirmou que a empresa tem buscado fornecimento em outros países devido aos preços muito elevados no país. Já a Federação Nacional dos Cafeicultores da Colômbia prevê 12,6 milhões de sacas para esta safra, um aumento de 15,5% mas ainda abaixo das médias históricas alcançadas pelo país no final da década de 2010.
No Brasil, entre janeiro e março deste ano, os preços do café arábica e conilon valorizaram 2,4% e 11,2%, respectivamente. Influenciado pelos preços globais, o mercado de canéfora decolou. Até abril, o conilon nacional disparou 26,8%, com níveis recordes ultrapassando R$ 1 mil a saca, revelando uma competitividade superior em comparação a outras origens.
Ainda segundo o Rabobank, há, atualmente, a relação de troca mais favorável dos últimos sete anos em termos de valorização nos preços do grão e a diminuição, ainda que leve, nos custos de fertilizantes. Hoje, 1 T de fertilizante (mistura 20-05-20) custa 1,9 sacas de café, redução de 14% em relação ao ano anterior (2,2 sacas).
“Esperamos uma redução no uso de conilon nos blends domésticos pelos torrefadores locais”, aposta Guilherme Morya em relatório do Rabobank, ao referir-se ao aumento na produção do arábica nacional (safra 2024/2025). O banco global também prevê uma colheita de 69,8 milhões de sacas em 2024/25 (+5,7% em relação à safra anterior).