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Café robusta, uma alternativa à mudança climática na Nicarágua

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 24/02/2017

3 MIN DE LEITURA

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A variedade de café robusta, que começa a se expandir nos campos da Nicarágua, é a aposta - não isenta de polêmica - com a qual o país tenta lidar com os estragos das mudanças climáticas e melhorar a rentabilidade da sua produção de café.

O governo autorizou há dois meses plantar este tipo de café na região do Pacífico, mas sem abandonar a variante dominante, arábica, que obtém grãos de mais qualidade e melhor preço, embora não seja muito resistente a pragas.

O café, principal produto de exportação da Nicarágua, ocupou 140.000 hectares em 2015, com uma receita de US$ 400 milhões e gerando 100.000 postos de trabalho na safra em 300.000 em época de corte.

A grave seca que atingiu a América Central nos últimos dois anos exacerbou a ferrugem que afetou a maioria das plantações de café, causando a ruína de centenas de pequenos produtores de café e deixando milhares de trabalhadores desempregados.

A variedade robusta, embora cotada a preços mais baixos no mercado internacional, tem o atrativo de ser mais resistente a pragas como a ferrugem e dar mais rendimento produtivo, de forma que compensa com o volume seu menor preço, de acordo com especialistas.

Este grão de sabor ácido e amargo é utilizado pela indústria para fazer misturas, principalmente para cafés instantâneos.

O governo autorizou o plantio de café robusta, há cinco anos nas terras baixas da região do Caribe, com um plano inicial de 28.000 hectares e, em dezembro de 2016 aprovou um plano de estendê-lo para a região do Pacífico em 3.500 hectares.

"A produção de café robusta tem se mostrado rentável por causa de sua alta produtividade, baixos custos de produção e alto potencial para melhorar a prosperidade econômica dos produtores", disse Luis Chamorro, diretor de origens do Grupo Mercon, uma empresa que pretende plantar 7.000 novos hectares de robusta na Nova Guiné (Caribe) nos próximos anos.

Chamorro estimou que a colheita de 2016/2017 será 30.666,66 sacas de 60 quilos, que representa um pouco menor do que 2% do volume total de café produzido no Nicarágua.

"Sem dúvida no Caribe, uma das áreas mais pobres do país, para o pequeno produtor é uma excelente alternativa", disse o presidente da União Nacional de Agricultores e Pecuaristas (UNAG), Álvaro Fiallos.

Mas nem todos concordam com a propagação de plantações de café robusta. Alguns consideram que afetará a produção de café arábica, do qual a Nicarágua tem o domínio de origem devido à sua alta qualidade e prestígio internacional.

Várias associações de produtores expressaram reservas porque temem que um cruzamento genético entre as duas variedades possa ocorrer, causando um declínio na qualidade do café de exportação.

"Se mudarmos uma variedade que vai danificar a cafeicultura e o prestígio da qualidade, isto é um erro que não devemos cometer e que pode sair caro", disse o cafeicultor de Nueva Segovia (norte), Leonel López.

Também se debate a possibilidade de que os grãos sejam misturados no processo de beneficiamento, com os mesmos efeitos nocivos para a atividade de exportação.

William Rodriguez, gerente de nuvens de benefícios de Las Nubes de Matagalpa (norte) refuta essa visão e diz que não acredita que a mudança afete o prestígio do café da Nicarágua.

Além da controvérsia, o governo e associações agrícolas incluíram o plantio de café robusta, como parte de um programa de diversificação agrícola e aproveitamento de mercado, neste caso, a indústria nacional de café.

Um decreto ministerial da Agricultura e Florestas (MAG-FOR) emitido em dezembro autorizou a expansão do plantio de café robusta, atualmente limitado a Nova Guiné, a seis outros departamentos na região do Pacífico e de Rio San Juan (sul).

Entre as medidas para evitar o cruzamento de uma variedade com a outra, o robusta será plantado em áreas baixas e a uma distância não inferior a 30 quilômetros do local onde o café arábica é cultivado; os centros de beneficiamento também serão separados.

"Acreditamos que podemos sobreviver as duas variedades, assim como no Brasil e do Vietnã (...)", disse o presidente da União dos Produtores Agrícolas da Nicarágua (UPANIC), Michael Healy.

As informações são da AFP/ Tradução por Juliana Santin 

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