Aconteceu hoje (12), em Rondônia, a premiação do Concurso Tribos, realizado pelo Grupo 3corações. A competição tem intuito de valorizar os Robustas Amazônicos, além de preservar a floresta e a cultura indígena.
Foram 64 amostras de cafés, onde 61% foram classificadas como Especiais, com notas acima de 80 pontos. Conheça os vencedores:
1° lugar - 89,63 pontos
Cafeicultor Yami-xãrah Suruí, da Aldeia Tikã, localizada na Terra Indígena Sete de Setembro, em Cacoal. Este café foi comprado por R$ 3 mil a saca e o produtor ganhou mais R$ 25 mil em dinheiro.
2° lugar
Cafeicultor Valcemir Canoé, da Aldeia São Luiz, localizada na Terra Indígena Rio Branco, em Alta Floresta D'Oeste. A compra das sacas foi por R$ 2 mil cada e o produtor ganhou mais R$ 15 mil em dinheiro.
3º lugar
Cafeicultor Erivelton Mopimoy Surui, da Aldeia Joaquim, da Terra Indígena Sete de Setembro, em Cacoal. O lote foi comprado por R$ 1 mil cada saca e o produtor ganhou mais R$ 10 mil em dinheiro.
O nível da qualidade foi alto e a 3corações abriu uma exceção no regulamento, premiando também o 4º e o 5º melhor café com R$ 5 mil cada. Os premiados foram Mehpey Suruí e Joel Suruí, respectivamente.
Neste ano, o Grupo 3corações começou o trabalho com os povos indígenas do estado de Rondônia em duas Terras Indígenas: Terra Indígena Sete de Setembro, localizada na cidade de Cacoal; e Terra Indígena Rio Branco, na cidade de Alta Floresta. Além disso, realizou a doação de mudas de café aos povos indígenas como uma forma de simbolizar o plantio de novas oportunidades.
O projeto engloba iniciativas de capacitação para dar acesso as melhores práticas na produção dos grãos. O primeiro treinamento com foco em cafés de qualidade ocorreu em março de 2019 no município de Ouro Preto do Oeste para lideranças indígenas. A 3corações também investiu na infraestrutura necessária nas aldeias para viabilizar a produção dos cafés almejados.
Segundo o pesquisado da Embrapa Rondônia, Enrique Alves, os cafés estavam extraordinários em agradáveis combinações de processamento natural de maneira artesanal. “Os indígenas são ótimos coletores, com cuidado e zelo produziram os cafés. O Projeto Tribos tem uma parte técnica baseada, principalmente, em desenvolver um sistema de produção sustentável de robustas finos. Passaram por treinamentos em relação a adubação orgânica, cobertura do solo, manejo de poda, com um grande foco na produção de qualidade e pós-colheita do café”.
Enrique destaca o Sprouting Process, método de pós-colheita desenvolvido pelo barista e torrefador Leo Moço, que visa melhorar as características dos grãos. O método é realizado dentro de uma bombona de plástico com uma válvula, criando um ambiente anaeróbico. A presença de CO2 inibe o desenvolvimento de bactérias e fungos e faz com que as enzimas presentes na casca do café criem uma fermentação natural, promovendo mais aroma e sabor aos grãos.
Depois do processo os grãos foram para o terreiro suspenso e seco ao sol,” isso resultou em um processo em que a fermentação ficou suave, interessante e os cafés agradáveis com teores de açúcar mais pronunciado e acidez interessante”, completa Enrique.
"Ao longo dos 60 anos de história do Grupo 3corações, buscamos parcerias genuínas e duradouras. Este é um projeto que caminha neste sentido e, além disso, valoriza a diversidade cultural que existe no Brasil. Como maior empresa de cafés do País, com 27% de Market Share, temos responsabilidade de desenvolver a cadeia produtiva do café e este projeto é uma oportunidade única de uma iniciativa sustentável, que une riquezas do Brasil e cria valor para todos os envolvidos”, afirmou o presidente do Grupo, Pedro Lima, no início do projeto.
O Projeto Tribos é uma realização do Grupo 3corações em parceria com Funai, Embrapa Rondônia, Emater-RO, Secretarias do Estado de Alta Floresta e de Cacoal e Câmara Setorial do Café.
Fotos Renata Silva/ Embrapa