Boletim Carvalhaes: Produção de café do Brasil em 2023 deve crescer 7,5% em relação ao ciclo passado

Os contratos futuros de café trabalharam em forte alta nesta sexta-feira, tanto em Nova Iorque como em Londres. As cotações do arábica, na ICE americana, e do robusta, na ICE em Londres, abriram hoje em alta significativa e foram assim até o fechamento dos dois pregões.

Em Nova Iorque, os contratos para julho próximo chegaram a trabalhar acima dos 700 pontos de alta, bateram em US$ 1,9440 na máxima do dia e fecharam com ganho de 535 pontos, a US$ 1,9200 por libra peso. Ontem, subiram 60 pontos. Anteontem fecharam em queda de 75 pontos e, na terça, recuaram 260 pontos. Na segunda-feira, fecharam em alta forte de 655 pontos. No balanço da semana, os ganhos foram de 915 pontos. Encerraram a sexta-feira passada a US$ 1,8285 por libra peso, somando perdas de 520 pontos nesta semana. Na semana anterior à passada, somaram alta de 210 pontos. No mês de abril, esses contratos para julho subiram 1.625 pontos.

Na ICE Europe, em Londres, os contratos de robusta para julho próximo subiram 48 dólares. Esses contratos bateram em 2.607 dólares por tonelada na máxima do dia. Ontem, fecharam em queda de 42 dólares por tonelada. Anteontem encerraram o dia em alta de 71 dólares por tonelada. Na terça, subiram 23 dólares e, na segunda-feira, fecharam com ganhos de 17 dólares.

A produção brasileira de café na safra 2023 deverá registrar crescimento de 7,5% em relação ao ciclo passado. Neste ano, a colheita está estimada em 54,74 milhões de sacas beneficiadas, contra 50,92 milhões de sacas em 2022. O bom resultado é esperado mesmo em um ano de bienalidade negativa, como mostra o 2º levantamento da cultura, divulgado ontem, quinta-feira (18), pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Se a estimativa para este ano for comparada com o volume colhido na safra 2021, último ano de bienalidade negativa, o aumento chega a ser de 14,7%. Neste ano, a expectativa para o café arábica é que sejam colhidas 37,93 milhões de sacas beneficiadas, o que representa 69,3% da produção de café no país. Se confirmado, o volume representa um incremento de 15,9% sobre a safra de 2022. Já para o café conilon, a perspectiva para a atual temporada é de uma produção de 16,81 milhões de sacas, redução de 7,6% da safra passada. O aumento esperado na colheita de Rondônia, Bahia e Mato Grosso não compensaram as perdas de produtividade estimadas no Espírito Santo, maior produtor de conilon.

As informações sobre problemas na produção mundial de café continuam chegando ao mercado semana após semana. Os números sobre o consumo ao redor do mundo permanecem positivos e os estoques de café, tanto nos países produtores como nos consumidores são pequenos, bem abaixo dos números históricos. Na última segunda-feira, dia 15, quando os operadores aguardavam a divulgação dos estoques americanos de café verde, inesperadamente, a Green Coffee Association  (GCA) dos EUA informou que não mais divulgará seus estoques, privando o mercado de um importante indicador, sem nenhum esclarecimento sobre sua decisão.

Mesmo com todos esses indicadores, que apontam um preocupante quadro de aperto entre produção e consumo mundial, os operadores no exterior parecem acreditar que a nova safra brasileira, que começa a ser colhida, resolverá sozinha os problemas de abastecimento do mercado mundial de café.

O Conselho Monetário Nacional (CMN), reunido ontem, quinta-feira (18), aprovou o montante de R$ 6.375.469.000,00 dos recursos consignados no Orçamento Geral da União (OGU) para financiamentos ao amparo do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), no exercício de 2023, propostos pelo Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC). Esse é mais um passo rumo à oferta dos recursos aos cafeicultores. A próxima etapa será a liberação dos documentos para os agentes financeiros indiciarem ao Ministério da Agricultura e Pecuária suas intenções de buscarem os recursos para oferecerem aos produtores.

Depois de muitos anos em busca da solução do problema da contratação de mão-de-obra safrista para a cafeicultura, o Conselho Nacional do Café (CNC) e o Governo Federal chegaram a um denominador comum. Trata-se do “Acordo pela adoção de boas práticas trabalhistas e condições de trabalho decente na cafeicultura no estado de Minas Gerais”.

Os estoques de cafés arábica certificados na ICE Futures US permaneceram estáveis hoje. Estão agora em 629.810 sacas. Há um ano eram de 1.108.296 sacas, e caíram, neste período, 478.486 sacas. Nesta semana, a queda acumulada foi de 14.925 sacas. Na semana passada, somaram queda de 15.562 sacas. Em um mês, de 19 de abril a 19 de maio, a queda nesses estoques certificados foi de 70.238 sacas. No mês de abril, a queda foi de 62.731 sacas, 8,5% menos café que as 742.894 sacas existentes no último dia de março.

O dólar fechou hoje em alta de 0,56%, a R$ 4,9960. Ontem encerrou o dia em alta de 0,67%, a R$ 4,9690. Na sexta-feira passada, apresentou queda de 0,28% frente ao real, fechando a semana a R$ 4,9230.

Em reais por saca, os contratos para julho próximo na ICE americana fecharam hoje a R$ 1.268,87. Ontem, fecharam a R$ 1,226,60. Na sexta-feira passada, fecharam valendo R$ 1.190,75. Na sexta-feira anterior, fecharam a R$ 1.229,83.

No mercado físico brasileiro, apesar da forte alta do café em Nova Iorque e em Londres, e do dólar frente ao real ao longo da semana, no dia a dia, os compradores subiram suas ofertas sempre abaixo da valorização das duas bolsas, e do dólar frente ao real. A alta nas ofertas de hoje, sexta-feira, em nosso mercado físico, ficou bem abaixo da subida na ICE e do dólar frente à nossa moeda.

O resultado foi um número baixo de negócios fechados para uma semana de alta nas bolsas e no dólar. Os produtores continuaram retraídos.

Até dia 19, os embarques de maio estavam em 931.015 sacas de café arábica, 36.477 sacas de café conilon, mais 155.820 sacas de café solúvel, totalizando 1.123.312 sacas embarcadas, contra 1.349.779 sacas no mesmo dia de abril. Até o mesmo dia 19, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em maio totalizavam 1.407.165 sacas, contra 1.553.866 sacas no mesmo dia do mês anterior.

A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 12, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 19, subiu, nos contratos para entrega em julho próximo, 915 pontos ou US$ 12,10 (R$ 60,47) por saca. Em reais, as cotações para entrega em julho próximo na ICE fecharam, no dia 12, a R$ 1.190,75 por saca, e hoje, sexta-feira, dia 19, a R$ 1.268,87. Hoje, nos contratos para entrega em julho, a bolsa de Nova Iorque fechou em alta 535 pontos. No mercado estável de hoje, são as seguintes cotações nominais por saca para os cafés verdes do tipo 6 para melhor, safra 2022/2023, condição porta de armazém:

R$ 1100/1130,00 - CEREJA DESCASCADO – (CD), BEM PREPARADO.
R$ 1080/1100,00 - FINOS A EXTRAFINOS – MOGIANA E MINAS.
R$ 1030/1060,00 - BOA QUALIDADE – DUROS, BEM PREPARADOS.
R$ 1000/1030,00 - DUROS COM XÍCARAS MAIS FRACAS.
R$ 980/1000,00 - RIADOS.
R$ 980/1000,00 - RIO.
R$ 900/950,00 - P. BATIDA P/O CONSUMO INT.: DURA.
R$ 900/950,00 - P. BATIDA P/O CONSUMO INT.: RIADA.

DÓLAR COMERCIAL DE SEXTA-FEIRA: R$ 4,9960 PARA COMPRA.