Uma entrevista dada ontem, pelo engenheiro agrônomo Alysson Fagundes, ao site “Notícias Agrícolas”, repercutiu forte entre os cafeicultores brasileiros. Pesquisador da Procafé, fundação de apoio à tecnologia cafeeira, sediada em Varginha, Minas Gerais, ele detalhou suas observações pós as floradas que abriram neste mês de outubro, com a chegada, no início deste mês de outubro, das chuvas sobre os cafeeiros do sudeste brasileiro. Seu relato aponta para um cenário ainda pior do que agrônomos, cafeicultores e operadores esperavam após a longa seca – que começou no segundo semestre de 2020 e persistiu até o final de setembro último – e as três frentes frias com geadas que varreram os cafezais do sudeste brasileiro no último mês de julho. Suas observações, após inspecionar o “pós florada”, sobre o que podemos esperar da próxima safra brasileira de café arábica em 2022, bem como os reflexos para a safra brasileira de arábica 2023, são preocupantes. Apontam para um quadro nunca enfrentado por nossa cafeicultura, com perdas de produção de arábica importantes em 2022 e 2023. Detalhou também as perdas na recém-colhida safra 2021.
Essas quebras pegam o Brasil com os estoques governamentais de café zerados e estoques de passagem mínimos em mãos de cafeicultores no final de junho último.
Os contratos de café na ICE Futures US em Nova Iorque oscilaram forte todos os dias desta semana, refletindo interesses de curto prazo de operadores e especuladores, e o intenso sobe e desce do mercado cambial brasileiro, bastante influenciado pela crise política e econômica no Brasil. Hoje a ICE trabalhou em alta por todo o pregão. Os contratos de café com vencimento em dezembro próximo fecharam com ganhos de 400 pontos, encerrando a semana a US$ 2,0395 por libra peso. No balanço desta semana esses contratos subiram 410 pontos. Na semana passada recuaram 355 pontos. Todos os demais meses de vencimento fecharam hoje acima de US$ 2,06 por libra peso.
As oscilações fortes desta semana devem continuar devido aos interesses de curto prazo de operadores e especuladores. Os fundamentos continuam sólidos e apontando para preços em alta, em meio a muito sobe e desce. Em outubro, época de reposição de estoques de café no hemisfério norte, em preparação para os meses de inverno, quando o consumo cresce, eles estão recuando. Temos a quebra forte da safra brasileira de arábica, problemas climáticos em todos os principais países produtores, e sérios problemas logísticos que atingem os portos de todos os países produtores e consumidores. Os problemas com contêineres e espaço em navios, que já aconteciam desde março, se agravaram. A crise logística é mundial e não deve terminar tão cedo.
Os contratos de café robusta em Londres também trabalharam em alta nesta semana. No mercado cambial brasileiro, o dólar apresentou mais uma semana de fortes oscilações frente ao real. Trabalhou em alta hoje. Subiu 0,37% e fechou a R$ 5,6460. Ontem subiu 1,26% e fechou valendo R$ 5,6250. Na semana, a alta acumulada foi de 0,34%. Na semana passada, o dólar comercial acumulou alta de 3,22%.
Em reais por saca, os contratos de café para dezembro próximo na ICE em NY fecharam hoje valendo R$ 1.523,21. Ontem, fecharam a R$ 1.487,78. Na sexta-feira passada encerraram a semana a R$ 1.487,56.
No mercado físico brasileiro, os compradores melhoraram o valor de suas ofertas ao longo da semana. O volume de negócios foi pequeno. O produtor de café vende apenas o necessário para fazer “caixa” e cumprir os compromissos mais próximos.
Continuamos com a opinião que os fundamentos não mudaram, permanecem os mesmos que temos repetido semanalmente, e não devem se alterar tão cedo. As chuvas que começaram a partir do início de outubro, caem em muito bom volume, são essenciais para evitar uma quebra ainda maior, mas não estancarão instantaneamente o ciclo de perdas, e muito menos recuperarão o que já foi perdido para a safra do próximo ano. Nosso parque cafeeiro está enfraquecido e em condições difíceis.
Enfrentamos ainda sérios problemas com a falta de contêineres e espaço em navios, além de forte alta nos principais insumos para a produção de café. Energia elétrica, combustíveis, fertilizantes, defensivos, tratores e maquinários, estão subindo com força. Com a chegada das chuvas, os cafeicultores precisam começar a adubação, que já está dois meses atrasada. A subida vertiginosa dos preços de todos os fertilizantes assusta bastante os produtores.
Em meio a muita oscilação, a crescente percepção do quadro de escassez vai levando os contratos de café na ICE a um novo patamar de preços.
Continua a escassez de lotes de café arábica destinados ao consumo interno brasileiro. O mercado físico brasileiro do conilon está firme, comprador.
Em nossa opinião a chegada das chuvas não mudará o comportamento dos cafeicultores no mercado de café.
Até dia 29, os embarques de outubro estavam em 2.092.677 sacas de café arábica, 189.456 sacas de café conilon, mais 206.084 sacas de café solúvel, totalizando 2.488.217 sacas embarcadas, contra 2.261.708 sacas no mesmo dia de setembro. Até o mesmo dia 29 os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em outubro totalizavam 2.929.234 sacas, contra 2.699.673 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 22, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 29, subiu nos contratos para entrega em dezembro próximo 410 pontos ou US$ 5,42 (R$ 30,62) por saca. Em reais, as cotações para entrega em dezembro próximo na ICE fecharam no dia 22 a R$ 1.487,56 por saca, e hoje dia 29 a R$1.523,21. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em dezembro a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 400 pontos. No mercado calmo de hoje, são as seguintes cotações nominais por saca, para os cafés verdes, do tipo 6 para melhor, safra 2021/2022, condição porta de armazém:
R$ 1340/1410,00 - CEREJA DESCASCADO – (CD), BEM PREPARADO.
R$ 1300/1350,00 - FINOS A EXTRAFINOS – MOGIANA E MINAS.
R$ 1270/1300,00 - BOA QUALIDADE – DUROS, BEM PREPARADOS.
R$ 1160/1200,00 - DUROS COM XÍCARAS MAIS FRACAS.
R$ 1100/1150,00 - RIADOS.
R$ 1070/1100,00 - RIO.
R$ 1030/1050,00 - P. BATIDA P/O CONSUMO INT.: DURA.
R$ 1030/1050,00 - P. BATIDA P/O CONSUMO INT.: RIADA.
DÓLAR COMERCIAL DE SEXTA-FEIRA: R$ 5,6460 PARA COMPRA.