Boletim semanal Escritório Carvalhaes - ano 85 - n° 16
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Santos, sexta-feira, 20 de abril de 2018
Não se alterou o mercado de café nesta semana. Os negócios de café na ICE giraram em torno da rolagem para julho dos contratos com vencimento em maio próximo, executada sem repercussão maior nas cotações e no mercado físico. Em meio às oscilações de sempre, os contratos para julho próximo acumularam no período 180 pontos de baixa.
O mercado físico brasileiro continuou na mesma toada das últimas semanas, com compradores e vendedores insatisfeitos com o andamento dos negócios. Os compradores reclamam da dificuldade de encontrar lotes no volume e qualidade que necessitam, e os vendedores mostram bastante preocupação com a base de preços oferecida. Negócios são fechados todos os dias, principalmente quando NY está em alta ou o real com perdas em relação ao dólar, mas sempre em volume menor do que os compradores necessitam.
Estamos na entressafra de uma safra de ciclo baixo, com estoques governamentais zerados. Os estoques que ainda restam estão em mãos da iniciativa privada e deverão ser usados no consumo interno e em nossas exportações nestes últimos três meses (abril, maio e junho) do ano-safra brasileiro 2017/2018 (julho de 2017 a junho de 2018).
Como temos registrado em boletins anteriores, mesmo com exportações abaixo da média de nossos últimos anos, deverão desaparecer nesses próximos três meses (abril, maio e junho) aproximadamente 12,6 milhões de sacas. Chega-se a esse total considerando um consumo mensal de 1,7/1,8 milhão de sacas e exportações mensais ao redor de 2,5 milhões de sacas.
Não se pode esquecer que, como todos os anos, o consumo interno já deverá utilizar alguns lotes de conilon da nova safra 2018/2019 em suas ligas de maio e junho. Por outro lado, é impossível completar nossos embarques de julho, agosto e setembro, já no novo ano-safra, sem o concurso de lotes da atual safra 2017/2018. Registramos esse balanço para lembrar que na entrada da nova safra restará muito pouco café da atual safra brasileira 2017/2018. Esses números, aliados ao baixo preço oferecido aos cafeicultores, explicam a dificuldade dos compradores em adquirir lotes de café no volume que precisam.
Os operadores em Nova Iorque olham para um quadro de equilíbrio entre produção e consumo mundial apresentado no relatório de março último da Organização Internacional de Café (OIC) e acabam derrubando as cotações.
Segundo a OIC, a produção mundial de café prevista para a safra 2017-2018 é estimada em 159,66 milhões de sacas de 60kg, volume que representa um crescimento próximo de 1,2% em relação à safra anterior. Esse crescimento é atribuído diretamente ao aumento de 12,1% verificado na produção do café robusta, o que, segundo a OIC, compensou a redução de 4,6% ocorrida no volume produzido do café arábica. Os volumes de produção mundial de café arábica e robusta foram estimados, respectivamente, em torno de 97,43 milhões e 62,23 milhões de sacas neste ano-safra 2017-2018.
Com essa produção, a OIC estima que no ano cafeeiro 2017-2018 deverá haver um pequeno superávit de 778 mil sacas da produção em relação ao consumo, o qual será de 158,88 milhões de sacas. O ano cafeeiro 2016-2017 também apresentou superávit de 312 mil sacas. No entanto, os dois anos-safra anteriores (2014-2015 e 2015-2016) registraram déficits de aproximadamente 2,65 milhões de sacas e 3,65 milhões de sacas, respectivamente. Assim, considerando os quatro últimos anos-safra, é possível estimar que o consumo foi superior à produção mundial em 5,21 milhões de sacas nesse período (fonte: Relatório sobre o mercado de Café – março 2018, da OIC - Organização Internacional do Café).
A 3 Corações, maior empresa de industrialização de café do Brasil, uma joint venture entre a São Miguel Holding e a israelense Strauss, teve lucro líquido de R$ 256 milhões no ano passado, alta de 35,6% em relação a 2016. A empresa ampliou as vendas de cafés torrado e moído, solúvel e em cápsulas no ano passado, e previa crescimento de 10% no volume de cápsulas comercializadas em 2017, mas a alta chegou a 34% (Valor Econômico).
A "Green Coffee Association" divulgou que os estoques americanos de café verde totalizaram 6.567.316 em 31 de março de 2018. Uma alta de 42.449 sacas em relação às 6.524.867 sacas existentes em 28 de fevereiro de 2018.
Até dia 19, os embarques de abril estavam em 887.041 sacas de café arábica, 18.878 sacas de café conillon, mais 96.508 sacas de café solúvel, totalizando 1.002.427 sacas embarcadas, contra 1.136.145 sacas no mesmo dia de março. Até o mesmo dia 19, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em março totalizavam 1.501.704 sacas, contra 1.710.978 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 13, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 20, caiu nos contratos para entrega, em julho próximo, 180 pontos ou US$ 2,38 (R$ 8,11) por saca. Em reais, as cotações para entrega em julho próximo na ICE fecharam no dia 13 a R$ 541,56 por saca, e hoje, dia 20, a R$ 530,76. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em julho, a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 145 pontos. No mercado calmo de hoje, são as seguintes cotações nominais por saca, para os cafés verdes, do tipo 6 para melhor, safra 2017/2018, condição porta de armazém:
R$435/445,00 - CEREJA DESCASCADO – (CD), BEM PREPARADO.
R$435/445,00 - FINOS A EXTRA FINOS – MOGIANA E MINAS.
R$425/435,00 - BOA QUALIDADE – DUROS, BEM PREPARADOS.
R$410/420,00 - DUROS COM XÍCARAS MAIS FRACAS.
R$400/410,00 - RIADOS.
R$390/400,00 - RIO.
R$380/390,00 - P.BATIDA P/O CONSUMO INT.: DURA.
R$370/380,00 - P.BATIDA P/O CONSUMO INT.: RIADAS.
DÓLAR COMERCIAL DE SEXTA-FEIRA: R$ 3,4090 PARA COMPRA.