Boletim semanal Escritório Carvalhaes - ano 89 - n° 14
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Santos, sexta-feira, 08 de abril de 2022
O mercado de café continua se mostrando desorientado e sem rumo. Como já dissemos em nosso último boletim, a comunicação em rede, as novas tecnologias disruptivas que se sucedem em velocidade inacreditável, as mudanças climáticas, a falta de estoques e o contínuo crescimento do consumo, a desorganização da economia global com a pandemia de Covid 19, agravada no último mês pela invasão da Ucrânia pela Rússia, são fatores que desestruturaram o centenário arcabouço do comércio internacional de café.
Os fundamentos do mercado físico permanecem os mesmos. Os números divulgados nos últimos dias pela Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) e pela Organização Internacional do Café (OIC) confirmam o aumento de consumo no Brasil e no mundo e a queda na produção mundial de café em razão das mudanças climáticas.
Apesar desses números, divulgados por duas instituições sérias e respeitadas, fundos e especuladores diminuíram substancialmente suas posições em contratos de café, migrando para outros ativos, enquanto monitoram as expectativas para as safras brasileiras de café 2022 e 2023. Alguns operadores apostam em uma safra brasileira de café em 2022 maior do que a estimada pelos produtores.
Os estoques mundiais de café são baixos e não existem condições de crescerem substancialmente em curto e médio prazo. Os estoques de cafés certificados na ICE, em Nova Iorque, caíram, ontem (7), 3.001 sacas. Encerraram a quinta-feira em 1.077.178 sacas. Há um ano eram de 1.857.303 sacas, caindo, nesse período, 780.125 sacas.
As incertezas climáticas vão continuar. Sem estoques e com o consumo em alta, os preços do café continuarão instáveis, reagindo forte a cada nova informação ou boato. Os rápidos movimentos de sobe e desce na ICE, em Nova Iorque, principal termômetro do mercado, refletem a insegurança e os interesses de curto prazo de fundos e especuladores.
Nesta sexta-feira (8), os contratos de café na ICE, em Nova Iorque, trabalharam em alta expressiva. Os para maio bateram em US$ 2,3300 na máxima do dia e fecharam o pregão com ganhos de 550 pontos, encerrando a sexta-feira a US$ 2,3165 por libra peso.
Ontem, recuaram 145 pontos, e, anteontem, caíram 370 pontos. No balanço desta semana, subiram 325 pontos. Na semana passada, subiram 655 pontos e fecharam a sexta-feira (1) a US$ 2,2840. Ontem, a ABIC informou que, apesar da crise econômica gerada pela pandemia de Covid-19 e do forte aumento dos preços do café, com a longa seca e três geadas sobre os cafezais do sudeste brasileiro, nosso consumo interno cresceu 1,71% em 2021. Uma excelente notícia.
A OIC, em seu último relatório mensal, informou que o mercado global de café registrará um déficit de 3,1 milhões de sacas na safra 2021/2022 (outubro-setembro), já que o Brasil, maior produtor do grão, colheu uma safra menor em 2021. A OIC estimou a produção global de café, em 2021/22, em 167,2 milhões de sacas de 60 kg, queda de 2,1% em relação ao ano anterior, e o consumo em 170,3 milhões de sacas, aumento anual de 3,3% (fonte: Reuters).
Depois de três dias em alta frente ao real, o dólar fechou o dia de hoje registrando queda. Recuou 0,65%, para R$ 4,7090. Na segunda-feira, encerrou o dia a R$ 4,6080, seu menor nível desde 4 de março de 2020. Na sexta-feira passada, a moeda americana fechou em baixa de 1,97%, a R$ 4,6670. Em março, o dólar recuou 7,70%.
Em reais por saca, os contratos para maio próximo na ICE fecharam, hoje, valendo R$ 1.442,96. Ontem, fecharam a R$ 1.417,98. Na sexta-feira passada, fecharam a R$ 1.410,03, e, na sexta-feira anterior, fecharam valendo R$ 1.393,07.
No mercado físico, as bases de preços oferecidas pelos compradores melhoraram ao longo desta semana, mas continuaram não despertando interesse vendedor. Os negócios fechados no decorrer da semana foram poucos frente ao tamanho do mercado brasileiro. Os cafeicultores mostram uma enorme preocupação com o forte e contínuo crescimento dos custos de produção e, quando podem, recusam as bases de preços oferecidas pelos compradores.
Até dia 8, os embarques de abril estavam em 11.039 sacas de café arábica, 7.959 sacas de café conilon, mais 17.074 sacas de café solúvel, totalizando 36.072 sacas embarcadas, contra 43.472 sacas no mesmo dia de março. Até o mesmo dia 8, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em abril totalizavam 217.893 sacas, contra 442.878 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque (ICE) do fechamento do dia 1, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 8, subiu, nos contratos para entrega em maio próximo, 325 pontos ou US$ 4,30 (R$ 20,24) por saca. Em reais, as cotações para entrega em maio próximo na ICE fecharam, no dia 1, a R$ 1.410,03 por saca, e hoje, sexta-feira, dia 8, a R$ 1.442,96. Hoje, nos contratos para entrega em maio, a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 550 pontos. No mercado calmo de hoje, são as seguintes cotações nominais por saca para os cafés verdes do tipo 6 para melhor, safra 2021/2022, condição porta de armazém:
R$ 1340/1370,00 - CEREJA DESCASCADO – (CD), BEM PREPARADO.
R$ 1320/1340,00 - FINOS A EXTRAFINOS – MOGIANA E MINAS.
R$ 1280/1300,00 - BOA QUALIDADE – DUROS, BEM PREPARADOS.
R$ 1260/1280,00 - DUROS COM XÍCARAS MAIS FRACAS.
R$ 1230/1260,00 - RIADOS.
R$ 1210/1230,00 - RIO.
R$ 1200/1230,00 - P. BATIDA P/O CONSUMO INT.: DURA.
R$ 1200/1230,00 - P. BATIDA P/O CONSUMO INT.: RIADA.
DÓLAR COMERCIAL DE SEXTA-FEIRA: R$ 4,7090 PARA COMPRA.