Boletim semanal Escritório Carvalhaes - ano 89 - n° 35
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Santos, sexta-feira, 09 de setembro de 2022
Em uma semana prejudicada para os negócios de café, segunda-feira (5) não houve pregão na ICE Futures US, em Nova Iorque, devido ao feriado do Dia do Trabalho nos EUA, e na quarta-feira (7) foi feriado nacional no Brasil, em comemoração ao Dia da Independência. As cotações do café oscilaram bastante.
Hoje, os contratos de café em Nova Iorque trabalharam em alta. Os para dezembro próximo bateram em US$ 2,3020 na máxima do dia e fecharam em alta de 630 pontos, a US$ 2,2850 por libra peso. Na quarta-feira, esses contratos perderam 700 pontos, e ontem trabalharam em queda moderada. Bateram em US$ 2,2655 na máxima do dia e fecharam o dia a US$ 2,2220 por libra peso, com perdas de 105 pontos. No balanço da semana, depois de toda essa oscilação, os contratos para dezembro somaram queda de 30 pontos. Na semana passada, acumularam perdas de 930 pontos. Na semana anterior, subiram 2.475 pontos. No mês de agosto último, em meio a todo o usual sobe e desce, os contratos para dezembro subiram 2.525 pontos.
Repetimos que os fundamentos não mudaram. Já não existem dúvidas de que a quebra na safra brasileira de café 2022/2023 foi maior do que a inicialmente projetada por agrônomos, produtores e cooperativas. Os trabalhos de benefício do café colhido avançam e os cafeicultores se deparam com números ainda menores do que estimavam no início dos trabalhos. O lento movimento de chegada de lotes da nova safra aos armazéns é inédito e preocupante. Os atuais problemas climáticos são globais e se repetem em outros importantes países produtores.
Em entrevista ontem, dia 8, ao site “Notícias Agrícolas”, o presidente da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), maior cooperativa de café do Brasil e do mundo, Carlos Augusto Rodrigues de Melo, informou que a cooperativa não deve alcançar as metas iniciais. Falou também em desafio para conseguir receber 4 milhões de sacas nesta safra de 2022 e que a cooperativa buscará complemento de volume em outras áreas.
As primeiras estimativas da Cooxupé indicavam recebimento de 4 milhões e 600 mil sacas, número que posteriormente foi alterado para 4 milhões e 400 mil sacas, mas agora o número de 4 milhões já é considerado desafiador na área da cooperativa. "Já se esperava uma safra menor, mas nos surpreende muito estarmos ainda com números bem aquém dos desejados de recebimento da Cooxupé", comentou em entrevista ao Notícias Agrícolas. O presidente explicou que além da quebra, o rendimento da safra também ficou muito abaixo do esperado.
Na última segunda-feira, o Rabobank reduziu sua previsão para a produção global de café na próxima temporada 2022/2023, dizendo que os altos preços tiveram muito pouco impacto na colheita no Brasil, Colômbia, Honduras e Vietnã. O banco agora vê a produção global de café atingindo 169 milhões de sacas de 60 kg em 2022/2023, de 172,3 milhões de sacas anteriormente, e espera que o mercado registre um déficit de 1,3 milhão de sacas como resultado, principalmente em arábica. O Rabobank, que anteriormente previa um superávit de 1,7 milhão de sacas para 2022/2023, disse que a demanda global por café é bastante inelástica e não espera nenhuma queda significativa no consumo, pelo menos não em mercados maduros, em caso de recessão (fonte: Agência Reuters).
De acordo com dados divulgados pela Cooperativa Central de Cafeicultores e Agropecuaristas de Minas Gerais (COCCAMIG), com atuação no Sul de Minas Gerais, Matas de Minas e Cerrado Mineiro, a produção da safra 2022 está 16% menor que o volume registrado em 2021. Quando se compara com 2020, último ano de bienalidade positiva para o Brasil, a queda é ainda mais expressiva, com 53% a menos. A entidade, que é composta por 16 cooperativas, com mais de 45 mil produtores, confirma que os números abaixo do esperado são reflexos da seca nos anos de 2021 e 2022, frio intenso e a geada registrada no ano passado.
As exportações globais de café totalizaram 10,12 milhões de sacas em julho, um recuo de 6,5% em comparação com as 10,83 milhões de sacas de julho de 2021, informou no início da semana a Organização Internacional do Café (OIC).
Os estoques de café certificado na ICE, em Nova Iorque, caíram, hoje, 8.648 sacas. Estão em 615.822 sacas. Há um ano eram de 2.162.122 sacas, perdendo, neste período, 1.546.300 sacas. No mês de agosto último, esses estoques recuaram 27.420 sacas, apesar das recertificações de lotes velhos, de safras anteriores, conforme informado em uma matéria da agência Reuters, que circulou aqui no Brasil no último dia 16 de agosto.
Insistimos que as cotações do café na ICE em Nova Iorque não refletem a realidade dos preços no mercado físico mundial. Cafés novos, no padrão exigido para serem certificados nessa bolsa, valem bem mais do que o cotado em seu pregão.
O dólar, hoje, fechou em queda de 1,13%, a R$ 5,1480. Ontem recuou 0,59%, para R$ 5,2380. Na sexta-feira passada, fechou a semana valendo R$ 5,1860. Na sexta-feira anterior, fechou valendo R$ 5.0780.
Em reais por saca, os contratos de café para dezembro próximo na ICE fecharam, hoje, a R$ 1.556,03. Ontem, dia 8, fecharam a R$ 1.530,47. Encerraram a sexta-feira passada valendo R$ 1.569,58. Na sexta-feira anterior terminaram a semana a R$ 1.599,36.
No mercado físico brasileiro, com a alta hoje em Nova Iorque, os compradores melhoraram o valor das ofertas, mas os vendedores ficaram fora do mercado. Tivemos mais uma semana de poucos negócios, praticamente paralisada. O total de vendas continua bem abaixo do usual para esta época de início de ano-safra no Brasil.
Até dia 9, os embarques de setembro estavam em 252.921 sacas de café arábica, 9.358 sacas de café canéfora (conilon), mais 13.349 sacas de café solúvel, totalizando 275.628 sacas embarcadas, contra 143.265 sacas no mesmo dia de agosto. Até o mesmo dia 9, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em setembro totalizavam 540.323 sacas, contra 452.033 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 2, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 9 caiu, nos contratos para entrega em dezembro próximo, 30 pontos ou US$ 0,39 (R$ 2,04) por saca. Em reais, as cotações para entrega em dezembro próximo na ICE fecharam, no dia 2, a R$ 1.569,58 por saca, e hoje, sexta-feira, dia 9, a R$ 1.556,03. Hoje, nos contratos para entrega em dezembro, a bolsa de Nova Iorque fechou em alta de 630 pontos. No mercado estável de hoje, são as seguintes cotações nominais por saca para os cafés verdes do tipo 6 para melhor, safra 2022/2023, condição porta de armazém:
R$ 1420/1470,00 - CEREJA DESCASCADO – (CD), BEM PREPARADO.
R$ 1360/1400,00 - FINOS A EXTRAFINOS – MOGIANA E MINAS.
R$ 1300/1340,00 - BOA QUALIDADE – DUROS, BEM PREPARADOS.
R$ 1260/1290,00 - DUROS COM XÍCARAS MAIS FRACAS.
R$ 1240/1260,00 - RIADOS.
R$ 1210/1240,00 - RIO.
R$ 1180/1200,00 - P. BATIDA P/O CONSUMO INT.: DURA.
R$ 1180/1200,00 - P. BATIDA P/O CONSUMO INT.: RIADA.
DÓLAR COMERCIAL DE SEXTA-FEIRA: R$ 5,1480 PARA COMPRA.