Boletim semanal Escritório Carvalhaes - ano 89 - n° 33
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Santos, sexta-feira, 19 de agosto de 2022
Interesses de curto prazo e especulação continuam comandando o dia a dia do mercado de café. Esta semana, até ontem, os contratos de café na ICE Futures US fecharam em baixa todos os dias. Hoje, os contratos para setembro próximo bateram em US$ 2,1755 na máxima do dia – oscilaram 495 pontos entre a máxima e a mínima – e encerraram o pregão em alta de 125 pontos, a US$ 2,1595 por libra peso. Ontem, fecharam em queda de 275 pontos. No balanço desta semana, esses contratos somaram queda de 1.065 pontos. Na sexta-feira passada, fecharam em alta de 265 pontos, a US$ 2,2660 por libra peso. Com os fundamentos prevalecendo, acumularam alta de 1.715 pontos na semana passada. Na semana anterior, caíram 775 pontos.
Os estoques de café certificado na ICE, em Nova Iorque, subiram 13.905 sacas hoje. Fecharam a semana totalizando 610.680 sacas. Há um ano, eram de 2.157.568 sacas, caindo, neste período, 1.546.888 sacas.
É provável que esses estoques certificados estejam subindo nos últimos dias devido à recertificação de lotes velhos, de safras anteriores, conforme informado em uma matéria da agência Reuters, que circulou aqui no Brasil no último dia 16 (veja no clipping de nosso site). As cotações atuais do café na ICE, em Nova Iorque, não refletem a realidade dos preços no mercado físico mundial. Cafés novos, no padrão exigido para serem certificados na ICE, valem bem mais do que o cotado na ICE.
No último dia 16, a agência Reuters informou que “traders de café estão tentando classificar novamente sacas de café arábica de dois anos que foram retiradas dos armazéns da Intercontinental Exchange (ICE) nos últimos meses, e recertificá-las para que possam retornar aos estoques da ICE. Segundo a matéria, o chamado processo de recertificação é incomum, principalmente em um volume tão grande, de cerca de 270 mil sacas de 60 kg. Embora não seja ilegal, participantes do mercado dizem que o processo levanta dúvidas sobre a qualidade do café, porque efetivamente considera o estoque reclassificado como grãos novos. A Reuters relata, ainda, que a especialista em commodities Judith Ganes, da J.Ganes Consulting, disse que as sacas são de origem brasileira e foram entregues à ICE entre novembro de 2020 e maio de 2021. Ganes, assim como outros participantes do mercado, diz ter certeza de que este é um caso de recertificação, porque o café recém-colhido está sendo oferecido no mercado físico com grandes prêmios sobre os futuros devido à escassez de oferta. Então, não faria sentido alguém comprar café no mercado para entregar na bolsa (veja no clipping de nosso site).
Em nossa opinião, a ICE precisa dar bons esclarecimentos sobre essa operação, que apesar de legal, à primeira vista aparenta ser uma manobra para estancar a queda dos estoques certificados na bolsa americana, diminuindo a pressão de alta sobre as cotações e prejudicando diretamente cafeicultores de todos os países produtores. Os cafeicultores estão acumulando prejuízos com as quebras de safras, decorrentes de sucessivos problemas climáticos, enfrentando, ao mesmo tempo, forte aumento nos custos dos insumos com a pandemia de Covid 19, inflação, aumento dos fretes marítimos e da energia.
O dólar apresentou-se volátil frente ao real. Hoje, bateu em R$ 5,1722 na máxima do dia e fechou em queda de 0,08%, a R$ 5,1680. Ontem, subiu 0,08%. Na última sexta-feira, fechou em queda de 1,63%, a R$ 5,0740. Na sexta-feira anterior, o dólar fechou a semana a R$ 5,1670.
Esse cenário provoca intenso sobe e desce das cotações do café em Nova Iorque. Em reais por saca, os contratos de café para setembro próximo na ICE fecharam, hoje, a R$ 1.476,28. Ontem, fecharam valendo R$ 1.468,87. Na sexta-feira passada, fecharam a semana a R$ 1.520,91. Na sexta-feira anterior, encerraram o dia a R$ 1.431,57.
No mercado físico brasileiro de arábica, os compradores diminuíram as bases de preços praticadas e tivemos uma semana praticamente sem negócios. O volume de negócios em agosto continua bem abaixo do usual para esta época de entrada de safra nova.
A colheita se aproxima do final e os cafeicultores brasileiros já não têm mais dúvidas de que a quebra da safra de arábica 2022 será acima do previsto antes do início dos trabalhos. Preocupados com o clima incerto e a quebra na colheita, os cafeicultores continuam vendendo apenas o necessário para fazer “caixa” e cumprir os compromissos mais próximos.
Preocupa a intensa onda de calor e seca que atinge toda a Europa durante este verão do Hemisfério Norte. A seca está causando uma enorme perda de produtos agrícolas e outros alimentos. A França está enfrentando, nesta semana, a sua quarta onda de calor do ano, em meio ao que o governo descreve como a pior seca já registrada no país. As temperaturas chegaram a 40ºC na quinta-feira. No Reino Unido, onde as temperaturas atingiram um recorde de 40,3ºC em julho, o escritório meteorológico emitiu um novo alerta para “calor extremo” de quinta a domingo. O nível da água ao longo do Rio Reno, na Alemanha, corre o risco de ficar tão baixo que poderia se tornar difícil transportar mercadorias – incluindo itens energéticos críticos, como carvão e gasolina.
A "Green Coffee Association" divulgou que os estoques americanos de café verde totalizaram 6.223.285 em 31 de julho de 2022. Uma alta de 173.201 sacas em relação às 6.050.084 sacas existentes em de junho de 2022.
Até dia 19, os embarques de agosto estavam em 958.869 sacas de café arábica, 19.707 sacas de café conilon, mais 103.449 sacas de café solúvel, totalizando 1.082.025 sacas embarcadas, contra 1.046.491 sacas no mesmo dia de julho. Até o mesmo dia 19, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em julho totalizavam 1.693.687 sacas, contra 1.582.888 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE do fechamento do dia 12, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 19, caiu, nos contratos para entrega em setembro próximo, 1.065 pontos ou US$ 14,08 (R$ 72,80) por saca. Em reais, as cotações para entrega em setembro próximo na ICE fecharam, no dia 12, a R$ 1.520,91 por saca, e hoje, sexta-feira, dia 19, a R$ 1.476,28. Hoje, nos contratos para entrega em setembro, a bolsa de Nova Iorque fechou em alta de 125 pontos. No mercado calmo de hoje, são as seguintes cotações nominais por saca para os cafés verdes do tipo 6 para melhor, safra 2022/2023, condição porta de armazém:
R$ 1380/1400,00 - CEREJA DESCASCADO – (CD), BEM PREPARADO.
R$ 1300/1330,00 - FINOS A EXTRAFINOS – MOGIANA E MINAS.
R$ 1280/1300,00 - BOA QUALIDADE – DUROS, BEM PREPARADOS.
R$ 1260/1280,00 - DUROS COM XÍCARAS MAIS FRACAS.
R$ 1220/1260,00 - RIADOS.
R$ 1180/1200,00 - RIO.
R$ 1180/1200,00 - P. BATIDA P/O CONSUMO INT.: DURA.
R$ 1180/1200,00 - P. BATIDA P/O CONSUMO INT.: RIADA.
DÓLAR COMERCIAL DE SEXTA-FEIRA: R$ 5,1680 PARA COMPRA.