Por Mariana Proença
O sistema de barter - troca de café por produtos – foi o que mais se viu nos corredores da 17ª Feira de Máquinas, Implementos e Insumos Agrícolas (Femagri), realizada entre os dias 21 e 23 de fevereiro, em Guaxupé (MG). Promovida pela Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), a Femagri teve como tema a “Produção responsável para uma cafeicultura de sucesso”.
Com 130 expositores e a participação de mais de 14 mil cooperados da Cooxupé, além dos visitantes da região, que somaram mais de 35 mil visitantes no total, o evento tem como marca a negociação de insumos, maquinários e outros produtos antes do início da safra.
De acordo com José Eduardo Santos Júnior, superintendente de desenvolvimento do cooperado: “vale a pena facilitar para o cooperado para que ele tenha uma melhoria de renda”. Com este objetivo, muitas marcas chegam para expor com preços especiais e aceitam a troca de café por produtos.
Segundo a Cooxupé, na safra passada, em 2017, das 3 milhões de sacas que a cooperativa comprou, 700 mil vieram pelo sistema de barter. “Neste ano, uma das novidades é que para alguns equipamentos estendemos o parcelamento de três para quatro anos e isso, sem dúvida, foi um bom incentivo para o produtor”, explica José Eduardo.
Para a cafeicultora de Divinolândia (SP), Neusa Helena Nogueira Miranda, cooperada Cooxupé desde 1988, o importante é comprar pelo menos um equipamento por ano. Ela e a família tem na propriedade do Sítio Santo Antônio a garantia de que vão colher café, por isso optam pelo sistema de barter. “Comprei uma secadora de café em três anos pela troca de sacas e agora estou vendo uma beneficiadora e uma pulverizadora”, conta Neusa que pesquisava o preço e a qualidade dos produtos nos estandes junto com toda a família.
No Sítio Boa Vista, dos irmãos Juscelino e Joel Ferrera, em Monte Belo (MG), também a opção foi pelo barter. Segundo eles, que são cooperados há cinco anos, o sistema ajuda a investir em secador, máquina de beneficiar e no lavador. A média de 25 sacas ao ano para o barter ajuda a família a fechar negócio: “temos uma garantia de preço”, explica Juscelino. Eles também usam o barter para insumos, item que, segundo eles, é muito utilizado na propriedade.
O presidente da Cooxupé, Carlos Alberto Paulino da Costa, explica que o “câmbio é fator de interferência e uma variável importante para o café”, por isso alguns produtores optam pela troca da saca, o que diminui alguns riscos.
Resultados e previsões
Durante a coletiva de imprensa, Paulino também destacou “não ver risco de falta de café e que a produção será suficiente para atender ao mercado interno e externo”, apesar também de ter ponderado que a questão climática sempre acaba por influenciar e que o “café é um ser vivo. Cada ano é uma realidade”.
Anualmente, a Cooxupé faz um levantamento na sua região de atuação de previsão de produção de cafés arábicas com 80 técnicos no campo e 4 mil propriedades monitoradas. Para a próxima safra, segundo Paulino, está previsto 19,9 milhões de sacas na área da Cooxupé: “acredito que estatisticamente represente o Brasil. A previsão de 2018 está ligeiramente inferior a 2016, quando foram colhidas na área da Cooxupé, 20,6 milhões de sacas”.
Outro ponto destacado por Paulino: “Fizemos uma pesquisa com os cooperados que estão crescendo. Aqueles produtores que crescem participam de eventos. O indivíduo que vem num evento sempre sai sabendo mais do que quando ele entrou. Sempre troca ideia com outro colega, recebe uma informação de um vendedor. O produtor rural no geral leva uma vida muito restrita e os que estão aqui com certeza vão reverter o conhecimento para produzir café de melhor qualidade, com mais produtividade, mais cuidado com o meio ambiente”, avalia.
O próximo evento da Cooxupé será em Coromandel, no Cerrado Mineiro, dias 21 e 22 de março de 2018.