Nesta sexta-feira (10/12) o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou sua análise do comércio exterior do agronegócio brasileiro, com dados de novembro. Enquanto a balança comercial total (com produtos de todos os setores) registou déficit de US? 1,3 bilhão, a balança comercial do setor apresentou superávit de US? 6,9 bilhões. No acumulado do ano, o setor registrou saldo positivo de US? 96,6 bilhões, ou seja, US? 14,8 bilhões acima do acumulado no mesmo período do ano passado. Por outro lado, os demais setores da economia apresentaram déficit de US? 39,5 bilhões de janeiro a novembro deste ano.
Em novembro, as exportações do agronegócio somaram US? 8,4 bilhões, um crescimento de 6,8% na comparação com o mesmo período do ano passado. As importações do setor cresceram 10,5% frente a novembro de 2020, atingindo US? 1,4 bilhão no mês.
A safra recorde da soja motivou o resultado positivo do setor em novembro, com crescimento de 80,2% em quantidade e 150% em valor frente ao mês de novembro do ano passado, enquanto o óleo de soja - que tem menor participação que a soja em grãos, mas que está entre os principais produtos exportados - teve alta de 965,8% em quantidade e 1.653,5% em valor.
Além da queda nos preços das carnes, em novembro, houve baixa acentuada no milho, no algodão e no café - 49,6%, 50,1% e 35,7% em quantidade e 41,7%, 42,0% e 0,9% em valor, respectivamente. O açúcar exportado apresentou queda apenas na quantidade (8,2%). As exportações do café e açúcar foram impactadas pela restrição de oferta, resultado dos problemas climáticos e da bienalidade negativa - no caso do café - na última safra. A dificuldade de encontrar fretes marítimos e a resistência dos compradores internacionais em fechar as compras com altas cotações agravaram também a comercialização desses dois produtos.
A exportação dos principais produtos do agronegócio apresentou crescimento significativo em termo de valor, com exceção do milho, no acumulado do ano, na comparação com o mesmo período de 2020. Em quantidades, as quedas mais significativas foram no milho (-42,5%), no açúcar (-8,8%) e na carne bovina (-8,1%).
Os preços médios dos produtos do setor, que já apresentavam sinais de melhora nos meses anteriores, em novembro, estiveram acima dos praticados em 2020. Na comparação com novembro do ano passado, alguns desses produtos tiveram crescimento superior a 33% no valor: café (+54,1%), soja em grão (+38,7%) e carne de frango (+33,4%). Essa recuperação mostra que a alta dos preços internacionais das commodities foi percebida nas mercadorias embarcadas no Brasil.
A pesquisadora associada do Ipea, Ana Cecília Kreter, que redigiu a nota em coautoria com Rafael Pastre, destaca que para as proteínas animais, a tendência é de desaceleração do crescimento, com preços ainda em alta no primeiro trimestre de 2022 e que 2021 tem sido um ano de apreciação de preços no mercado internacional, com efeitos equivalentes no mercado interno. "Entre os principais fatores apontados pelas altas observadas este ano, encontram-se: a demanda aquecida, principalmente de grãos e proteínas animais, o comprometimento de algumas safras, como a de café e de açúcar, e as dificuldades logísticas", avaliou.
Para o diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea, José Ronaldo Souza Júnior, "essa análise contribui para uma visão mais detalhada do setor agropecuário, que vem ganhando relevância no cenário internacional ao longo dos anos", examinou. "As exportações do agronegócio são fundamentais para o resultado positivo da balança comercial brasileira. Sem isso, o país teria déficit", conclui o diretor.
As informações são do Instituto de Economia Aplicada